lxve by damage: ligação

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Onde anda você?
Onde andam os seus olhos
Que a gente não vê?


Parte 2, Capítulo dez: ligação

Já havia se passado uma hora desde que sua mãe fora embora. Sentado no mesmo banco que ela ocupara mais cedo, Romeo sentia-se oco. Era a palavra mais correta, ele achava. As lágrimas não caíam, mas ele podia sentir elas se formando atrás da sua garganta. A tristeza vinha mansinha como o sono, crescendo do seu vazio.

Ele parecia um carrossel de emoções. A semana toda o loiro estivera tenso, uma corda retesada, todos os seus músculos exigiam que o jovem repousasse, mas deitar-se na sua cama era como descansar sobre espinhos. Ele acordava cedo demais, e só dormia de exaustão mental.

Romeo não conseguia conter seus pensamentos no que sua mãe estaria fazendo, se estava sendo tratada bem, se estava se alimentando direito. Pensava no seu pai, no esforço que ele fazia para fingir que a presença de Helena não o afetava além da relação com os filhos. Se tal coisa como o amor da sua vida de fato existe, Helena fora a de seu pai. E Romeo não achava que ele já tivesse superado isso. Pensava também em Nina, no que a pequena garota achava de tudo isso, o loiro ignorou todos os sinais de aflição na sua irmã, mas não achava que poderia continuar fazendo isso. Não era justo.

O loiro se perguntava porquê ainda fazia aquilo. Porquê insistia. Porquê não podia simplesmente esquecer. Por um momento ele queria experimentar novamente a paz que fora esses últimos meses antes de sua mãe aparecer.

Ligou seu celular. Lembrou que noite passada Nina insistira em fazer Romeo prometer levá-la para dormir na casa de Nicholas, ela já havia feito isso antes e eles tiveram uma noite de salão de beleza ninja antes de ela cair no sono na cama de Nicholas e o próprio cochilar no sofá.

Romeo lembrava-se de ter se encostado no batente e encarado a cena de sua pequena irmã dormindo na cama de Nick. Se perguntou quando sua família ficou tão dependente dele. Quando seu pai começou a relaxar quando o via sair com Nicholas, quando Nina passou a perguntar todos os dias pelo "tio Nick" e quando Romeo começou a pensar na sua família com o namorado já parte dela.

O loiro se lembrava de tê-lo visto algumas vezes antes da detenção, já que ele era primo de Lucas isso acabava sendo inevitável. Mas nunca nos seus sonhos mais insanos ele imaginou que o jovem de cabelos bagunçados ocuparia tanto tempo na sua mente. E Nick embaralhava seus pensamentos num momento em que o loiro realmente não precisava de pensamentos embaralhados. Ele estava mais do que resignado com a vida que levava, tinha Lucas como uma companhia fiel embora irritante, mantinha as boas notas o que fazia seu pai não o atormentar sobre brigas e detenções, descarregava toda a excitação nas veias usando os punhos cerrados e seu cano de ferro.

Era mais fácil assim.

Não havia pensamento complicado ou nuvens em sua mente. Uma briga era uma briga, começava e terminava ali, esquentava o corpo de Romeo momentaneamente e o loiro ia para casa com os membros dormentes e mais uma vitória nas costas. Simples assim.

Mas Nicholas? Nicholas não era simples e Romeo se tornava mais ganancioso com o passar dos meses. Nick roubara a atenção do loiro de brigas, ele não ligava mais quando Pablo o provocava ou quando sabia que alguns arruaceiros estariam arrumando confusão. Por mais que uma boa briga fizesse seu sangue correr e a adrenalina tomar conta de Romeo, não era nada comparada ao que Nicholas fazia com ele.

Sentia uma corrente elétrica subir sua espinha só com o pensamento.

Romeo se acostumou com os olhos de Nick sobre si, com suas insistências obscenas, suas mãos esgueirando-se sobre seu corpo. Engoliu a seco, todas as sensações que andava evitando agora inundavam-no. Uma tempestade se formando em alto-mar. A lembrança presa na imagem da garganta de Nick, do seu queixo e dos seus lábios entreabertos.

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