Capitulo 1: Roshlyn

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-Meu lorde... eu imploro que reconsidere sua decisão. Deixe-me seguir minha vocação...Eu não serei capaz de u viver um casamento quando vossa Majestade autorizou minha incursão na vida religiosa!
O rei Roland olhou com desprezo para a filha aos seus pés, completamente humilhada.
- Sim, você será, Roshlyn. Esse é o seu papel. Você  foi criada para isso. Não posso declinar da proposta do maldito rei Derek. Ele pôs os olhos em você no banquete e pediu sua mão perante ao tribunal real. Um excelente acordo por  sinal. Você terá que cumprir seu destino, ou ele simplesmente vai declarar guerra ao meu reino, e no momento meu reino está combalido e meu exército enfraquecido, e é isso... que se cumpra.
Roslyn chorava baixinho ajoelhada no chão. Seu  sonho de ser freira colidiu com os interesses de seu pai. Ate um ano atrás, ninguém parecia se importar com o que ela pensava ou queria, até  que esse desconhecido, o rei de Craig, a pediu em casamento, e seu pai providenciou um acordo de noivado onde ele daria um dote, mas o rei de Craig cederia algumas terras a Havema.
Pelo pouco que entendia, o rei de Craig e seu pai teriam feito um juramento de fidelidade, onde Derek teria direito aos seus bens, mas o pai, negociou de tal maneira que ele também saísse ganhando com a posse de um feudo, tornando assim  o rei de Havema, vassalo do Rei Derek.
Roshlyn se sentia como uma escrava sendo vendida no mercado central.
Então num último e desesperado gesto de súplica, falou:
- Meu pai... por favor, eu vos peço...
Havia muitos anos que Roshlyn não chamava o poderoso rei de Havema de pai. Ele era seu único parente próximo,  já que seus seis irmãos haviam se casado e ido em morar em suas próprias terras, tornando-se vassalos do pai.
Desde  que se entendia  por gente, a sua relação com o rei sempre havia sido comum a várias donzelas solteiras da época: de servidão e obediência.
Ela  foi criada por  amas e depois que sua mãe morreu, pelas várias amantes do rei, que a tratavam com indiferença e muitas vezes com abusos físicos.
Toda essa negligência, a fizera desenvolver um comportamento reservado  e introspectivo.
Na solidão em que vivia, trancada dentro do castelo, ela acabou encontrando na religião, uma forma honrosa de viver.
Desde muito menina, aprendeu com o Frei Caiside a ler, escrever e contar. O restante do tempo, ela se dedicava  às causas da igreja, preparando desde os dez anos,  a comida que era oferecida a peregrinos, viajantes, além de alguns camponeses que moravam próximos ao castelo, que viviam em situação desfavorável, pois seu pai, apesar de ser  o senhor feudal de suas próprias terras, não se interessava pelo bem estar dos seus  vassalos.
Ela ainda cuidava das vestimentas dos freis  e monges com suas próprias mãos, o que deixou a nobreza do reino literalmente chocados, pois ela era uma princesa, e devia se dedicar aos festejos da corte real, que  em Havema,eram muito  extravagantes e exagerados.
Roshlyn se sentia invadida, pois foi sempre menosprezada por ter nascido mulher entre seis irmãos. Agora, precisava se casar para o reino poder sustentar  riqueza e prestígio. Ela era uma excelente moeda de troca. E já estava ficando velha demais para o casamento. Já estava na casa dos vinte e nenhum nobre havia se interessado por ela.
Roshlyn não era considerada uma beldade. Se vestia  praticamente em andrajos, fazendo votos de humildade e de pobreza, e todos a achavam extremamente sem nenhum fogo interior, causando inclusive repelência em alguns nobres da corte real.
Era de consenso geral que no final das contas, ela havia dado sorte do rei de Craig, um homem poderoso e conhecido pela beleza e conquistas, querer fazer negócio com uma princesa como Roshlyn, podendo escolher entre inúmeras beldades dos treze reinos.
O rei Roland pegou a filha pelo braço e a sacudiu para que ela levantasse. 
- Levante-se! Não  seja ingrata! Não me importa se você quer virar uma mártir da igreja. Tudo tem o seu tempo. E o tempo agora é de você retribuir tudo que eu te proporcionei.Você sabia que quando tivesse a idade para se casar, eu negociaria o melhor casamento para você. Aquele idiota do filho de Grosseline não serviu pra nada! Morrer de gripe! Um fraco.
O filho do rei Grosseline foi o prometido de Roshlyn desde que ela tinha  12 anos.
Quando completou 16, e com todo o casamento marcado, o futuro noivo faleceu.
Roland havia ficado irado, pois na negociação perdeu vários moedas de ouro e terras.
Passados, três anos, seu pai havia se esquecido de casamento, envolvido em orgias e amantes.
Até ali, ela havia  conseguido escapar.
Mas parece que sua liberdade tinha chegado ao fim.
Roshlyn continuou tentando argumentar com o pai.
- Quero me  tornar noviça. A Abadessa Dionisía, me espera no convento de Jaffrez...
O rei já sentado no seu trono  gargalhou, mas seu olhar era duro como aço.
-O que esses malditos freis andaram te ensinando além de ler? Te ensinaram a me desafiar? Você não tem querer. Que a abadessa vá para o inferno.Você tem que simplesmente obedecer, milady. Mulheres não sonham, obedecem. Princesas não sonham, elas fazem o que é melhor para o seu reino.. Antes de ser seu pai, sou seu rei, e encerramos por aqui.
Os olhos de Roshlyn estavam ardendo de tanto chorar. Sua vontade era entrar num rio mais próximo e acabar com a sua vida. Mas a sua fé não permitia uma heresia dessas.
Precisava abrandar sua alma para assim abrandar seus pensamentos, que naquele momento, eram os piores possíveis.
Resignada, ela levantou-se. sua fé a daria força e alento para cumprir com a decisão real.
Roshlyn fez uma reverência e saiu sozinha da sala do trono. Ela não tinha dama de companhia. Não se lembrava mais se havia sido uma decisão sua, ou das mulheres-damas da nobreza que não queriam contato com ela, por achá-la soturna.
O rei Roland olhou para a filha com desprezo.
Como ela ousava querer a sua aprovação para o casamento?
No banquete das rosas, que acontecia  em Havema a muitos anos, vários reis dos treze reinos compareciam  à cerimônia. Na primavera de um ano atrás, o rei de Craig havia comparecido aos festejos. 
Roland alisou seu vasto bigode. Sim! Ele fizera um excelente negócio! Agora sua casa estava ligada ao poderoso reino de Craig.
Derek era conhecido como o rei profano. Gostava de bebidas e mulheres, era frequentador de tabernas e camas de prostitutas. Ele tinha uma aura de poder e perigo.
Mas ao mesmo tempo, era um rei com muitas terras produtivas e era herdeiro de uma vasta fortuna deixada por seu pai.
Roland nunca poderia supor que o rei de Craig comparecesse à cerimônia das  rosas.
Mas ele veio.
Não somente veio, como havia solicitado uma sessão com a corte real e lá, sem meandros, pediu a não da princesa Roshlyn em casamento.
Essa atitude chocou  a todos, inclusive  a ele. Mas...como  dizer não a um rei que detinha as maiores  porções de terras  do lado sul da suas propriedades?
Como dizer não quando seus cofres estavam vazios?

O Rei ProfanoWhere stories live. Discover now