Capitulo 17: Uma coroa para a princesa

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Havia dias que Roshlyn estava trancada dentro do seu quarto. O fato do canteiro de rosas ter sido destruído abalou as suas emoções. Ela acordou e depois da missa foi até onde ficavam as suas  rosas e viu um aglomerado de pessoas em volta. De criados a nobres todos estavam estupefatos no local onde ficava a sua pequena plantação de flores. 
Roshlyn se aproximou lentamente levando as mãos ao coração e sentindo que ele batia freneticamente. Quando viu o que tinha acontecido, ficou chocada. Não havia palavras para aquilo. Simplesmente o que haviam feito foi de uma maldade incomum.
Enquanto todos a olhavam num misto de compaixão e assombro, ela  virou as costas e saiu correndo para o seu quarto, jogou-se na cama e chorou sentindo toda a dor da humilhação e da rejeição.
Quem fez aquilo lhe deu um sinal claro que ela não era bem vinda ali. E isso tudo juntando ao fato de que ela mesma não queria estar ali a fez sentir-se a pior das criaturas.
Já havia se passado muitos dias e ninguém  havia lhe dado informações concretas sobre quem fez aquilo com  suas rosas. A sorte é que ela tinha no seu próprio quarto, alguns  vasos da flor e quando estivesse  melhor emocionalmente, começaria tudo outra vez. Mas naquele momento o que mais queria, era estar ali mesmo. Trancada dentro do seu quarto. Trancada dentro de si.
Roshlyn pensava nisso tudo, ensinaria bordava , e então,ouviu um leve toque na porta e Aysha entrou.
-Milady, permita-me.
Ambas fizeram uma pequena reverência entre si e Aysha a tocou nas mãos.
-Milady, não deve se trancafiar dentro do quarto. Estamos fazendo de tudo para descobrir quem fez esse ato contra o seu canteiro e vamos descobrir, posso lhe garantir.
Roshlyn estava séria e realmente não gostaria de falar sobre aquele assunto. Estava cansada de a todo momento chegar alguém para se desculpar ou para buscar sua opinião sobre o que deveria ter acontecido. Por isso buscou a solidão de seu quarto. Não se sentia bem recebida no castelo, por mais que as pessoas, e principalmente, as irmãs do rei, se esforçassem para que ela pensasse ao contrário.
-Penso que a pessoa que fez isso, atingiu o canteiro, porque não podia me atingir diretamente.
Aysha suspirou profundamente. Ela tinha razão.  E tinha uma desconfiança de quem fosse. Esperaria Derek voltar de Dalibor para lhe falar sobre sua suspeita. Para amenizar aquela forte revelação, Aysha deu com os ombros.
- Imagina se alguém iria querer feri-la. Isso nunca aconteceu em Craig. Está segura aqui milady.
Roshlyn entretanto tinha suas dúvidas.
-Antes, eu não estava aqui vossa alteza.
Novamente ela tinha razão. Mas não iria assusta-la, mais do que ela já demonstrava estar.
-Bem deixemos isso para nossos investigadores. Vim buscá-la para conhecer a rainha, minha mãe.
A rainha Margot se encontrava em seu quarto havia muitos anos. Desde que seu marido morreu a rainha vinha defiando até que atualmente só ficava deitada na cama, recebendo apenas a visita dos filhos e de  suas  damas de companhia.
Ela nunca mais foi vista por todas as pessoas do reino, e Roshlyn não sabia qual seria a postura dela em seus domínios, ou seja, em seu quarto pessoal.
-Mas... milady... Sua Majestade não se importará com minha presença?
Aysha sorriu.
—Claro que não. Ela mesma a convocou. Quer  conhecer a princesa que  terá o seu lugar nesse reino. Vamos. Sua  alteza  nos espera.
Com o sentimento de inadequação que ultimamente sentia, olhou o vestido simples que usava e decidiu colocar a capa azul que esconderia a humildade de seu vestuário.
Os cabelos soltos estavam sem nenhum penteado especial, e ela calçava suas chinelas de andar no quarto.
-Venha milady, nenhuma roupa de luxo engana  sua majestade.
As duas foram até uma torre que era pouco usada e  estava fortemente guardada com guardas sentinelas nas portas e  imediações.
Aysha bateu  na aldrava de uma porta de madeira e uma senhora  de cabelos brancos apareceu e as fez entrar.
As cortinas escuras estavam fechadas embora ainda fosse de manhã, e dava ao lugar um ar lúgubre e sombrio.
O quarto cheirava a mel e cera de vela. Era sufocante e pesado.
A rainha estava deitada na cama com muitas mantas de carneiro e repousava a cabeça em vários travesseiros. Ela tinha os olhos fechados mas os abriu assim que sentiu que as visitas se aproximavam.
Roshlyn olhou curiosa para a rainha. Ela era belíssima e tinha os cabelos escuros com alguns fios brancos. Sua pele era branca e seus olhos azuis  eram enormes e com sua boca pequena lhes deu um pequeno sorriso.
Ela parecia frágil e vulnerável.
As duas mulheres fizeram uma reverência e  dama a fez sentarem nas cadeiras dispostas ao lado da cama.
-Então você é Roshlyn de Havema.
Roshlyn corou.
-Sim vossa Majestade.
A rainha a olhou com curiosidade. Ela não era tão jovem quanto  pensou que seria. E tinha uma postura empertigada demais, talvez devido à falta de confiança.
Suas unhas eram curtas e limpas e ela tinha belos  olhos azuis  esverdeados, além de uma boca carnuda  com todos os dentes bem cuidados.
Seu corpo era um pouco magro demais e seu rosto estava pálido e sem vida.. Seria ela capaz de dar filhos a Derek? Ela não  era do tipo que ele costumava apreciar.

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