prologo

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-irmanos chegamos á América...

pessoas gritavam extasiados me fazendo acordar confusa, e com os braços doridos pelo abraço apertado que dava á minha irmã.

estávamos com fome, o único pão que eu consegui furtar de um dos viajantes sem ele dar por conta ,dei a matilda para comer. éramos imigrantes ilegais , mas com fé de começar uma vida digna nos estados unidos.

éramos carregados dentro de um camião de carga como porcos fedorentos, crianças, adulto,idosos e adolescentes como eu. com 16 anos tinha perdido tudo.

fui deixada na rua com 9 anos com uma bebê nos braços eu sequer tinha nome, Paola era o nome que uma senhora na cuba que me deu alimentos para comer e leite para minha irmã me designou.

"sú nombre chica?"

ela perguntou e eu neguei com a cabeça eu não tinha nome, eu não era ninguém, eu não existia.

"então você vai ser a Paola, e sua irmã, bom como você gostaria que ela se chamasse?"

ela me perguntou, e eu tremi de medo, porque do dia para noite eu tinha uma identidade. eu era alguém, e a bebê no meu colo agora era matilda.

e desde esse dia nós nunca mais á vimos, era duro viver e crescer nas ruas, com 14 anos era duro se esconder quando meu corpo começou a se desenvolver, tinha medo de ser estuprada.

os homens já me olhavam de maneira diferente, minhas curvas, meus cabelos ondulados e longos , minha pele morena,como caramelo.eu nem sabia direito minha data de aniversário mas contava os anos.

em um dia quente, enquanto revirava o lixo crendo que encontraria algo para comer,quando vi um camião cheio de pessoas, que diziam que iriam começar uma nova vida, meus olhos brilharam e com 16 anos, eu me espremi no meio das pessoas com minha irmã no colo e subi para dentro do camião, em busca de esperança.

-Paola!

minha irmã me chama silenciosamente

-chegamos na América?

ela pergunta e eu sorrio, poderíamos ter uma vida digna ,poderíamos ser alguém.

-sim chegamos!

todo mundo se preparou para descer, e quado abrirão, todo mundo assustou era de noite e estávamos no meio do mato, mas ninguém reclamou.

-desçam, agora estão por conta própria.

o motorista falou sem importância e saiu rapidamente.algumas pessoas caminhavam para longe mesmo sem conhecer, peguei minha irmã no colo, caminhando na escuridão da mata , mas senti passos, e ouvi vozes, vozes de homens e isso me assustou.

me abaixei com minha irmã, mas nossas respirações ofegantes nos entregaram.

senti meu cabelo ser puxado.

-olha só o que encontrei aqui pessoal, mas uma morta de fome! vamos andando!

mierda! eram guardas da fronteira.

ele gritou e eu apertei meus olhos , com medo. eu não entendia direito o inglês, eu mal sábia escrever em espanhol,ele me arrastou junto com minha irmã e nos colocou dentro de uma gaiola que estava na carrinha.

e como animais fomos levadas.abraçava minha irmã forte limpando suas lágrimas.

-calma mi amor,esta todo bien.


A morta de fome || Matheo BetrovicWhere stories live. Discover now