Capitulo 39: Espera por mim, minha flor

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Derek tinha na sua comitiva um cavaleiro que era especialista em vestígios de animais. Porém a forte tempestade tinha destruído qualquer rastro que pudessem seguir. O emocional de Derek estava abalado diante daquela situação sinistra que vivia.
Num momento estava se sentindo o homem mais realizado do mundo com um reino próspero, amigos por perto, um negócio rentável a longo prazo, sua mãe recuperando a saúde e  era marido da mais doce companheira que poderia ter escolhido, e no outro momento, estava vivendo esse inferno de angústia e medo.
Sem saber como, o rei de Craig conhecido por ser um homem volúvel, um cafajeste para alguns, sentiu pela primeira vez desde a sua primeira infância, lágrimas descendo de seu rosto.
Ele não podia perder Roshlyn. Ela lhe trouxera o equilíbrio que lhe faltava, lhe  trouxe paz, lhe trouxe conforto e lhe ensinava todos os dias que a fé podia mover  montanhas.
Sim! Lá estava ele, o rei profano, totalmente desesperado por resgatar a sua mulher de vis  algozes, totalmente desconhecidos e sagazes, pois conseguiram enganar a todos.
Ele  remoía sentimentos de culpa e pavor. Sinceramente, não sabia  do que seria capaz quando colocasse as  suas mãos em cima das  pessoas  que fizeram isso com Roshlyn.
E se Henriet estivesse metida nisso de alguma forma, ele iria cumprir com o  seu prometido. Ah! Cumpriria, sim. Ela será enforcada em praça pública!
Cornell se aproximou do amigo,  com Amis, seu cavalo de guerra e equiparou a  sua montaria com a dele.
-Nós vsmos achá-la Dek.
O rei de Craig, olhou para o amigo que deveria voltar para seu reino,  para sua mulher e seu filho, mas estava ali por ele.
-Eu não sei o que farei se isso não acontecer. Ou se chegarmos tarde demais.
Cornell entendia o que o amigo estava passando. Ele mesmo teve a pouco tempo a experiência de quase perder a mulher amada.
-Eu sei o que você está sentindo. Mas vamos nos concentrar, eles não devem estar longe, e as montarias deles não são treinadas como as nossas. As estradas também não estão ajudando, mas nós vamos vamos encontrá-la.
Tenha fé.
Derek assentiu para o amigo. Precisava se agarrar  a alguma coisa, pois não estava conseguindo pensar direito. Sem perceber, Derek virou seu rosto  para o  céu, sentindo os pingos da chuva  caindo sobre seu rosto.
-Permita que nada aconteça com ela. Eu te peço, um sinal por favor...
Sentindo-se derrotado, Derek se agarrou a um lenço de Roshlyn que  havia colocado  dentro da sua armadura.
O cheiro da  sua mulher o fez fechar os olhos com força.
-Espera por mim, minha flor, estou chegando...
Nisso, o cavaleiro que ia na dianteira, voltou cavalgando ao contrário, em disparada.
-Milorde! Encontramos um cavalo abatido a frente! Parece que ele atolou na lama e quebrou a pata,. Alguém o abateu.
Derek saiu galopando velozmente até chegar ao local onde o cavalo jazia.
Ele desmontou e se aproximou  de onde o outro cavalo estava e colocou  a mão sobre o dorso do animal.
-Está quente ainda. Eles não devem estar muito longe. Vamos nos separar a partir daqui. Gerould vá com seu pelotão pela floresta, Theo siga com ele, meu amigo.Cornell pode seguir pela rio, e eu e minha tropa seguiremos pela estrada. Nos encontramos na clareira de Horn.
...
Roshlyn estava apavorada com o que estava lhe acontecendo. Poderiam passar mil anos e ela nunca esqueceria o pavor que sentiu ao acordar e estar na montaria junto de um homem desconhecido. A tempestade os atingiu fazendo com que tivessem que parar uma infinidade de vezes.até que o cavalo do homem chamado Milo, quebrou uma das patas e atolou no barro da estrada. Milo montou junto com o outro homem , fazendo com que Roshlyn andasse a pé,  no meio do lamaçal, sobre a forte chuva. Roshlyn estava exausta, sem entender o que estava acontecendo, sem entender o porque de ter sido raptada e estar passando por esse martírio.
Eles iam cada vez mais devagar. Roshlyn havia caído várias vezes no percurso. Seu vestido de seda que havia vestido para agradar o marido estava destruído, mas ela dava graças a Deus por ainda ter forças para caminhar.
Rezava para que Derek a pudesse encontrar, pois não suportava mais dar um passo, até que sentiu uma dor indescritível nas costas.
O homem maior de pele de oliva, que ela reconheceu como o chefe dos rom, havia lhe dado uma chibatada para que ela andasse mais rápido. Roshlyn caiu. A  dor  era insuportável. A seda fina do seu vestido rasgou, e o ferimento feito pelo chicote ficou exposto ao tempo e a chuva.
Sem forças, ela olhou para os homens montados no cavalo e balbuciou:
-Porque estão fazendo isso?
Boris a olhou com desprezo. A mulher estava em péssimas condições.Ele considerava que seu trabalho estava no fim. Entregaria ela a Henriet e a mulher que fizesse o que bem entendesse com a rainha Gadji.
Estava livre da  tarefa e por conseguinte livre de Henriet. Havia vendido  a Gadji por um par de moedas de prata. Quando chegasse a clareira, seguiria adiante para encontrar o seu povo, e continuar a sua vida de nômade.
-Já saberá.
Alguns minutos depois chegaram a  uma clareira. Embaixo de uma tenda maltrapilha estava uma mulher com tinta escorrendo pelos cabelos e com uma massa cinzenta se desmanchando em sua pele.
Ela mal teve tempo de se recuperar da surpresa e reconheceu a antiga criada e amante de Derek, Henriet.
A mulher estava ferida no rosto e tinha manchas por todo o corpo como se tivesse participado de uma luta. Ela olhou para Roshlyn com ódio e imediatamente avançou sobre ela, atacando-a com chutes e batendo no seu rosto inúmeras vezes com toda a força do seu ódio.
Roshlyn levantou os braços para se defender. Suas forças estavam prejudicadas, mas não  deixaria aquela mulher lhe sovar a cara, sem fazer nada para proteger a si  mesma.
-Saia em cima de mim, imediatamente!
Henriet ao ouvir o comando imperioso na voz da rainha,  parou e colocou as mãos na cintura, e disse com escárnio.
-E se  eu não sair? O que milady vai fazer?
Era a primeira vez que Roshlyn ficava cara a cara com Henriet. Haviam se cruzado algumas vezes pelos corredores do castelo, mas agora estavam frente a frente e o que ela via era uma mulher rancorosa, vingativa, capaz de fazer tudo em nome do ódio que sentia.
-Porque armou tudo isso Henriet?
A criada começou a gargalhar histericamente, enquanto os três homens ouviam tudo e esperavam impacientes.
-Agora sabe meu nome milady ?
Boris cuspiu no chão. Queria acabar logo com aquilo, mas parecia que Aurora não estava com nenhuma pressa, mas ele precisava  sair dali o mais rápido possível. E, não pensou duas vezes, antes de montar em seu cavalo e se despedir de seus amigos.
-Asdeulês, pajos.
Milo encarou o chefe com cara de poucos amigos.
-Vai me deixar pra trás Boris? Meu cavalo está morto, como vou chegar até as Tséras?
Boris sorriu e seu dente de ouro brilhou b"na escuridão
-Corra! Nos vemos em breve! Malaxeriats! Boa noite pra vocês Gadji.
E dizendo isso, partiu em disparada deixando os quatro  estupefatos  se olhando como espectros da noite. Então, Henriet tirou de sua cintura uma faca, e olhou assustadoramente para Roshlyn que estava em pé, cambaleando, completamente coberta de lama,  desgrenhada, com os cabelos soltos e pronta para lutar pela sua vida.
-Não! Ela não ia morrer ali, no meio daquela floresta! Não depois ter conhecido uma vida perfeita para si.
-Pense bem no que vai fazer, Henriet . Se fizer isso que está pensando em fazer, reflita bem, pois ira matar a rainha de Craig e certamente estará morta  em menos tempo do que imagina Pra que tanto derramento de sangue?
Henriet começou a rondar em volta de Roshlyn
-A rainha de Craig? A rainha de Craig deveria ter sido eu! Eu! Eu dormi com o rei desde que tinha dezessete anos! Sempre fui sua favorita, e então ele ficou noivo e olha quem apareceu? Você! Eu a odeio  com todas as minhas forças, entendeu? E vou acabar com essa sua cara branca de estrangeira.
Roshlyn estava com o coração batendo muito forte. Oh senhor! Onde estará Derek? Ela estava machucada e sem forças para encarar uma luta com uma mulher ciumenta e armada.
O que poderia fazer para acalmar a ira daquele coração?
-Eu não tive culpa Henriet. É assim que as coisas funcionam no nosso tempo. Reis casam com princesas. São casamentos arranjados..
-Cale-se! Seu casamento pode ter sido arranjado, mas se transformou não é mesmo? Ele dorme com você não é? E vocês fazem sexo para gerarem filhos, estou certa?
A rainha de Craig não respondeu. Em seus pensamentos, apenas rezava e pedia aos céus que aquilo acabasse logo.
-Milo! Quer experimentar como é se deitar com uma rainha de sangue azul?
Milo que estava afastado das duas mulheres, se interessou por aquele convite. Coçando a barba, olhou para a bela mulher a sua frente coberta de lama dos pés a cabeça. Valia a pena tentar...
Então, o homem se aproximou de Roshlyn com um desejo voraz nos olhos, e quando ela menos esperava, ele rasgou o seu vestido deixando seus pequenos seios à mostra
Roshlyn deu um grito desesperado e Henriet gargalhou de prazer ao ver o desespero da estrangeira.
-Grite o quanto quiser coelhinha. Vá pela frente Milo, para quem sabe, você ser o pai de um príncipe real...
Roshlyn se abaixou de costas para eles e quando viu a mão se aproximando, ela entregou sua vida a Deus.
Antes que pudesse perceber o que acontecia, um jato de sangue espirrou em seu rosto e ela viu a cabeça de Milo rolando até os seus pés. Roshlyn não conseguiu no primeiro momento entender o que tinha acontecido, mas aliviada viu que estavam cercados por cavaleiros com armaduras e em cima um cavalo branco estava seu marido, o rei Derek com a espada no ar suja com sangue .
Ela nunca vira o marido daquela forma. Parecia um selvagem enlouquecido, um vingador sem nome,mas quando ele desceu do cavalo tirando o seu manto, e cobrindo seu corpo descido, ela viu todo o amor do mundo naqueles olhos.
Então Derek virou-se para o outro cigano que já estava detido entre dois cavaleiros.
-Peça perdão a rainha de Craig.
O cigano o olhou com desdém.
-Nunca! Eu tenho meu próprio rei e minha rainha. E não e você e nem ela...
Derek não esperou ele terminar de falar e enfiou a espada no meio do coração do homem, e virou as costas quando ele deu o seu último suspiro.
Agora, era  a vez de Henriet que estava com os dois braços presos entre Gerould e um outro cavaleiro.
-Você ! Como pode fazer isso Henriet?
Entretanto, Henriet estava furiosa e não tinha mais medo do que iria lhe acontecer. Sua vingança não tinha dado certo, entretanto,  ela viu o pavor nos olhos da estrangeira, e aquilo lhe bastava por hora. O que lhe acontecesse dali por diante, não importava mais. Sua morte era certa.
-Eu a proibi de voltar a Craig, e você não somente voltou como ainda por cima., armou um plano para raptar e matar a rainha de Craig,como pôde fazer isso?
Henriet parou de tentar livrar-se dos braços fortes dos cavaleiros e com desprezo lhe lançou suas palavras amargas.
-E você? O que fez comigo? Você se casou com essa dai, me abandonou como se eu não existisse, me trocou por essa estrangeira e me expulsou do reino, como se eu não valesse nada. Eu, te dei os melhores anos da minha vida c o que recebi em troca?
Derek a olhava friamente. Como pôde um dia, desejar essa mulher com todas as suas forças?
-Eu te dei o que você mereceu Henriet. Você tentou matar a rainha, minha noiva e esposa! Eu não posso mais permitir que você viva neste mundo com este coração tão cheio de maldade.
Você sabia que seu destino estava selado, e não fui eu que o escolhi, foi você que fez sua escolha. Porque simplesmente não partiu e foi viver sua vida Henriet?
A criada o olhou cheio de ódio.
-Eu sempre odiei você. Seus privilégios, sua família. A única coisa que eu queria era um filho! Um filho bastardo como esse ai-_Disse a mulher apontado para Theo, que imediatamente recebeu suas palavras-chave o rosto inflexível e duro como pedra.
-Um filho para ter a boa vida que eu mereço ter.
Derek empunhou a sua espada e apontou para Henriet.
-Adeus Henriet.
Nisso, Roshlyn entrou na sua frente.
-Não meu rei! Não faça isso.! Ela é uma pobre mulher. Insensata, descontrolada, mas não faça isso, eu vos peço.
Sem entender, Derek olhou para a esposa. Seu estado geral era péssimo. Estava abatida e suja, e com várias manchas rochas no rosto, pescoço e mãos. Como podia lhe fazer aquele pedido inusitado?
-Ela não merece sua compaixão milady.
Roshlyn se aproximou mais dele e colocou as mãos em seu peito, sob a armadura, e lhe falou carinhosamente.
-Dê-lhe seu perdão meu rei. As escrituras dizem que não devemos odiar ninguém. O ódio e um sentimento muito forte e quem sofre mais, é quem odeia,  e não quem é odiado. Deixe-a ir para um exílio qualquer, longe daqui.
O coração de Derek amoleceu diante do pedido feito pela esposa Nesse momento, uma certeza invadiu seu coração: Ele a amava tão intensamente que seria capaz de fazer tudo por ela. Um pedido de Roshlyn era uma ordem.
Roshlyn percebeu que seu pedido tinha sido aceito e de mãos dadas com o rei voltou-se para Henriet.
-Ajoelhe-se e peça perdão ao seu rei.
Henriet a olhou com ódio e desprezo e sem que alguém pudesse impedi-la, ela rapidamente soltou suas mãos e pegou dentro de suas botas um punhal.
E com raiva bradou:
-Jamais!
Roshlyn virou os olhos para não ver Henriet sacrificar sua própria vida dolorosamente. Derek a abraçou. Seu mundo estava ali, nas suas mãos. Roshlyn era o seu mundo, a sua vida, o seu amor.
Devagar, ele a pegou no colo e não olhou para trás.
O seu tesouro estava ali, em seus braços e dando um beijo na testa de sua esposa, ele montou em seu cavalo dando a mão para que ela subisse na sua frente.
-Vamos para casa, minha flor.

O Rei ProfanoWhere stories live. Discover now