lxve by damage: tique-taque

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cabô a paz


Parte 2, Capítulo Quatro: tique-taque

O tique-taque do relógio era um maldito lembrete de que aquele dia se aproximava inevitavelmente do fim. Romeo tamborilava os dedos no balcão da cozinha enquanto evitava olhar para o celular a sua frente. Ele não queria ligar para Nicholas, mas sentia que seria bem pior se não o fizesse. Respirou fundo mais uma vez, o ar saindo agressivamente dos seus pulmões. Caminhou pelo espaço e esticou os braços, o desenho de Nina grudado na porta da geladeira chamou sua atenção. Eram eles quatro. Seu pai, Nina, Romeo e Nicholas. "Tio Nick", como ela chamava. Um meio sorriso surgiu na linha reta dos seus lábios. Ele jamais admitiria que achava aquilo fofo, nem sob tortura. No desenho da irmã as figuras que dificilmente seriam reconhecidas como humanas de Romeo e Nick estavam de mãos dadas.

O loiro lançou outro olhar para o celular e coçou a nuca. Honestamente, ele não queria nada daquilo. Não queria lidar com as partes complexas de sair com Nicholas, com sua constante preocupação, sua sensibilidade, seu ciúme idiota ou de como ele achava que Romeo iria terminar com ele toda a maldita vez que se viam. O relógio soou quatro horas e o loiro sentiu que seu coração pesava cinco toneladas. Sua mão coçou para segurar alguma coisa pesada ou afiada. Ou os dois, contanto que pudesse quebrar algo com ela.

Outro relance para o aparelho. Ele não odiava a ideia de ver Nicholas agora.

Passos fofos desceram a escada e Nina surgiu vestida dos pés à cabeça, seu chapéu rosa quase cobrindo seus olhos.

— Onde você está indo? — Romeo perguntou cruzando os braços.

Meu, hoje é dia de feira da tarde. — a garotinha apontou para o calendário na parede. — Eu quero banana.

Mas ele negou.

— Hoje não, Nina.

A garotinha bateu os pés teimosamente e fechou a expressão.

— Banana!

— Amanhã, depois que o papai chegar, nós vamos lá. — virou-se quando pensou ouvir seu celular tocar, mas era impressão sua. — Vá guardar seu sapato.

— Eu quero banana! — e cruzou os braços.

— Nina, eu já disse... — foi interrompido pela campainha. Franziu o cenho irritado. Ele não estava esperando ninguém. Se fosse qualquer pessoa querendo empurrar religião goela abaixo dele Romeo se certificaria de mandá-la conversar diretamente com o Criador.

Mas a porta revelou um filhote de cachorro tão animado que chegava a brilhar. Romeo piscou duas vezes. Ah, era Nicholas.

— O que diabos você está fazendo aqui? — perguntou com o cenho franzido. Era coincidência demais encontrá-lo depois de pensar tanto dele.

O outro o olhou confuso.

— B-bom, você me chamou. — apontou para Romeo, mas logo recolheu a mão. — Não chamou?

— Não. — a menos que você leia pensamento.

— Tio Nick! — Nina gritou atrás do irmão e saiu correndo em direção a Nicholas, quase atropelando o loiro no processo. Nicholas a pegou no colo e abriu um sorriso de devorar corações. Romeo desviou os olhos do maldito sorriso dele.

— Continua parecendo a porra de um pedófilo. — resmungou para si.

— Você veio! — Nina gritou e Romeo cerrou os olhos para a pequena trapaceia. Então fora ela. — Nós vamos a feira!

brutal, stupid, lxveWhere stories live. Discover now