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Era outono. As árvores do cemitério ganham um tom marrom de decomposição e uma brisa fria assoviava, tomando o lugar do calor sufocante do verão na Virginia. Não que eu o sentisse muito. Como vampiro, meu corpo só registrava a temperatura de minha próxima vitima, aquecido pela expectativa daquele sangue quente correndo em minhas veias.

Minha próxima vitima estava a apenas alguns passos de mim: uma garota de cabelos castanhos que então escalava a cerca da propriedade dos Haternett, vizinha ao cemitério.

-Clementine Haverford, o que está fazendo fora da cama tão tarde? - Meu comportamento brincalhão estava em desacordo com a sede abrasadora e pesada que me tomava. Clementine não devia estar aqui, mas Matt Hartnett sempre fora carinhoso com ela. E, embora Clementine estivesse noiva de Randall Haverford, seu primo de Charleston, era evidente que o sentimento era mútuo. Ela já estava em um jogo perigoso, mas não sabia que ele estava prestes a se tornar mortal.

Clementine semicerrou os olhos no escuro. Pelas pálpebras pesadas e os dentes manchados de vinho, pude perceber que ela havia tido uma longa noite.

-Stefan Salvatore? - ofegou ela - Mas você está morto.

Dei um passo na direção dela.

-Estou mesmo?

-Sim, fui ao seu enterro. - Ela tombou a cabeça para o lado. Mas não parecia tão preocupada. Era praticamente uma sonâmbula inebriada de vinho e beijos roubados. - Estou sonhando?

-Não, não é um sonho - falei com a voz rouca.

Peguei-a pelos ombros e a puxei para perto. Ela se inclinou sobre meu peito, e o tambor alto das batidas de seu coração encheu meus ouvidos. Ela cheirava a jasmim, como no verão passado, quando minha mão roçou o corpete do vestido enquanto faziamos um dos jogos de beijos de Damon so a ponte Wickery.

Passei um dedo em seu rosto. Clementine foi minha primeira paixão, e eu sempre me perguntava como me sentiria ao segurá-la assim.Encostei os lábios em seu ouvido.

-Sou mais como um pesadelo.

Antes que Clementine pudesse soltar algum ruido, cravei os dentes diretamente na jugular dela, suspirando quando o primeiro jato atingiu minha boca. Ao contrário do que sua imagem sugeria, o sangue de Clementine não tão doce quanto eu imaginara. Tinha gosto de fumaça e era amargo, como café queimado num fogão quente. Ainda assim, bebi intensamente, drenando-a toda, até que ela parou de gemer e sua pulsação se reduziu a um sussuro. Ela ficou frouxa em meus braços e o fogo que ardia em minhas veias e em meu estômago se apagou.

Por toda a semana cacei segundo minha vontade, tendo descoberto que meu corpo exigia duas refeições por dia. Geralmente, eu só ficava ouvindo o fluido vital correndo pelos corpos dos matadores de Mystic Falls, fascinado pela facilidade com que eu podia tirá-lo se quisesse. Quando atacava, era com muito cuidado, alimentando-me de hóspedes do pensionato ou pegando um dos soldados perto de Leestown. Clementine seria a primeira vítima que já tinha sido minha amiga - a primeira vítima de que o povo de Mystic Falls sentiria falta.

Soltando os dentes de seu pescoço, lambi os lábios, deixando minha língua saborear o ponto de sangue fresco no canto da boca. Depois arrastei-a para fora do cemitério, voltando á pedreira onde eu morava com meu irmão, Damon, desde que havíamos sido transformados.

O sol deslizava pelo horizonte e Damon estava preguiçosamente sentado á beira d'água, vislumbrando suas profundezas como se elas contivessem o segredo do universo. Ele tinha estado assim todos os dias desde que despertamos como vampiros, sete dias antes, lamentando a perda de Katherine, a vampira que nos transformou no que somos agora. embora tenha me tornado uma criatura poderosa, celebrei a morte dela, ao contrário de meu irmão. Ela me fez de bobo, e sua lembrança me recordava de como um dia fui vulnerável.

sede de sangue -diarios de Stefan -vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora