spoiled lxve

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"Como eu te amo pra caralho" era a frase que dominava os pensamentos de Pablo a tarde inteira, a noite toda e no princípio da manhã. Ele tinha se recusado a chorar, não era uma garota, não ia ficar choramingando pelos cantos por causa de Romeo. Mesmo assim, isso não o impediu de acumular lágrimas nas bordas dos olhos, molhando seus cílios e deixando seu nariz vermelho.

Pablo segurava o celular com força nas mãos, não porque ele iria fazer algo com o objeto, mas porque foi impedido disso. Observou a tela e cada espiada na foto era como um soco no seu peitoral. Romeo chegou a tempo de impedir que Pablo conseguisse terminar o que começou, era verdade, mas antes disso algo também o impedia. Ele não sabia o que era. Mas se ele tivesse mostrado a bruxa da mãe de Romeo a foto que tinha tirado do filho, ela com certeza iria se jogar na frente do primeiro carro que passasse. Para a infelicidade de Pablo, isso não aconteceu.

Não iria julgá-la, tampouco. Ele mesmo tinha o estômago revirado quando encarava a foto tirada de longe, com o zoom no máximo, de Romeo e Nick sob as arquibancadas do campo. Pablo queria dizer que ficou lá para tirar a foto e foi embora, mas a verdade era que ele não desgrudou os olhos um momento sequer. Ele nunca desejou tanto ser outra pessoa como ele quis ser Nicholas, como ele quis beijar Romeo, ouvir seus gemidos, tê-lo nos lábios, senti-lo nos dentes. Soltou o ar dos pulmões.

Mas ele não era Nicholas e agora a foto não importava, as brigas não tinha importado também. Quando foi confrontar Romeo ele viu nos seus olhos como suas pupilas eram opacas quando encaravam Pablo, nem mesmo havia o brilho excitante de uma boa briga, como se Nicholas tivesse colocado um filtro espesso nos olhos do loiro, um que só era removido na sua presença.

Mordeu a língua. Ele devia apagar aquela foto, como também qualquer lembrança de Romeo da sua mente. E ainda assim, ali estava ele, no meio de um parquinho abandonado, quase cinco da manhã com os olhos ardendo de tanto olhar para aquela tela.

— Mas olha só quem temos aqui. — uma mão vinda do nada arrancou o celular de Pablo e ele virou-se de supetão, o coração pesado e horror se instaurando frio e cortante nas suas veias. Era Atlas, tão grande e alto e feio como sempre, mas não era o brutamontes que o preocupava. Era o desgraçado atrás dele. Em Ardosa, era de conhecimento comum entre os jovens que se você queria briga Pablo e Romeu sempre estavam querendo arrumar alguma confusão. Assim como todos também sabiam que era preferível dever favores ao diabo à Phoenix. — O que você está vendo de tão interessante? — ele perguntou num murmuro quando Atlas entregou a ele o aparelho.

— Não! — saiu suplicante dos lábios de Pablo e ele avançou, batendo em Atlas como se tivesse seu tamanho e recebendo tapas e pancadas em seu rosto e peito, mas se doeu Pablo não demonstrou, ele só queria pegar seu celular de volta e impedir Phoenix de ver a imagem. Romeo já o evitava o suficiente, se aquela foto vazasse ele jamais olharia no seu rosto de novo. Socou o estômago de Atlas e acertou seu nariz com o joelho quando ele se curvou, jogando-o para o lado só para encontrar Phoenix terminando de compartilhar a foto para si. Todo o sangue de Pablo migrou para seus pés. Não. Seu pulmão expulsou todo seu ar. Tentou pegar os celulares, mas hesitou por tempo o suficiente para Atlas se recompor e agarrá-lo por trás, travando seus movimentos.

Phoenix olhou para ele do mesmo jeito que uma leoa encara sua presa e seu sorriso foi de orelha a orelha. Ele não era tão mais alto que Pablo assim, mas tinha uma presença dominante, sufocante e veterana. Ele era uma ameaça, porém não do tipo que te espanca e te deixa sangrando numa viela, e sim do tipo que te faz beber mercúrio e agradecer por ser tão generoso. Phoenix tinha longos cabelos escuros como a noite metade presos num coque que podiam enganar olhos menos atentos, fazendo-os acreditar que alguém com olhos afiados, lábios simétricos e cabelos sedosos jamais machucaria uma mosca.

Em resumo, Phoenix era traiçoeiro.

— Eu já estava atrás de você, mas quem diria que você também tinha um presente pra mim? — murmurou zombeteiro. Phoenix tinha aquela voz baixa, vibrante, na qual ele poderia muito bem estar flertando ou fazendo uma ameaça. Ou os dois.

— Vai se foder! — xingou entre dentes e teria dito mais se Atlas não tivesse torcido seu ombro.

Phoenix franziu o cenho tão levemente que Pablo achou estar imaginando coisas na quase penumbra.

— Você é obcecado em foder, Pablo? — mostrou a ele a foto na tela e mais uma vez o deixou sem forças. — É por isso que fica tirando foto dos outros? — trouxe a tela do celular para si. — Fofos. — murmurou. — Você ia postar?

Ar deixou os pulmões de Pablo mais uma vez e sua visão ficou momentaneamente desfocada.

— Não ouse. — era quase um rosnado, mas saiu tão fraco quanto um miado.

— Hmm. — ponderou, a luz da lua iluminando seus olhos escuros, divertidos. — Sabe por que eu estava atrás de você?

Pablo sabia. Ele já estava esperando. Não achava que Phoenix iria até ele pessoalmente, mas sentia que tinha armado uma bomba relógio nas mãos e só Phoenix sabia o horário da explosão.

Ele não respondeu e isso irritou o outro.

Phoenix se aproximou e em resposta o joelho de Atlas acertou a coxa de Pablo, forçando-o para frente e mais um chute o deixou ajoelhado.

— Não seja um menino mau. — suspirou gentilmente, como um amigo mais velho do seu irmão que vai te ensinar péssimos hábitos. — Responda o que eu perguntei ou faço Atlas encher sua boca com a areia do parque.

Um som de protesto quase deixou seus lábios.

Sei.

— Só isso? — colocou as mãos nos bolsos casualmente.

Engoliu a seco.

— Eu não achei que você gostasse tanto do seu irmãozinho. — era uma aposta e Pablo não pensou nas consequências quando rastreou ele e o espancou, embora ele tenha pensado que receberia alguma recompensa de Romeo.

Phoenix voltou a suspirar e demorou como se estivesse se perguntando se Pablo merecia uma resposta.

— Maximo é egoísta, arrogante e um covarde. Se você não tivesse espancado ele, eventualmente eu teria. — agachou-se para ficar na mesma altura de Pablo e a luz do amanhecer por fim chegava em suaves cores quentes no seu rosto anguloso. — Mas ele era útil para mim. E como você quebrou meu antigo brinquedo, agora eu preciso de um novo. — soprou num tom profundo.

Jogou o celular na sua frente e mostrou a foto compartilhada no seu próprio.

— Eu não sei o que é tão bom no Romeo para todos vocês ficarem como cadelas no cio atrás dele, mas isso não importa. Esteja aqui amanhã nesse mesmo horário. — levantou-se, sombras tomaram conta do seu rosto. — Você vai brincar comigo agora. — e saiu cantarolando uma música familiar.

[...] 

oi família rsrs aqui só pra avisar que essa fanfic é um spin-off e já tá disponível com o nome de spoiled lxve 

é isso, bjos (lê lá, me dá dessa moral :'))

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⏰ Last updated: Feb 28 ⏰

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brutal, stupid, lxveWhere stories live. Discover now