brutal, stupid, lxve

lxve by damage: silêncio à quatro

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Parte 2, Capítulo treze: silêncio à quatro

Romeo não entrou na festa imediatamente. Ele encarou o prédio do lado de fora, as luzes psicodélicas que saíam pelas janelas e porta não eram convidativas o suficiente. Ele queria girar o corpo e voltar para casa, afundando os calcanhares nas suas próprias frustrações. Ou melhor, ele queria sacar o celular e ligar para Nicholas. Queria pedir que ele saísse da festa de Lucas e desse a Romeo a atenção que o loiro desejava. Mas aquela sensação crescente de que aquele tipo de demanda estava fora do seu alcance o atingiu, e ela era mais gélida que a noite.

Ele sentiu uma impotência opressora. Dominadora e sufocante. Talvez não fosse o melhor momento. Talvez Nicholas não quisesse vê-lo. Afinal, foi por isso que ele viajara, não? Talvez Romeo tivesse perdido sua oportunidade. Mas então seus olhos captaram de relance uma conhecida cabeleira bagunçada passando por uma janela e depois outra. Romeo acompanhou o caminho e deduziu que ele saíra pela porta de trás. Apressou o passo numa quase corrida, o ar gelado cruel contra seus pulmões, mas ele não se importava. Do outro lado do espaço, Nicholas saiu por uma porta lateral. Os batimentos de Romeo se aceleraram numa antecipação rude.

Ele sentiu um arrepio descer sua espinha e por um momento era como se estivessem na detenção novamente. Não havia ar o suficiente ao seu redor. Romeo encontrou Nicholas do lado de fora. Ele nunca tinha achado o outro feio ou ordinário, ele tinha uma beleza acima da média. Mas àquela noite, àquela luz, ele estava deslumbrante aos olhos do loiro. Talvez fosse a saudade, quem sabe. Mas a pele dele parecia mais macia, os cabelos mais sedosos, os lábios mais convidativos. O perfume dele estava no ar. Romeo sentia seu gosto no fundo da garganta.

Estava escuro e levemente frio e Nicholas se encostava na parede da casa ao lado, mas sua atenção estava totalmente voltada para algo que acontecia dobrando a esquina, perto de um contêiner.

Ele nem viu Romeo se aproximar, o que permitiu que o loiro captasse o brilho nos seus olhos, os pontos vermelhos surgindo nas bochechas e o sorriso automático quando Nick o percebeu. Eles não se viam desde o dia que sua mãe aparecera e parecia, para Romeo, que aquele tempo era uma punição divina por ter sido tão desagradável com o namorado. A presença de Nicholas fazia algo com o interior de Romeo que nem o loiro podia explicar, mas era bom. E quente. E tempestuoso.

Romeo queria saber o que ele estava fazendo lá.

— O que...?

Nicholas levou o indicador para os lábios e atraiu a atenção de Romeo para essa parte. Os olhos dele refletiam sob a luz da lua.

— Quando você está indo? — Romeo ouviu a voz abafada de Jade chegar até eles e cerrou os olhos. Então era isso que Nicholas estava fazendo.

Mas Romeo não queria ouvir a conversa dos outros. Ele queria um momento de Nicholas para si. Arqueou a sobrancelha direita. Ao invés disso, Nick deu outro sorriso a ele, puxou levemente sua camisa para que se juntasse a Nicholas e pudesse ouvir melhor. A proximidade era eletrizante, pouco da sua atenção estava realmente na conversa ao lado.

— Semana que vem. — Lucas respondeu, a voz tão relaxada quanto uma corda esticada. Parte da atenção de Romeo foi roubada. Ele poderia enganar Jade e Nicholas com aquele tom, mas Romeo sabia que havia algo diferente na sua voz. Inclinou a cabeça para ouvir melhor, mas o perfume de Nicholas o atingiu e fez sua boca salivar. Porra, como ele tinha sentido falta dele. Encarou o perfil do outro. — Já está com saudades?

— Ah, sim. — aparentemente era para sair como uma brincadeira, mas Jade acabou soando séria demais. Verdadeira demais. Nick e Romeo trocaram um breve olhar. Ela pigarreou. — E por que uma universidade tão longe? Está devendo para alguém?