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-Lembra de quando quebramos a tigela de cristal de mamãe? E eu fiquei tão preocupado com a reação dela que chorei? - perguntei

-Lembro, e papai decidiu que eu era culpado, me deu uma surra de chicote e me chamou de mau - disse Damon com tédio - Tentei facilitar sua cida, maninho. Mas, para mim, acabou. Desta vez, quero que tenha exatamente o que merece.

- O que quer que eu diga, Damon? - perguntei com raiva, tão alto que os dois guardas olharam, surpresos.

Damon parou, os olhos entreabertos.

-Vou lhe dizer exatemente o que quero que diga... Pouco antes de matar você.

Revirei os olhos numa frustação furiosa.

-Pensei que era você que queria morrer. E agora vai me matar?

Damon riu.

-Sabe que agora, pensando bem, ser uma besta do inferno pode não ser tão ruim? Na verdade, acho que é um papel que posso assumir, inteiramente. Talvez o objeto de meu desprezo nçao fosse meu novo estado. Mas sim você. Mas se você morrer...

-Seu eu morrer, você ficará no show de aberrações de Patrick Gallagher para sempre.

-Mas admita, maninho. Não acha que o freak show de Patrick Gallagher é mais divertido do que o inferno? E depois de me fortalecer um pouco, acho que posso planejar uma fuga tranquilamente.

-E então tenho certeza de que vai ser pego, como fez na primeiraa vez - falei, enojado.

Recostei a cabeça nas grades da jaula. A luta seria dali a uma hora e eu não desistiria de tentar convencer Damon, despertar algum possível fio de ligação entre nós. Mas, independentemente do que eu dissesse, ele ou me fazia provocações ou me ignorava.

Era impossível saber há quanto tempo estávamos presos. Desde que me tornara vampiro, o tempo adquiriu um caráter diferente. Segundos e minutos não importavam mais. Descobri que estar aprisionado devolvia a importância ao tempo, porque cada segundo nos colocava mais próximos de nossa batalha.

Enquanto esperava, repassei mentalmente os vários resultados possíveis da luta.Imaginei Damon quebrando meu pescoço, rugindo de triunfo para a multidão. Vi a mim mesmo sucumbindo á furia, subtraindo acidentalmente a vida de meu irmão - de novo.

Mas o que aconteceria se nos recusássemos a lutar? Poderiamos enfrentar juntos todo o público? Poderíamos, de algum modo, tramar uma fuga? Sim, os criados de Gallagher tinham verbena e estacas, mas nós tínhamos o Poder. Se eu tivesse Callie a meu lado...

Meu coração doeu ao pensar na traição dela. A imagem de seu cabelo vermelho-fogo e dos olhos cintilantes sempre tomavam minha cabeça, inflamando incessantemente a minha raiva e a minha mágoa. Cerrei os punhos. Se eu tivesse dado ouvidos a Lexi... Se não tivesse me deixado envolver por uma humana.

Se eu tivesse de morrer, meu único objetivo era morrer de olhos fechados em vez de procurar o rosto dela na multidão.

-Vamos, rapazes! - gritou Gallagherm abrindo a porta como se estivesse chamando duas crianças para uma caminhada de manhã cedo. Ele vestia um paletó preto e um relógio de ouro novinho que brilhava na fraca luz do sol. Estalou os dedos e os guardas se levanaram imediatamente, fazendo tumulto ao vestir o uniforme improvisado de tratador de vampiro: luvas, botas e guirlandas de verbena.

A porta da jaula foi aberta e os guardas nos puxaram rudemente para fora, apertando a mordaça em nossas presas e acorrentando nossas mãos ás costas. Fomos vendados, depois retirados do sótão e levados ao fundo de uma carroça de ferro preto.

sede de sangue -diarios de Stefan -vol.2Where stories live. Discover now