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Minhas pálpebras pesadas lutaram para se abrir um pouco. Eu não sabia quando tempo tinha se passado. Teria sido uma noite? Duas? Uma semana? Estava escuro.

Eu tinha uma vaga consciência de ouvir passos e gritos, e, uma vez, uma voz que parecia a de Callie chamando meu nome. Mas um dia acordei sem voltar imediatamente á incosciência. Levantei os braços, percebendo que haviam me acorrentado á parede. A verbena queimava meus braços e pernas. Tinha crostas de sangue seco port todo o corpo, impossibilitando-me de saber onde eu estava ferido. Ao meu lado, Damon estava sentado de joelhos flexionados contra o peito. Seu corpo estava coberto de sangue e o rosto estava abatido. Sombras escuras estavam ao redor de seus olhos encovados, mas um lento sorriso se espalhava pelo rosto.

-Agora não está tão poderoso, não é mesmo, maninho?

Esforcei-me para ficar sentado. Meus ossos doiam. O sótão estava imerso numa luz acinzentada e fraca que vinha de uma janela suja. Podia-se ouvir o andar e o farejar de um camundongo em algum lugar do outro lado da sala. Uma sensação de fome se agitou dentro de mim e percebi que não me alimentava desde que cheguei ali. No canto, dois guardas desconhecidos estavam sentados, sem perceber nossa conversa quase silenciosa.

Balancei a cabeça, enojado. Como pude ser tão idiota? Lexi tinha razão. É claro que tinha. Callie me traiu. Devia ser o plano dela o tempo todo, desde o segundo em que viu o meu anel em meu dedo, o anel igual ao de Damon. Eu devia ter percebido no momento em que vi o pai dela no sótão. Como pude entrar numa armadilha tão obvia e estúpida? Merecia mesmo ser acorrentado como um animal.

-Você a amava? - perguntou Damon, como se lesse meus pensamentos.

Eu olhava fixamente para a frente.

-Ela não veio fazer nenhuma visita, caso esteja curioso - continuou Damon num tom amistoso - Ela é bonita, mas em minha humilde opinião, podia ter arrumado coisa melhor.

A raiva estimulou minhas presas.

-Aonde quer chegar com isso? - grunhi.

Damon gesticulou para as grades.

-A lugar nenhum, ao que parece. Excelente tentativa de resgate, a sua.

-Pelo menos tentei - falei, minha fúria dando lugar á resignação

-Mas por que você sequer se preocupou em tentar? - Os olhos de Damon faiscarem - Eu não deixei inteiramente claros meus sentimentos por você?

-Eu... -tentei falar antes de perceber quem sabia por onde começar. Como poderia explicar que seu resgate não era uma opção minha? Que o mesmo sangue corria em nossas veias, que estávamos ligados um ao outro? - Isso não porta.

-Não, não importa - disse Damon, assumindo um tom filosófico.- Afinal, nós dois estaremos mortos em breve. A questão é: você será morto por um crocodilo ou por um tigre? Ouvi Gallagher dizer que os crocodilos são os melhores adversários numa luta, porque nçao matam direito. Eles prolongam a agonia.

Neste momento, a porta do sótão se abriu com um floreiro e Gallagher entrou com as botas ecoando no chão.

-Os vampiros acordaram! - berrou ele.

Os dois guardas saltaram, atentos, fingindo que estiveram nos vigiando o tempo todo. Gallagher andou até a jaula, ajoelhando-se até o nivel de nossos olhos. Seu terno de três peças era impecável, como se tivesse enriquecido como financista e não torturando vampiros.

-Ora, ora, ora... A semelhança familiar é evidente. Estou envergonhado de não ter percebido antes - Ele passou o braço pelas grades e segurou minha camisa, puxando-me contra a lateral da jaula. Meu rosto bateu nas grades e estremeci quando um objeto de madeira entrou em meu peito.

Uma estaca.

-E você quase se safou agindo como um humano! - Gallagher virou a cabeça para trás e riu, como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo.

-Você não vai se safar dessa - sibilei, a dor rasgando meu corpo enquanto ele cravava ainda mais a estaca na pele.

-Preste atenção, vampiro! - disse Gallagher, repuxando os lábios numa careta - Acho que vou apostar que será você a morrer. Sim, acho que é isso que acontecerá - Ele se virou para os dois guardas - Oviram? Uma dica de chefe. Apostem no de cabelo pretos - disse Gallagher, girando a estaca em meu corpo.- creio que seu irmão tem mais ódio nas entranhas.

Eu não podia ver o rosto de Damon, mas imaginava o sorriso malicioso que sem dúvida surgia nos seus lábios.

Gallagher riu pelo nariz e jogou a estaca ensopada de verbena no chão.

-Ah, e não quero mais que se divirtam usando as estacas nos vampiros - disse ele para os guardas. O grandalhão olhou para o chão, culpado.

-E por que não? - perguntou o outro, indignado - Faz bem. Mostra o lugar deles.

-Porque queremos os dois em ótima forma para a luta - disse Gallagher, fazendo uma voz exagerada de paciência, Então sorriu para nós. - É isso mesmo, rapazes. Os dois vão lutar entre si, até a morte. É a solução perfeita. Terei um vampiro morto para vender os pedaços, um vivo para as apresentações e o lucro além da imaginação mais desvairada. Sabe de uma coisa? Pode até ser um sacrilégio falar isso, mas graças a Deus existem vampiros!

Com essa, Gallagher se virou para sair do sótão, batendo a porta ao passar. Afundei de encontro com ás grades. Damon fez mesmo, fechando os olhos. Os dois guardam nos olhavam, boquiabertos.

-Sei que o chefe disse o de cabelo preto ali, mas ele não parece meio fraquinho? Meus centavos vão para esse sujeito - comentou um.

-Ih, eu sempre sigo o que o chefe diz. Além do mais, não é questão de tamanho, é? - disse o mirrado, parecendo afrontado pela implicância do primeiro guarda.

Escorreguei contra a parede, fechando os olhos. O ódio que meu irmão tinha por mim certamente era suficiente para querer me ver morto. Mas Damon realmente me mataria?

-Sou mais cruel do que um crocodilo, maninho - disse Damon com um sorriso, de oljhos ainda fechados - E essa é a melhor notícia que tive desde que nos transformamos em vampiros! - ele riu, alta e longamente, até que um dos guardas se aproximou e, apesar das ordens de Gallagher, apunhalou-o com uma estaca cheia de verbena.

Mas, mesmo assim, ele continuou a rir.

sede de sangue -diarios de Stefan -vol.2Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang