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Tito

Lorena só arruma ideia, namoral mermo, pra que tinha que inventar esse bagulho de chá revelação? Nada a ver cara, não custava nada só saber o sexo da criança e pronto? Tinha mermo que gastar dinheiro com essa palhaçada? Caralho irmão, puta que pariu. Bagulho vai acontecer daqui dois dias pelo que ela falou, hoje é quinta e a tal festa vai ser sábado.

Ignoro todas as coisas que ela mandou pra mim no WhatsApp pedindo para escolher qual era o melhor e organizo algumas papeladas que preciso apresentar na próxima reunião do CV, mando uma mensagem também pro mano Marcin que caiu na tranca infelizmente, confirmando a reunião do mês que vem. Olho pra janela lá fora e vejo o sol está se pondo, verifico a hora no relógio e já são 18:15, caralho, a hora voou hoje, cheguei aqui de 8 horas e agora já tá a noitinha, que doideira.

Recebo o rádio de um dos olheiros avisando que Portela tava entrando na favela e eu vou pra entrada da casinha pra receber ele. Cara atravessa a fronteira com maconha pra mim, é novo no esquema já que o antigo rodou e foi morto na cadeia, não confio nele, na verdade não confio em ninguém, mas foi um dos que mais me impressionou na hora da entrevista, só espero não me decepcionar nessa porra.

Tito: Tá tudo certo com meu carregamento?- Já pergunto logo o que em interessa, mal esperando o cara descer do carro. Portela me encara com uma cara nada boa e eu já fico logo em alerta, com os olhos eu procuro Nandin, Pezin e o resto da minha contenção, avistando eles com o fuzil na mão do outro lado da rua prontos pra qualquer merda.

Portela: Porra patrão, nem sei como te falar isso, bagulho aconteceu do nada e eu nem esperava, tá ligado?- Fala nervoso e eu vejo o medo em seus olhos, sinto a peça gelada na minha cintura e apenas encaro o cara.

Tito: Dá o papo, sem enrolação que hoje não tô pra muito quasquas, Portela.- Sou curto e grosso e vejo seu olhar vacilar com medo.

Portela: Antes de tudo quero te pedir desculpa patrão, juro pela minha família que eu não sabia que ia dar merda.- Encaro ele feio com ódio já de toda enrolação e ele treme de medo.- Meio que nós perdeu o carregamento de coca, polícia prendeu, não sei como eles descobriram, mas eles levaram tudo!- Fala e eu sinto meu sangue ferver de ódio ao ouvir aquilo.

Tito: Como é que é? Você tá me dizendo que perdeu a porra do meu carregamento seu filho da puta?!- Grito com ele puto que tenta se justificar falando que não teve culpa, não sabia que a polícia ia estar no aeroporto clandestino esperando por ele.- Como que não sabia seu arrombado de merda? E os caras que ficam aí te esperando pra trazer o carregamento seu filho da puta?

Portela: Estão todos mortos patrão, quando eu cheguei lá eles...- Ele para de falar no exato momento que eu tiro minha glock de ouro da cintura e aponto bem pra cara dele, que levanta os braços.- Que isso, patrão, faz isso não irmão, eu tenho família, filhos, eu tô jurando pra você que não foi culpa minha!

Tito: Eu tenho cara de otário, Portela? Porque não é possível, eu só posso ter cara de um, já que as pessoas ainda tentam me fazer de otário nessa porra! Você só pode estar me tirando como babaca ao ter a coragem de vir aqui na minha favela, falar na porra da minha cara que dos 10 homens que mandei pra pegar o carregamento, só você sobreviveu, como a porra de um Moisés ou algum profeta escolhido por Deus!- Falo com ar de deboche e vejo que o olhar do cara vacila, ele não pensou que eu cairia na sua né? Porra irmão, aqui é anos de tráfico.

Portela: Eu não sei explicar patrão, só tenho a explicação de que Deus me escolheu para ser o único sobrevivente.- Tenta vir com papinho doce pro meu lado e eu acho é graça, mas é um vacilão mermo, merda do caralho.

Amor proibidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora