A descoberta de Mahaado e Mana

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Quando Shaadii entrou, Mahaado desistiu imediatamente de abrir um sorriso de boas-vindas e decidiu exibir um semblante repleto de preocupação ao ver o rosto sério do Guardião da tumba.

Quando o mago estava prestes a perguntar o que ocorreu com ele, Mana se levanta da cadeira e corre até o recém-chegado, o abraçando na cintura enquanto exibia um sorriso em seu rosto ao mesmo tempo em que se encontrava completamente alheia do estado emocional do outro egípcio:

- Bem vindo, tio Shaadii!

Ele rapidamente desfaz o semblante sério, o substituindo por um semblante gentil, para depois, afagar a cabeça da jovem enquanto falava:

- Obrigado.

Mahaado desfaz a face preocupada e exibe o seu melhor sorriso ao falar com a sua filha adotiva e aprendiza:

- Poderia preparar um café para nós dois?

- Claro!

Ela exclama animada e sai empolgada para a cozinha.

Após a jovem entrar na cozinha, o mago volta a ficar sério e pergunta em tom de confirmação:

- Aconteceu algo, certo?

- Sim, meu amigo. Acho que é melhor falarmos enquanto tomamos café. É uma longa história. Eu acho que a jovem Mana também precisa ouvir.

- É algo que devemos sentir preocupação?

- Eu não sei, ainda. Prefiro falar com vocês e depois, tomamos uma decisão sobre isso.

Após alguns minutos, Mana traz a garrafa de café enquanto Mahaado se levantava, servindo xícaras para todos, com a bronzeada adicionando leite em caixinha na mesa, além de ofertar uma travessa de biscoitos.

Então, todos se servem de café, com Mana adicionando leite na sua xícara, para depois, molhar um dos biscoitos, comendo-o em seguida enquanto Shaadii falava após sorver um gole de café:

- Eu descobri algo hoje. O Sennen aitemu foi parar nas mãos de um japonês e ele conseguiu montá-lo.

- O quê?! Ele o montou? – o mago exibe estupefação em seu semblante – Espere, um japonês o montou? Mas, como alguém conseguiu passar por todos os mecanismos de defesas físicas e mágicas daquele local? Isso é inacreditável.

A jovem aprendiza está embasbacada porque se lembrava sobre o local onde estava o item. Ela ouviu que tinha as defesas mais poderosas e que há mais de três mil anos ninguém foi capaz de passar pelas proteções, além de ser impossível passar pelo Ka que se encontrava na última câmara. Todos os bandidos que tentaram invadir a tumba ao longo dos milênios encontraram o seu fim nas armadilhas.

- Sim. Eu também fiquei estupefato. Mas, não foi o garoto. Ele é muito jovem. Deve ter sido outra pessoa. A última defesa, pelo pouco que o meu clã sabia sobre o local, consistia em realizar automaticamente o julgamento do coração daqueles que conseguiam chegar até a última parte. Um Ka monstruoso devorava os intrusos que não passavam no teste. Isso indica que alguém conseguiu um feito até então impossível.

- Deve ser alguém excepcional. Você me disse que quem colocou as armadilhas e defesas foi o Vizir e Conselheiro real Shimon Muran há mais de três mil anos, atrás, para proteger o Sennen pazuru. Ele devotou o restante da sua vida em criar as mais poderosas defesas e armadilhas. Aquele local tinha defesas superiores a qualquer outra tumba.

- Sim. Mesmo assim, essa pessoa misteriosa conseguiu passar e pegar a urna contendo o item milenar.

Ambos desconheciam o fato de que a proeza desse ato foi feita pela reencarnação atual de Shimon Muran, Sugoroku Mutou.

- Então, o que o senhor vai fazer, tio Shaadii?

O egípcio olha para a jovem e depois, para frente, suspirando, antes de contar o que ocorreu quando encontrou o jovem que havia montado o Sennen Aitemu e o teste da entidade a qual ele se sujeitou, assim como o fato de que perdeu.

- Se você perdeu um Yami no game e ainda está aqui, isso significa... – Mahaado começa a comentar em tom de confirmação.

- Isso mesmo. A única forma de você se salvar em um Yami no game após perder, é se a pessoa que ganhou o jogo ter piedade do perdedor e salvá-lo no final. Ele me salvou quando eu caí no buraco. Se ele não tivesse estendido a mão, eu teria caído nas trevas e ficaria perdido para sempre.

- Eu fico feliz que ele o salvou. – Mana demonstra felicidade em seu semblante após ficar apavorada com a menção da derrota do Guardião do túmulo em um Yami no game.

- Então, era mesmo uma entidade?

Ele percebe que se referiu a aquele que o salvou como entidade e trata de se retratar:

- Eu não sei. Eu acho surreal ser uma entidade e acredito que seja outra personalidade dele que foi manifestada pelo objeto.

- Você diz múltiplas personalidades?

- Isso.

- De fato, é surreal nos referimos a uma identidade separada porque se considerarmos isso, significa que dentro do Sennen Pazuru tinha uma alma selada e que o seu anfitrião passou a dividir o corpo com este espírito.

- Mas, porque isso seria tão surreal? – Mana pergunta inocentemente – Esses itens são mágicos e o Sennen pazuru é um item cujos poderes são desconhecidos. É sabido que serviu ao Faraó inominável antes de ser herdado pelo Faraó Seto, primo desse Faraó sem nome. Inclusive, foi ele que escondeu o objeto dentro da pirâmide após desmontá-lo a pedido do seu primo junto do fato do nome ter sido apagado a pedido da antigo Faraó. Não é estranho o pedido desse Faraó? Apagar o seu nome era considerado uma das piores punições dadas a um criminoso. Fazer isso era negar a entrada dessa pessoa no além-vida.

Ambos olham surpresos para a jovem que inclina a cabeça sem compreender, para depois, Mahaado comentar:

- Mana está certa. Eu acho que não devemos cancelar a hipótese de ser uma entidade. De fato, algo pode ter sido selado. Há muitos fatos estranhos envolvendo o Sennen Pazuru. A sua própria história é intrigante. Não foi deixado muitos detalhes escritos. Os Guardiões Sagrados remanescentes do Faraó antecessor ao Faraó Seto, inclusive o próprio rei, levaram todos os segredos para o além vida com eles. Eu acho que devemos ter a mente aberta.

Shaadii fica pensativo, para depois, consentir enquanto falava:

- Vocês estão certos. Eu acho muito cedo para tirarmos conclusões. A hipótese de ser uma entidade não pode ser descartada.

- O que vai fazer sobre isso, meu amigo?

- Ainda falta ir atrás de um dos homens que profanou o território dos Deuses. Se surgir a oportunidade de testar o portador do Sennen pazuru, eu irei aproveitar para testá-lo visando descobrir os poderes do objeto. Eu conheço o poder de todos os itens, com exceção deste porque ninguém foi capaz de montá-lo ao longo dos milênios. Vou testá-lo e espero descobrir qual o poder ou poderes do objeto no teste que eu vou aplicar. Eu farei ele participar de um Yami no game. Se for mesmo uma entidade, o jovem não será afetado se perder o jogo.

- Mas, e senão for uma entidade?

- A única hipótese que resta é a da dupla personalidade. A mesma situação se aplicará aqui, uma vez que parece ter assumido uma forma independente do original. Somente essa personalidade sofrerá as consequências. Em ambas as situações, a vida do jovem inocente não sofrerá qualquer risco.

- Você parece se importar com esse jovem.

- Eu vi a câmara da alma dele. Era uma câmara pura e inocente, repleta de luz cálida. Somente havia pureza, inocência e bondade. É um jovem com um coração cristalino. É raro ter tais almas nesse mundo. Nunca vi uma câmara como a dele. Eu confesso que me sentiria muito mal em fazer algo contra alguém como ele.

- De fato, almas como ele são raríssimas. Ainda mais nesse mundo.

- Eu queria conhecê-lo. – Mana comenta animada.

- Eu acho uma ideia interessante. Talvez, Mana possa se aproximar dele. Você sabe a idade desse jovem?

Almas predestinadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora