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Ajeitei os punhos de minha camisa branca bem-passada e abotoei o paletô. Os botões de bronze brilhavam á luz dos lampiões enquanto eu entrava na esquina da Laurel Street.

Passei a mão no rosto para ter certeza de que não havia nenhum resto de sangue em meus lábios. Visitei minhas garçonete do Miladies, saciando a fome antes de minha noite na cidade com Callie. O sangue da garçonete era doce, com lírios banhado em mel. No segundo em que o calor atingiu minha língua, meus sentidos se aguçaram e o mundo ficou mais claro.

Agora as cigarras chiavam em meus ouvidos e o cheiro das rosas me assaltava, mas meu estômago estava calmo e as veias saciadas. Eu estava pronto para meu encontro.

A praça no final da rua era repleta de magnólias e antigos olmos, e no meio havia uma fonte de mármore adornada pela escultura de uma mulher nua. Juto ás borbulhadas da fonte, pude ouvir o bater de um coração humano.

-Olá? - chamei

-Stefan! - Callie saiu de trás de um querubim de pedra á luz fraca de um lampião a gás. O cabelo ruivo. como uma chama na luz bruxuleante, descia solto e cacheado pelos ombros. Estava com um vestido cor de creme simples, com um corpete de renda e uma saia pregueada que marcava os quadris magros.

O snague disparou por meu corpo.

-O que foi? - disse Callie, ruborizando ao notar meu olhar.

-Você parece, humm, uma mulher - falei. Ela estava linda.

-Meu Deus, obrigada - Callie revirou os olhos e bateu levemente em meu ombro - Está acostumado a me ver com roupas de trabalho - Ela me fitou - Você está bem bonito.

Dei um pigarro e puxei o colarinho. De repente minhas roupas pareciam desagradáveis e apertadas, e o ar da noite era sufocante. Perguntei-me por um breve instante se a garçonete tinha algo no sangue que não combinava comigo.

-Agradeço-lhe - falei formalmente.

-Stefan? - Callie levantou o braço, na expectativa.

-Ah, mas é claro - Peguei seu braço e o contornei com o meu. A mão sardenta rouçou minha palma. Encolhi-me e ajeitei para que sua mão poussasse no tecido macio do paletó.

-Para onde, Srta. Gallagher?

Ela me olhou com um sorriso.

-Bourbon Street, é claro.

Callie me guiou pelas transversais de paralelepipedos, onde gardências tombavam de sacadas. Tive a ideia repentina de pegar uma e colocar atrás de sua orelha. Em Mystic Falls, era costume levar flores ou uma lembrança quando visitávamos uma dama.

-Quer saber de um segredo? - sussurrou Callie.

-Qual? - perguntei, curioso. Eu já era portador de segredos demais. Mas talvez o de Callie me levasse a Damon...

Ela ficou na ponta dos pés e colocou a mão em concha sobre meu ouvido. O som de seu sangue bombeando por sob a pele se amplificou dez vezes. Cerrei os dentes, obrigando minhas presas a se retrairem.

-Sua camisa está para fora da calça - cochichou ela.

-Ah - falei, constrangido, enquanto ajeitava a camisa - Obrigado.

Callie soltou uma risada alegre.

-Sabe o que realmente quero ver? - perguntou, pegando meu braço.

-O que? - perguntei, tentando dedicar todas as minhas energias a não ouvir a pulsação constante de seu sangue.

-Um espetáculo burlesco. Madame X tem um espetáculo do qual todos estão falando - disse ela.

Andamos juntos pela cidade, passando por grupos ruidosos e bondes vacilantes, e acabamos em um bairro bem-cuidado, na frente de uma casa imaculada e imponente. Uma placa simples ao lado da porta dizia MADAME X em caracteres pretos. Uma leve luz de lampião saia de todas as janelas e carruagem paravam, uma após a outra, junto ao portão da frente para deixar que seus passageiros elegantes adentrassem nas profundezas da casa nortuna.

sede de sangue -diarios de Stefan -vol.2Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang