Capitulo 34: Vingança á vista

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Henriet saiu do castelo de Craig com o sentimento de  vingança latente em sua mente. Em seus pensamentos ela planejava mil formas vis  contra Derek, Roshlyn ou qualquer outro membro daquela maldita família.
Na sua partida de Craig, ela foi acompanhada de uma comitiva de cavaleiros até a fronteira com Havema, com a ordem restrita de que estava proibida de retornar a Craig por cinco gerações.
O rei havia mandado lhe entregar um alforge com umas moedas de prata  para que ela pudesse se hospedar em alguma taberna e pudesse recomeçar uma nova vida bem  longe de Craig.
Sir Gerould foi categórico em dizer para ela, que havia conseguido aquela benevolência do rei, através da compaixão da rainha, que havia intercedido por ela quando soube da sua expulsão.
Henriet fungou alto.
Então deveria agradecer a maldita estrangeira por estar vivendo nessa pocilga, comendo uma vez por dia e agora, servindo bêbados e andarilhos?
-Pois bem! Ela não perde por esperar!
Enquanto lavava os pratos, olhou pela janela pequena da cozinha, e viu se aproximando pela estrada uma comitiva  de carroças. Assim, como ela, os moradores da vila  saíram  de suas casas curiosos,  para verem de perto os forasteiros.
Henriet se interessou pela comitiva e saiu para fora, enxugando as mãos em seu avental.
Eram  aproximadamente umas dez carroças carregando pessoas e mantimentos. Ao lado, caminhavam algumas  mulheres e crianças com roupas esfarrapadas e rostos cansados.
Quando a comitiva parou,  um homem alto e pele cor de oliva, desceu de uma das carroças e começou a falar:
-Senhoras e senhores! Hoje, essa vila verá a maior  apresentação musical de suas vidas. Contamos com vossas presenças na praça, ao anoitecer. Todos serão bem-vindos!
Henriet bateu palmas com alegria. Sentia falta das festas no castelo. Os moradores da vila faziam uma grande fogueira e a boa comida compartilhada em uma mesa enorme onde todos podiam se servir.  Os moradores mais simples e os criados do castelo, dançavam, cantavam,  e dançavam a noite toda,  as melodias alegres dos trovadores.
A alegria de Henriet foi tanta que chamou a atenção do líder do grupo.
Ele tinha a pele cor de oliva e era muito alto. Não era bonito, mas um tinha um charme meio sinistro e um ar de perigo que atiçou os instintos da mulher.
Ele lhe cumprimentou com a cabeça e Henriet prontamente  retribuiu com um sorriso sedutor.
Então, ela sentiu um safanão no seu ombro. Era Angus seu patrão, que lhe batia sempre que podia e depois a encurralava pelos cantos, bolinando seus seios e apalpando suas nádegas
-Sossegue mulher! Esses aí são os rom.
Henriet perguntou curiosa, enquanto massageava os ombros doloridos.
-Rom? O que é isso?
Angus cuspiu no chão com desprezo.
-Ciganos, filhos de Caim. Essas pessoas não são confiáveis. Não se junte a elas.
Henriet sorriu debochada.
-Filhos de Caim? Da onde você tirou isso Angus?
Angus alisava a barriga proeminente enquanto lançava olhares coléricos ao grupo.
-É o que dizem menina. Dizem que o povo deles roubou os pregos da Cruz de Cristo. Dizem também que são ladroes, arruaceiros e fazem magias que podem matar uma pessoa.
Henriet olhou  para o grupo mais interessada do que antes.
-Isso é verdade?
Angus deu de ombros e entrou para a cozinha.
-É o que dizem. Vamos trabalhar. Se eles entrarem para comer e beber, peça o dinheiro adiantado.
Henriet olhou para o homem que parecia ser o líder do grupo e  lhe fez um pequeno gesto com a cabeça, sorrindo de maneira sedutora para ele. Sim, o filho de Caim era bastante interessante aos seus propósitos.
O homem retribui o gesto com a cabeça.
O sinal estava dado.
...
Naquela manhã, Roshlyn estava na sala dos conselhos com pintores de Craig e regiões próximas.
Ela havia feito uma convocação direcionada a este público, pois  pretendia iniciar o mecenato de artistas. Sua intenção era que esse primeiro grupo iniciassem a pintura na cúpula da capela que ficava no castelo. Roshlyn também  estava em franca  negociação com construtores para a construção de uma igreja na vila  para os moradores com a possibilidade de abrir uma escola para os meninos aprenderem carpintaria, cervejaria e  a fazerem pães, que era uma das demandas do castelo.
O rei havia lhe dado carta branca para fazer seus investimentos desde que tudo fosse acertado e conversado com o conselho de antemão. O fato era curioso, mas como a corte de Craig era altamente empreendedora, todos estavam gostando bastante das ações da rainha, que era como suas obras estavam sendo chamadas.
Aysha estava maravilhada com o espírito empreendedor da cunhada e a acompanhava sempre que podia nas suas negociações. Se acostumaram, a se reunir para trocarem ideias e opiniões. Os encontros eram realizados no quarto da Rainha mãe, que melhorando de saúde a olhos vistos, também participava dos encontros das mulheres, e numa tarde, fez uma promessa a Roshlyn.
-Assim que a cúpula estiver pronta, irei à missa em sua companhia.
Nessa manhã, Roshlyn conversava com os pintores. Eles estavam lhe mostrando os projetos de esboços que poderiam ser feitos  nas paredes e na cúpula.
Roshlyn estava profundamente feliz com o que via. Sua vida agora, tinha movimento e alegria.E ela, todos os dias agradecia aos céus por aquela dádiva conquistada.
De repente, o grupo  foi interrompido por Bartolomeu, que  adentrou a sala, trazendo  uma travessa de prata, onde viam-se meia dúzia de maçãs e romãs.
-Milady.
Roshlyn olhou para a travessa curiosa.
-Sim Bartomeu.
O mordomo então, fez uma reverência e lhe  ofereceu a travessa de prata com as frutas.
-Uma encomenda do rei para vossa Majestade.
Roshlyn ficou rubra.
Derek era mesmo impossível!
A pouco tempo, ela havia provado algumas frutas e descobriu  que a maçã era a sua fruta preferida.
Sabendo disso, Derek nunca mais deixou faltar essa fruta na sua câmara real.
Depois da descoberta de seu favoritismo,após fazerem amor, ele descascada uma maçã e lhe dava pequenos pedaços cortados e espetados na ponta do punhal.
-Minha doce Eva... - Ele dizia com a voz rouca para imediatamente tomar a sua boca e beija-la com paixão.
Roshlyn estava extasiada com o que vivia. O relacionamento de ambos estava forte e vívido . Ele a convidada a participar das decisões do reino e buscava sua opinião quando algo o incomodava. As noites, em seu refúgio,  eram repletas de ternura e magia. Dormiam juntos todos os dias da semana. Em algumas noites, faziam amor com volúpia e paixão. Seus corpos nus se encaixavam e ela chegava ao êxtase com muita facilidade. Em algumas noites, apenas conversavam e partilhavam a história de suas vidas. Algumas engraçadas, outras dolorosas e depois dormiam abraçados até que alguém os acordasse para iniciar o dia.
Na  noite anterior, haviam feito amor com carinho. Derek apesar de ser  insaciável, estava mais carinhoso nos gestos, nos beijos e nos toques.
Ele sempre a acariciava de uma forma completamente nova para ela, e acreditava, para ele também.
Quando soube que  Beatrice tinha dado à luz a um menino,  ela ficou muito emocionada e lhe falou isso.
Carinhosamente Derek beijou sua barriga e lhe disse baixinho.
-Eu não me importaria de ter uma menininha linda como você...
Roshlyn levantou a cabeça do marido para olhá-lo nos olhos.
-Jura que se eu lhe der uma menina, não vai odiá-la?
Derek ficou surpreso com a pergunta.
-E porque a odiaria  minha flor?
Roshlyn sentiu as lágrimas saltando de seus olhos.
-Porque ouvi isso de minha mãe. Ela dizia que meu pai me odiava por eu ser mulher. E que a odiava também porque ela lhe deu uma menina, ao invés de outro filho homem.Essa foi a justificativa de uma vida inteira para as agressões que nós duas sofríamos.
Derek tapou a boca dela com uma mão e com a outra, limpou as suas lágrimas.
-Esqueça seu passado. Isso não vai tornar a acontecer. Jamais! E eu não  odiarei você e muito menos a nossa menina, se por acaso, ela vier. Pense que essa pequena será a rainha de Craig. Vai ter um pai orgulhoso, vai aprender a mandar em todo mundo como suas tias,  e vai ser linda, doce e inteligente como a mãe.
Roshlyn sorriu entre lágrimas. Aquela era uma ideia de futuro tão linda, que seu coração se amansou.
-Me promete?
Derek a beijou de leve na boca.
-Te prometo, minha flor.

O Rei ProfanoWhere stories live. Discover now