Capitulo 15: O Casamento de Cornell e Beatrice

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No caminho para Dalibor, Derek ia pensando nos últimos acontecimentos que envolviam ele, Roshlyn e a estranha relação de ambos.
Roshlyn era uma mulher com atitudes severas. Estava sempre séria e compenetrada em alguma tarefa. Seja lendo, seja bordando, ou cuidando do canteiro da sua flor.
Aliás, vê-la mexendo com a terra, brincando com os animais, foi uma surpresa e tanto para ele.  Sua fisionomia mudou e lhe dava uma beleza angelical com seus olhos ganhando vida.
Era interessante ver como a atitude dela era diferente das demais damas da corte.
Aysha praticamente a obrigou a ter uma  criada própria. Lhe disseram  que ela mesma cuidava da sua higiene e objetos pessoais.
Ainda iria lhe perguntar o porque dessas idiossincrasias. Não era natural que uma princesa, de linhagem nobre tivesse aquele tipo de comportamento.
-Mas teria tempo para conhecê-la melhor.
Embora isso, no momento não o preocupasse.
...
As figuras dos Três Reis era quase uma lenda em todos os reinos insurgentes. A história dos três, era conhecida por todos, e ao longo do tempo, virou mito e tema de várias cantigas recitadas pelos trovadores de muitos reinos.
Vê-los juntos era uma ocasião muito especial. Como agora.
A formação dos cavalos com o Rei Derek do lado direito e  o Rei Theobald do lado esquerdo era legendária.
O cavalo dos três foram ensinados a trotar juntos, em uma sintonia pouco comum.
O Rei Derek, montava despojado em cima de sua sela, nessa ocasião, sentava empertigado com seu manto na cor roxa, com a coroa que fôra de seu pai na cabeça e a grande espada desembainhada em cima do cavalo.
Um cavalheiro estava sempre alerta.
Derek era um dos grandes guerreiro da sua época, lutava como um javali raivoso. Mas nesse momento sorria para todos, principalmente para as camponesas jovens que riam maliciosas ao vê-los passar.
Do lado esquerdo  estava Theobald. O Rei de Walden, o Vale da Madeira.
Muitos diriam que ele não deveria estar ali. Afinal de contas, era o filho bastando do Rei Angus. Mas as circunstâncias da vida, o levaram a ser rei. E gostassem ou não, ele estava no seu lugar.
O reino herdado de Walden, era próspero, mas como ele tinha muitos inimigos que queriam depô-lo do seu trono, vivia em constantes batalhas e intrigas.
Theo era um homem alto e magro. Porte elegante, com olhos azuis que se transformavam em verdes, quando a fúria o abatia. Seus cabelos castanhos claros caiam sobre a testa e cobria as orelhas. Do lado esquerdo, uma cicatriz cobria seu rosto do olho até o queixo. Nesse momento, ele usava um tapa olho no olho direito. Havia sido ferido na última batalha e estava usando ervas que seu Boticário lhe receitou.
Cornell, montado em seu destriero negro., trotava no meio dos dois amigos.
Era assim desde a infância quando se conheceram no campo de aprendizes. Como Cornell era o mais novo dos três, os dois amigos, o colocaram para cavalgar no meio de ambos,para que pudessem protegê-lo das pequenas e grandes eventualidades.
E assim foi desde sempre.
Olhou para Cornell, ele tinha um ar enigmático como sempre. Embora ele soubesse que o amigo não estava nada satisfeito com aquele casamento.
A tragédia que se abateu sobre ele, lhe causou um estrago emocional. Mas quem sabe a bela princesa de Hawuise não pudesse  cura-lo daquela culpa que ele carregava durante todos aqueles anos. Torcia por isso.
No caminho da igreja, os súditos saudavam o rei e seus cavaleiros. Havia gritos,  palmas e uma fanfarra tocava música que fazia alguns súditos dançarem.
Era uma festa!
Derek pensou que  assim que o inverno terminasse, seria o seu casamento. Seria ele sendo saudado pelo seu povo.
Ele então olhou para o amigo. Seu semblante era sério e ele saudava  a todos com o braço direto levantado.
Mas seus olhos estavam sombrios. O passado o atormentava.
Ele sabia. Cornell se esforçava para não deixar transparecer o quanto seu casamento e a posterior morte de Joanne e do bebê que estava próximo de nascer o abalaram tão profundamente que ele deixou de sorrir e de aproveitar a vida como deveria.
Ao olhar para o lado, viu uma linda camponesa com os cabelos loiros cacheados. Ela tinha olhos azuis profundos e belos seios à mostra sob o avental. Derek a olhou fixamente e fez um gesto de saudação pessoal.
-Teria uma noite divertida com toda a certeza!
...
Annette era o nome da jovem camponesa que Derek solicitou a presença através de Dragomir.
Ela era voluptuosa e o deleitou com seu corpo quente no meio do feno que estava no estábulo.
Derek a cobriu com seu corpo másculo e assim que terminou lhe colocou uma moeda no meio dos seios e lhe fez um pequeno carinho no rosto.
Annette fez uma reverência enquanto abaixava as saias e olhava sedutoramente para o rei.
-A seu dispor vossa Majestade.
....
Quando entrou no grande salão,  Robbyn o Cavaleiro chefe de Cornell o encaminhou para o tablado superior onde Cornell e Theo conversavam reservadamente. Derek se juntou a eles, despido do manto e coroa. Estava apenas com a camisa de dentro e  a arrumava dentro das calças da cota de malha.
-Meus rapazes, vejo que estão conversando sobre coisas desagradáveis...
Cornell olhou para o amigo. Viu que tinha feno e alguma fuligem na sua camisa.
-Se embrenhando pelo feno com alguma camponesa Dek?
Derek gargalhou. Uma risada que era alegre e maliciosa ao mesmo.
-Sempre. Que assunto desagradável tratavam?
Theo o olhou sorrindo.
Derek  gostava muito dos amigos. Eles eram como irmãos e tinham uma intimidade que era incomum para a época.
Eles tinham muitas coisas em comum. Menos a intensa veia erótica que sobrava em Derek.
-Você devia se preocupar para não ter que criar um filho bastardo...
Derek colocou vinho da jarra que havia sido deixada para degustação dos três reis.
-Ora Theo. Eu não me importaria com isso. Não lutei ao seu lado para que conquistasse o trono que hoje está sentado? Além do mais, tomo minhas precauções. De que falavam?
Cornell quase rosnou.
-Da nova rainha de Dalibor.
Derek se sentou no trono providenciado  para ele, num patamar superior, onde só havia lugares para os três.
-Ahhh... a rainha Beatrice é muito bela ! Não mais bela  que Roshlyn, minha pequena e pudica noiva. Mas o que o aborrece? Não vejo nada de errado na vossa Alteza, digo, majestade.
Cornell olhou para os amigos, não sabia explicar o que sentia. E por estarem acostumados a seu silêncio, Derek virou para Theo e falou:
-Como anda Brugnaro?
Theo colocou a mão em cima da mesa.
-Muitos resistem  ao meu trono. Não aceitam que o reino caiu nas mãos de um bastardo. Deixei Walden na mão  de meus conselheiros e estou dividido entre dois reinos que não  me aceitam.
Cornell olhou preocupado para o amigo.
-Não pode deixar seu trono vazio em Walden!
Theo o olhou assentindo com a cabeça.
-Deixei minha guarda pessoal juntamente com Daw, e um mensageiro de alerta para qualquer eventualidade.
Derek se levantou e se colocou na frente dos amigos.
-Daw é seu melhor cavalheiro e o único confiável ao seu lado. Mas sabe que ele não pode controlar as vozes que atravessam o castelo e vão parar na vila. Se todos verem que você está com problemas em Brugnaro, poderá causar um grande problema para todos nós.
Cornell concordou.
-Sim, Theo. É preciso tomar providências rápidas e eficazes. Faça prisioneiros, abra as masmorras, mostre quem manda.
Theo assentiu.
-Sim, estou fazendo isso.
Derek colocou sua mão no antebraço do amigo.
-Estaremos sempre com você.

O Rei ProfanoWhere stories live. Discover now