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A pergunta era simples: eu conseguia perdoar?

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A pergunta era simples: eu conseguia perdoar?

Mas a resposta era complicada.

Perdoar significava esquecer o erro, significava nunca mais culpar terceiros pelas consequências que o ato causaram na sua vida. Então talvez eu conseguisse perdoar Kiara e a minha mãe, mas Francisco jamais.

Foi só a mim que ele fodeu, não foi só a minha vida que ele ferrou, aquele merda estragou a vida de uma menininha, e como eu quis matá-lo por isso. Eu sempre soube que em algum momento alguma vida acabaria nas minhas mãos, e sempre torci que a do meu "pai" fosse a primeira. Mas toda vez que eu sentia vontade de acabar com a vida dele, me forçava a lembrar da minha promessa que seria melhor que ele. Acima de tudo eu gostava de cumprir com a minha palavra, talvez por ser a única coisa que dependia de mim e de mais ninguém ou por ver a figura paterna de merda que eu tive nunca cumpir com a sua e sim com a ambição.

— Eu sei que não é a mesma coisa, mas não culpa tanto a sua mãe. — A voz de MacMillan chegou aos meus ouvidos, desfazendo minha linha de raciocínio. Ela até que ficou bastante tempo calada, assim como prometeu quando vinhemos treinar igual aos velhos tempos— Ela fez o melhor que pode na situação que estava.

Morgana MacMillan era dona de fios escuros que não chegavam a ser pretos, olhos grandes com uma íris azul levemente escurecida, sua boca era simétrica, assim como todo o seu corpo cujo eu não gostava de olhar muito, ate porque a vi crescer, literalmente. Era difícil aceitar que eu vi aquela menina andar pela primeira vez pra depois a ver se tornar essa mulher incrível.

Morgan também tinha uma, não apenas no literal. Ela também não tinha filtro, a mulher falava tudo que pensava sem nem medir as consequências, e como era filha bastarda de um traidor todos a diminuíam, além da Famiglia não ser aberta a mulher no poder, muito menos quando não eram legítimas.

— Ela sabia sobre a Máfia e mesmo assim me entregou a ele. — Murmurei socando com mais força o saco de boxe — Ela, ao invés de me ajudar, assinou meu nome na lista do diabo.

Morgan suspirou segura mais forte o saco, quando meus socos se intensificaram. Eu estava com raiva, com muita raiva.

Então soquei pela minha vida.

Soquei pelo meu passado.

Soquei pela porra do meu presente.

Soquei ainda mais pelo meu futuro fodido.

Eu soquei por tudo!

— Ela viu você se afundando em drogas, Bash. — A mulher pronunciou o apelido que só ela usava. Morgana afastou o saco para o lado, me dando visão do seu rosto, o que me deixou ainda mais irritado — Ela viu o filho de 14 anos chapado pelos cantos, o que queria que ela fizesse?  

— Que ela fosse a minha mãe, caralho! — Grunhi, tirando a faixa da minha mão — Eu só queria que ela...

Eu só queria que ela procurasse qualquer ajuda que não fosse de um assassino!, que no fim das contas foi o único que sempre esteve ali por mim.

Inocência Em Meio Ao Caos| Livro 1 - Quadrilogia Herdeiros Por SangueWhere stories live. Discover now