brutal, stupid, lxve

Arisco

O mesmo processo aconteceu três turnos seguidos. Chegavam no salão, Romeo esperava o zelador ir embora para também dar no pé e Nicholas ficava para arrumar tudo. Ele não reclamava. Sabia que não resolveria nada. Então apenas se dirigia até os materiais de limpeza enquanto assobiava uma canção qualquer.

E foi isso que ele disse para Jade quando ambos marcaram de se encontrar numa sorveteria no fim de semana.

— Mas isso é uma puta sacanagem! — ela vociferou batendo o punho na mesa e quase derrubando o sorvete de morango dele. Nick olhou para os lados apreensivo enquanto os outros clientes o observavam. Não estavam felizes.

— Jade! — sussurrou. Só porque já era noite não significava que já podia começar a baderna.

— Você tem que se impor. — a loira reclamou, mas dessa vez com a voz mais baixa. Ajeitou os óculos e o encarou.

— Eu sei. — murmurou e abaixou os olhos. Começou a brincar com a colherzinha do sorvete. — Mas acho que é melhor assim.

— Melhor assim? Como melhor assim se você faz todo o trabalho?

Suspirou. Nick queria desabafar, não as opiniões de Jade, sabia que ela estava certa, só que achava melhor deixar tudo quieto.

— Nem é tanta coisa. — mentiu ainda cabisbaixa.

— Nem se fosse pra lavar um garfo! — bateu na mesa novamente. — Só porque é novato não pode deixar eles fazerem o que quiserem. Isso não tá certo.

— Eu sei, mas...

Um barulho de coalisões chamou a atenção de ambos. Quando olharam através da parede de vidro da loja observaram três caras brigando. Dois contra um. Nicholas arregalou os olhos quando reconheceu Romeo em desvantagem.

— É ele! — arregalou os olhos.

— É o que?

Mas Nick pegou no braço dela e a puxou para fora. Na calçada Romeo tentava lutar com os dois caras, e mesmo com um cano de metal nas mãos a luta era muito desigual.

— Ele tá ganhando ou perdendo? — ela perguntou fechando o casado. Ainda estava frio nessa época do ano.

— Perdendo. — respondeu aflito, não assistira muitas brigas na vida e sinceramente achava que já vira o suficiente.

— Bom, isso é pra ele aprender.

— Jade!

— É brincadeira, é brincadeira. — levantou as mãos como estivesse se rendendo. — Eu distraio e você pega ele? — perguntou procurando alguma coisa no chão. Nick não gostava desse plano, imaginava que Romeo não gostaria de ser resgatado. Mas também levando em consideração que ele estava perdendo, talvez não houvesse uma outra opção. Nicholas arregalou mais ainda os olhos quando viu que um deles tinha um canivete.

— Tá, agora vai!

— Você tá me devendo uma, hein. — a loira alcançou uma pedra de tamanha razoável e arremessou em um deles. Em cheio. — Meninos! — chamou a atenção deles se aproximando. Eles pararam e olharam para ela. Romeo franziu o cenho quando viu Nick, como se estivesse irritado por ter sido atrapalhado. Ora essa. — Sabem o que é isso? — apontou para o celular e foi diminuindo a voz a medida que se aproximava. Nicholas já estava próximo de Romeo o suficiente para ver que os outro tinham conseguido acertar uns golpes bem danosos nele. — Um celular. E o número da polícia. — abaixou o aparelho e encarou os dois.

Um deles bufou.

— Pode tentar, gorda, nós somos menores de idade.

Um brilho irado nasceu nos olhos dela.

— Ah, que bom que você mencionou isso. — e essa era a deixa. Nick se aproximou lentamente de Romeo. — Já ouviu falar da Casa Para Menores? Meu tio trabalha lá e... — com uma força guardada para ocasiões muito especiais e cheias de adrenalina, Nicholas puxou o braço do loiro e os dois começaram a correr. Ouviram alguém chamando eles, mas desde que não fosse Jade, Nick não pararia. Tampouco estava preocupado com ela, a garota sabia se livrar de qualquer situação. Era impressionante.

Quando já estavam longe o suficiente os dois pararam depois de entrarem num beco. Nick já estava completamente sem fôlego e colocou as duas mãos nos joelhos para descansar. Romeo estava em silêncio.

— Cara, — Nick disse já se recuperando. — o que voc-

E um soco no seu estômago desperdiçou todo o ar que ele tinha conseguido.

— Nunca mais faça isso. — a voz irritada de Romeo soava distante.

O loiro deu as costas para Nicholas mas o garoto ainda conseguiu puxar uma parte da jaqueta dele. Curvado, sugou o ar várias vezes.

— S-sua camisa. — disse sem fôlego. — V-você está machucado. — encarava o sangue escorrendo do abdômen dele. Dessa vez Romeo o acertou com o cano de metal e Nicholas viu estrelas.