Capitulo 13: A Justa

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Os arautos bradavam em todas as direções o início das justas, encaminhando o público para os lugares de assento.
A justa consistia num duelo entre cavaleiros montados em seus cavalos  e armados com suas espadas  sem corte ou lanças sem ferro para não causar  grandes ferimentos nos combatentes.
O cavaleiro devia derrubar o oponente sem cair do seu cavalo e sem ferir o animal oponente, uma regra que devia ser cumprida a risca.
Na Justa de Craig, havia  cavaleiros de vários reinos, já que o torneio pagava ao vencedor uma pequena fortuna em moedas de ouro.
Toda nobreza estava reunida no pátio numa  tenda coberta com paramentos de brocado e veludo e algumas cadeiras de espaldares altos.
Posicionado no meio, estava o trono onde o rei se sentaria e as cadeiras ao lado estavam ocupadas pelos duques e príncipes  de diversos reinos e havia uma cadeira do lado direito vazia.
Aysha murmurou no seu ouvido:
-Aquela cadeira é sua Vossa Alteza. Sente-se.
Ela olhou para Aysha surpresa, sentindo de tremia dos pés a cabeça.

Sua cadeira ficava a direita do trono do rei!!

Aysha gesticulou para ela ir andando e entre olhares curiosos e um falatório geral, ela sentou -se ereta sem olhar para os lados.
Ao longe ela via os cavaleiros com seus cavalos  ricamente enfeitados com capas de veludo de brocado e com armaduras e elmos brilhantes.
Roshlyn não gostava de lutas. Nem que fossem apenas por diversão. Sempre que  havia justas em Havema, ela nunca participava. E agora estava ali na primeira fila, com o povo todo ao redor, medindo- a com  seus olhares.
Além do mais, o papa e a igreja condenavam as justas que podiam causar lesões perigosas e a morte dos combatentes.
Ela estava assustada demais. Sua boca estava seca e ela procurou algum olhar amigável onde pudesse se apoiar, foi então que o rei entrou e ela ouviu uma enorme saudação do povo de Craig.
Eles pareciam amá-lo. O rei levantou a mão num cumprimento cordial a todos que estavam ali.
Os nobres da tenda fizeram uma reverência e ele sentou-se puxando o manto vermelho para trás e sorrindo para Roshlyn sussurrou:
-O azul lhe caiu bem Milady.
Roshlyn corou. As palavras ditas num tom baixo a deixou desconcertada. Mas foi apenas um minuto,pois em seguida, todos estavam vidrados na primeira dupla de cavaleiros que entrou na arena.Inclusive, o rei.
As espadas foram modificadas, mas mesmo assim era extremamente difícil olhar dois homens se degladiarem em cima de um cavalo sobre aplausos e palavras de incentivo.
Roshlyn não gostava daquele espetáculo e internamente começou a rezar, pedindo que os anjos tomassem conta daqueles homens sem juízo.
Derek viu que Roshlyn estava com os olhos fechados, murmurando palavras em latim. Ela estava rezando!
Ele virou-se para o duelo com um sorriso nos lábios.
-Essa jovem era mesmo impressionante!
Ela estava apresentável com a capa azul. Derek achou que ela iria recusar seu presente, mas ficou satisfeito de vê-la usando e que a escolha tinha sido perfeita!
Voltou os olhos para o torneio e de longe viu Henriet conversando com um vendedor. Seu olhar sensual seduzia o homem. Ele podia ver.
-A mocinha não ficou satisfeita depois da noite  passada?
Derek aproveitou seu olhar e levantou sua taça de madeira com vinho e fez um gesto simbólico, brindando.
Logo depois se concentrou nas justas.
Roshlyn podia ver que o rei vibrava com a competição principalmente quando era seus cavaleiros que estavam duelando com o seu brasão.
Em poucos minutos, todos vibravam com gritos estonteantes até que o Príncipe Cassius cavaleiro do reino Baird, venceu a disputa contra  um cavaleiro de Craig.
O rei levantou-se de súbito e tirou o manto dos ombros se encaminhando para a arena.
O povo vibrava e gritavam palavras de incentivo ao seu rei. Derek sorriu satisfeito e foi até o local onde os cavaleiros ficavam enquanto um  pajem corria para ajustar sua armadura e seu elmo.
Seu cavalo já estava a sua espera, devidamente paramentado para a ocasião.
Roshlyn ficou extremamente angustiada. Ela sabia que outros reis haviam padecido e morrido na arena de justas, isso poderia acontecer com ele também! Ninguém estava livre de sofrer uma lesão numa atividade perigosa como essa.
Os pensamentos de Roshlyn foram para o passado quando o seu ex noivo faleceu.
E se o rei Derek falecesse também?
-Eu ficaria livre do meu compromisso!
Condenando seus pensamentos impróprios, ela olhou para o rei já montado em seu cavalo e com sua lança em punho. Ele era realmente imponente! Sua masculinidade pulsava mesmo sobre  sua pesada armadura.
-Não. Ele não precisa morrer! Ele não pode morrer! É tão jovem... e...e...
O arauto o anunciou e Roshlyn deixou de pensar para estar olhando o duelo com  atenção.
A vibração geral era a favor do rei de Craig. E a cada galopada que antecedia um golpe, o coração de Roshlyn parecia que ia saltar pela sua boca.
O povo gritava a cada lance de coragem e ousadia do rei. Mas para Roshlyn  era muito difícil assistir a este  duelo! Sua vontade era sair dali e voltar correndo para o silêncio e segurança do seu quarto.
Depois de alguns minutos, o oponente partiu para cima de Derek com uma cólera obsessiva.
Sem saber o que acontecia, ela voltou-se para os lados, e ouviu que o Príncipe Cassius sempre  fora um oponente vigoroso  e que  levava para a arena, acontecimentos ocorridos fora dela.
O duelo ficou mais perigoso a medida que Cassius procurava atingir Derek  no peito e no rosto que era uma clara violação das regras.
Mas Derek era um exímio cavaleiro e lutava com habilidade, levando o oponente a levantar o seu elmo, numa clara demonstração que deixava a luta.
O povo aclamou com gritos histéricos s a vitória do rei. Os aplausos não paravam e a banda marcial começou a tocar, enquanto o rei marchava em seu cavalo em direção ao público.
Foi então que Roshlyn viu Henriet no meio do povo olhando  para o rei  com  adoração e mandando-lhe beijos discretos com as mãos.
Ele passou direto e foi até a tenda, onde os nobres o saudaram con uma reverência e sorrisos de satisfação.
Então ela olhou novamente para Henriet. Ela a olhava com um brilho de raiva nos olhos.
Roshlyn a olhou paralisada.
-Esse era o olhar das amantes de Reis?
Ela conhecia esse olhar muito bem. Havia visto vários deles para a sua mãe e até para ela mesmo.
Roshlyn estava tão focada na  perversidade daquele olhar  que não notou que Alicia lhe entregou um lenço de seda e murmurou em seu ouvido.
-Milady, entregue a sua majestade.
Roshlyn apertou o lenço na mão. Todos a olhavam na expectativa. Um burburinho tomou conta do local quanto mais ela demorava para a entrega.
Deu dois passos à frente e olhou para  os olhos de Derek  que estavam expostos através do elmo.
O rei retornou o olhar e Roshlyn sabia que ele estava sorrindo.
Ela estendeu a mão e lhe entregou o lenço com os olhos baixos.
Todos os presentes bradaram um grito de alegria e as palmas se estenderam por um longo tempo.

O Rei ProfanoWhere stories live. Discover now