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Damon. Morte.

As palavras flutuavam em minha mente enquando eu tentava entender o que via. Damon estava vivo. Mas quem sabia por quanto tempo? Se tinha sido capturado, sem dúvida estava fraco. como sobreviveria a uma fera voraz numa batalha?

A raiva correu pelo meu corpo, junto com a familiar dor do alongamento das presas. Arranquei o cartaz com um rosnado.

-O que foi? - sibilou ela, com as presas á mostra.

Ergi o papel.

-Meu irmão - falei, olhando para o cartaz sem compreender. A foto fazia parecer um monstro. Meus olhos disparavam.

-A luta será daqui a dois dias.

Lexi concordou com a cabeça, pegando o papel.

-Gallagher o encontrou - disse ela quase para si mesma.

Balancei negativamente a cabeça, sem entender o que ela quisera dizer.

Ela suspirou.

-Um poderoso homem de negócios. É dono de muitos lugares da cidade, inclusive um circo medíocre e um show de aberrações. Sempre procurando por curiosidades para exibir, e as pessas parecem sempre ter dinheiro para ver. Seu irmão...

-Damon- falei, interrompendo-a - O nome dele é Damon

-Damon- disse Lexi gentilmente, acompanhando os traços da imagem com os dedos.

-Ele não merece isso- falei, quase para mim mesmo - Preciso ajudá-lo. Mas... - interrompi-me. Mas o quê? Com poderia salvá-lo:

-Precisamos encontrá-lo - decidiu Lexi. Ela espanou as folhas e a terra da parte de trás da calça. - Você confia em mim?

E eu tinha alternativa? Esquecendo-me da fome, segui-a pelo bosque, voltando ás ruas largas e silenciosas da cidade.

-Gallagher mora em algum lugar no Garden Distrect, como todos os outros novos-ricos. Na Laurel Street, imagino - murmurou Lexi enquanto iamos para o centro da cidade - Isso já aconteceu, pouco depois de Gallagher chegar a Nova Orleans cinco anos atrás.

-O que houve? - perguntei, seguindo-a de perto nas sombras.

-Ele achou um vampiro. ele sabe nos encontrar. Ou talvez nós é que saibamos achá-lo. Mas o outro vampiro não fazia parte de minha familia. E... -parou de falar de repente.

-O que aconteceu com ele?

Lexi limitou-se a balançar a cabeça. Chegamos ao Garden Distrect, onde as ruas eram largas e os gramados que envolviam as casas vitorianas cor de sobert eram amplos e exuberantes.

-Aqui - Ela parou na frente de uma mansão cor de pistache protegida por uma cerca de ferro trabalhado. Magnólias e lírios se derramavam pelo portão e o ar cheirava a hortelã. Pouco adiante, havia uma enorme horta que tomava um quinto da propriedade. Retraí-me ao nos aproximarmos, visto que ali era cultivada uma quantidade generosa de verbena.

Lexi torceu o nariz.

-Ele conhece todos os truques - disse ela com ironia.

Abrimos o portão, nossos passos mal fazendo barulho sobre o cascalho no caminho que circundava a casa. Cigarras cantavam nos plátanos acima de nós e eu podia ouvir cavalos andando no estábulo.

Então ouvi um gemido baixo.

-Ele está lá atrás - falei.

Lexi olhou para o céu. Faixas alaranjadas começavam a aparecer sobre o horizonte, faltava cerca de uma hora para o amanhecer.

-Falta muito pouco para o amanhecer - disse Lexi - Nem tinha percebido que era tão tarde. Preciso ir.

Olhei duramente para ela.

-Não estou protegida - Seus dedos indicaram meu anel e eu baixei a cabeça, envergonhado. O adereço de lápis-lazúli agora fazia parte de mim e eu me esquecera de que isso me tornava diferente dos outros vampiros, capaz de andar á luz do dia. Katherine garantiu que Damon e eu tivéssemos esta proteção.

-Voltaremos amanhã. Os outros poderão ajudar - insistiu Lexi

Neguei com a cabeça.

-Não posso deixá-lo

Um passarinho cantou em uma árvore e de algum lugar próximo veio o som de vidro se quebrando. As faixas alaranjadas no céu ficava mais largas e mais luminosas.

-Entendo - disse Lexi por fim - Tenha cuidado. Não banque o heroi.

Concordei, olhando o terreno e procurando por qualquer guarda ou animais espreitando para atacar. Quando levantei a cabeça. Lexi havia desaparecido e eu estava sozinho.

Correndo rápidamente para os fundos da casa, fui para o estábulo caiado. Cavalos batiam nervosamente os cascos no chão, obviamente sentindo a minha presença. A porta do estábulo estava trancada com cadeado. Segurei a corrente, testando-a.

Embora eu mal tivesse me alimentado desde a noite anterior, seria fácil quebrá-la com as mãos. Mas algo me impedia. Não banque o heroi. As palavras de Lexi ecoavam em minha mente.

Ela se tornara minha guia nos últimos dias, e eu sabia que era de invasão, melhor conhecer o terreno antes de tomar alguma atitude precitada.

Rompi a corrente e ela caiu sobre a porta com um ruído. Um cavalo relinchou. Fui até o outro lado do estábulo, onde uma janela empoeirada estava entreaberta.

-Irmão? - sussurrei pela janela com a voz rouca. O cheiro enjoativo de verbena estava por todo lado, deixando-me debilitado e nauseado.

No canto, uma figura imunda se esforçou para se levantar. Damon. Suas mãos e pés estavam presos por correntes, e a pele, coberta de marcas vermelhas. As correntes deviam estar ensopadas de verbena. Estremeci, solitário.

Os olhos de Damon se fixaram nos meus.

-Você me encontrou - disse ele sem emoção nenhuma no rosto - Está feliz por me ver perto da morte, maninho?

-VIm aqui para salvar você - falei simplesmente. Os cavalos levantaram serragem ao bater as patas, alterados; não havia muito tempo antes que alguém na casa ouvisse a agitação.

Damon deu de ombros, um esforço que claramente exigiu toda a sua energia. Seus olhos estavam vermelhos e vidrados. Um grande corte lhe atravessava a testa, passando pela sombracelha.

Ele estava péssimo, magro, claramente não se alimentava havia dias.

Olhei em volta, na esperança de encontrar alguma coisa - um esquilo, um coelho, um roedor qualquer - para matar e atirar a ele, mas não havia nada.

-Então o assassino de sangue frio vai me salvar - Damon tentou abrir um sorriso fraco. Recostou-se na parede, agitando as correntes.

-Damon, temos que...

De repente ouvi o bater de uma porta e em seguida o latido de um cão. Virei-me para a casa principal.

-O que você pensa que está fazendo? - gritou uma voz.

Parei, de mãos erguidas, sem saber o quem, ou o que, tinha me encontrado desta vez.

sede de sangue -diarios de Stefan -vol.2Where stories live. Discover now