Capitulo 2: A primeira vez

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Roshlyn saiu abatida da sala do trono. Seu coração estava mortificado e por mais que esperasse um milagre, ela sabia que seu destino estava traçado e teria que cumprir com o acordo de seu pai  com o rei de Craig.
Abatida e sentindo-se derrotada, decidiu ir para  seu quarto onde escreveria para a Abadessa Dionisia, declinando da oferta de fazer seus votos em Jaffrez.
Ao passar pela estufa do castelo, ela sentiu o cheiro de rosas invadindo suas narinas e sua alma.
Era sempre reconfortante sentir o cheiro daquelas flores maravilhosas, descobertas por sua mãe numa viagem, e trazidas em pequenas mudas que foram plantadas e cuidadas pela Rainha Roseline até sua morte.
Agora quem era a cuidadora das flores era ela.
Depois que as flores misteriosas chegaram a  Havema, o reino ficou conhecido como o Vale das Rosas, pois a delicadeza do clima e dos cuidados fizeram com que a planta se adaptasse muito bem e reproduzisse durante todo o ano.
Aquela estufa, numa linda arquitetura greco-romana era o lugar onde ela  trabalhava com entusiasmo e amor e desde da noite do Banquete das Rosas, onde ele havia sido profanado pelo rei Derek.
Naquela noite, Roshlyn não compareceu ao salão principal, ficando em seu quarto recolhida, rezando para que nenhuma criada fosse chamá-la por convocação de seu pai, para comparecer ao banquete onde haveria inúmeros convidados importantes. Roshlyn sentiu um alívio profundo quando as horas iam passando e ninguém parecia interessado em convocar sua presença.
Seu pai deveria ter ficado distraído com seus irmãos que estavam presentes para a festa e quando isso acontecia, ela, que já era uma figura secundária, simplesmente tornava-se invisível.
Uma lágrima escorreu de seu rosto. Mas Roshlyn a limpou imediatamente com o dorso da mão.
-Não iria chorar mais!
Parou para a olhar a estufa e seu coração se entristeceu, a lembrança  da noite do Banquete das Rosas,  voltou como um pesadelo.
Quando a noite já estava muito escura, deitada em seu quarto, ela não conseguia dormir devido ao barulho das conversas e dos risos exagerados que as bebidas causam.
O quarto de Roshlyn, desde a infância ficava no primeiro piso logo depois da cozinha e da ala dos criados.Uma das amantes do pai a colocara ali de castigo e  a esquecerem ali naquele lugar. Ela como princesa, deveria ficar em uma das torres, no andar de cima. Mas Roshlyn deixou de se importar com as formalidades da corte, e como sua  vida religiosa lhe impunha votos de humildade, ela aprendeu a sentir-se confortável naquele quarto simples com uma cama apenas e um baú herdado de sua mãe onde guardava sua meia dúzia de vestidos muito deles surrados e remendados.
Com a curiosidade aguçada, resolveu sair da cama, para poder ver as pessoas que estavam presentes no Banquete.
Roshlyn então, vestiu uma capa  muito usada em cima de sua camisola e discretamente  saiu do seu quarto, passando pela cozinha que estava a pleno vapor aquela hora da noite  pelos cantos escuros  da parede, observou  de longe a confraternização.
Embora tivesse tomado todos os cuidados para não ser vista  sozinha tarde da noite, a primeira coisa que ela sentiu foi um hálito muito forte de bebida e depois una mão apalpando seu seio.
Ela deu um grito e viu o Conde Vladimir fitando-a com os olhos repletos de luxúria e rindo com seus dentes faltantes e empodrecidos.
-Então a coelhinha saiu da toca... venha cá minha menina que vou te ensinar uma coisa..
Roshlyn estava horrorizada. Seu corpo todo tremia de medo e asco.
Havia anos que aquele velho conde a perseguia pelos cantos do castelo. Ele a assustava demais! E sempre que Roslyn estava distraída, ele a encurralava e a tocava em lugares impróprios com suas mãos  magras e cobertas de pelos. Ela chegou a falar com seu pai, o rei que não acreditou no que ela lhe falou e pediu que não aborrecesse o conde que era dono de uma fortuna enorme e de alguma maneira custeava alguns luxos para o rei.
Depois que cresceu, Roshlyn aprendeu a pressentir o perigo e fugia do conde como se ele fosse o próprio demônio em pessoa.
Quando o conde tomou-lhe a mão para que o tocasse intimamente, Roshlyn deu um tapa na mão dele, fazendo com que a ira brilhasse nos olhos escuros.
-Venha cá agora mesmo, que vou lhe mostrar que não pode fazer isso com um homem...
Aproveitando que o conde era um homem mais velho e com pouca agilidade, ela saiu correndo  a esmo, sem saber para onde ia. De repente tropeçou numa pedra e sentiu que seus joelhos ficaram ralados e saiam sangue. Mancando um pouco, ela resolveu  se esconder na estufa.
O lugar tinha uma tranca enorme por dentro  e devido ao pavor que sentia, pensou que passar a noite com as flores era bem mais seguro do que se arriscar a voltar para seu  quarto e encontrar novamente aquele conde molestador.
Mas tão logo entrou, percebeu que não tinha sido uma boa ideia
Ela parou ao  ouvir os sussurros e gemidos guturais. A princípio,  Roshlyn pensou que podia ser  alguém ferido e então correu para socorrer  a pessoa necessitada de ajuda.
Mas quando ela  chegou no centro do lugar, iluminado por um castiçal com três velas, ela viu de onde vinha os gemidos e simplesmente não conseguiu sair do lugar olhando a cena horrorizada.
Apoiada num monte de feno, a duquesa Ava, estava na posição de quatro com o vestido levantado e suas nádegas brancas reluzindo a luz da lua. Ela gemia e sussurrava palavras sem sentido enquanto um homem de cabelos pretos, totalmente vestido a tomava pelas ancas com os olhos vidrados fazendo  movimentos que iam e vinham.
Quanto mais ele a penetrava, mais a duquesa gemia de dor? Ou de prazer?
Roshlyn ficou sem ação.
Quando virou as costas para sair, sua capa arrastou no chão com feno e palha e fez um leve barulho.
Porém o homem interrompeu imediatamente o coito que aqueles dois  faziam como os animais.
-Quem está aí? Falou o homem saindo de cima da Duquesa Ava e colocando a mão na bainha da sua espada.
Roshlyn se aproximou e seu reflexo na luz da lua era impenetrável. Ela procurava não olhar para aquela cena totalmente incomum para ela: a Duquesa com a roupa levantada, fazendo uma reverência e o homem com a mão na espada com seu membro inferior para fora da cota de malha.
Sem saber o que fazer, respondeu baixinho.
-Roshlyn.
Derek pareceu relaxar e com a voz moldada pelo consumo de cerveja, ele falou:
-Não quer vir aqui e se divertir conosco Roshlyn?
Ela o olhou profundamente. Um olhar marcado pela dor e pelo desprezo.
Ele notou que ela era bela. Uma beleza simples e tocante.
Derek passeou seus olhos pelo corpo magro vestido numa capa surrada e viu sangue próximo ao seu joelho.
Ele ergueu a sobrancelha, irônico.
-Quem era aquela donzela de olhar tão duro e sombrio?
Roshlyn abaixou os olhos diante da inspeção maliciosa daquele homem. Sem responder, ela virou as costas e saiu da estufa, deixando Derek subitamente encabulado com o que viu naquele olhar.
Então olhou para a duquesa que se levantava da reverência e notou que aquilo era algo que poderia surpreendê-lo.
-Quem é essa?
Ava respondeu virando de costas novamente, e levantando as anáguas de se vestido de seda, dando a entender que continuariam de onde pararam, antes de serem subitamente interrompidos por Roshlyn.
-A princesa de Havema, filha única de sua majestade, o rei Roland.
Derek foi até a porta da estufa e  ficou olhando o pequeno vulto sumir na escuridão da noite.

O Rei ProfanoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant