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Rayssa: Q- que? Eu....- Eu não consigo nem falar nada, estou em completo choque encarando minha mãe, não consigo entender, era um bebê só, eu fiz a ultra, o médico me mostrou e..... Deus, eu estava grávida de gêmeos?? Eram dois bebês na minha barriga e não um?

Andressa: Filha, eu sinto tanto meu amor, eu jamais imaginei que isso poderia acontecer, quando o doutor meu falou que você estava esperando gêmeos e não só um bebê como a gente pensava, eu senti uma dor tão grande ao imaginar como você reagiria.- Me olhou chorando e caminhou até mim, senti quando Tito se afastou e olhei pra ele, que estava calado sem expressão nenhuma encarando a parede branca.

Rayssa: Marlon?- Chamei por ele e ele apenas me encarou, sem falar nada ele apenas virou o rosto como se me encarar fosse difícil demais e então saiu do quarto me deixando sem reação.- Marlon!- Tento levantar mas minha mãe me para ao colocar a mão em meu peito me impedindo.

Andressa: Deixa ele meu amor, ele precisa processar tudo isso, aconteceu muita coisa com ele nessas horas que você ficou desacordada.- Acariciou minha mão e eu olhei pra ela, ainda não conseguindo acreditar em tudo que ela falou, eu perdi um bebê?

Rayssa: Eu tava esperando gêmeos? Eu estava carregando dois bebês na minha barriga e não um?- Pergunto mas pra mim do que pra ela e sinto quando meus olhos ardem com as lágrimas querendo descer. Levo minha mão até minha barriga e olho pra baixo.- Meu Deus, tinham dois bebês aqui....

É só então que realmente entendo e começo a processar o que aconteceu, que eu tinha dois bebês e agora só tenho um, que um deles foi arrancado de mim graças a brutalidade da garota que se dizia minha prima e minha melhor amiga. Ouço quando o soluço deixa na minha garganta e não demora nem mais um minuto para mim estar me desabando no choro, meu filho, meu pobre bebezinho foi arrancado de mim e eu nem tive a oportunidade de conhecer ele. Não tiver a oportunidade de segurar ele no colo e ouvir seu chorinho.

Mesmo eu só descobrindo da existência dele agora a dor é a mesma, é forte e dolorida como se eu tivesse perdido aquele que eu sabia que já existia em meu ventre. Sinto a dor da perda na mesma intensidade e choro tanto que meu olhos começam a arder, mas não ligo, eu perdi um bebê, eu tinha dois e agora só tenho.

Sinto quando os braços da minha mãe me envolvem em um abraço e choro mais ainda com a cabeça no seu peito, jamais me imaginei passando por isso, essa dor de perder um filho é uma merda, não desejo essa pra ninguém, nem para meu pior inimigo.

Não sei quando apago nos braços da minha mãe, só sei que durmo e quando acordo novamente estou ainda deitada no mesmo lugar, na cama branca de hospital, o lugar aonde perdi um dos meus bebês. Olho para os lados procurando minha mãe mas não encontro, e é quando eu avisto ele em pé de frente pra janela do hospital, ele tem um baseado nos lábios e uma expressão neutra, não demonstra nada enquanto sopra a fumaça do cigarro pra fora.

Fico só ali encarando ele, sem reação, sem saber o que falar, minha mãe me contou sobre o Kaique, que ele não é filho dele e que Lorena mentiu sobre tudo, aquela puta mesmo morta continua fazendo um inferno na vida dos outros. Eu consigo imaginar a dor que ele está sentindo agora, perder um filho não é fácil, mas agora dois? Ainda mais do jeito que o nosso filho foi arrancado da gente, é muito difícil.

Estou encarando ele quando ele sente meu olhar, Marlon se vira e traz seu olhos para os meus, quando olho pra ele não enxergo nada, a única coisa que vejo é um vazio imenso no seu olhar. A tristeza que eu vejo lá no fundo me magoa de uma maneira que não consigo nem explicar, ver ele assim me parte o coração pois sinto o mesmo sentimento, a dor da perda.

Rayssa: Amor....- Chamo ele baixinho, vejo quando ele apaga o cigarro na parede e eu acho que ele vai sair, então me levanto da cama não ligando para o acesso que está conectado no meu braço.- Não vai, por favor, não me deixa de novo.

Tito: Rayssa porra, você tem que voltar pra lá, tá maluca de sair assim caralho?- Vem na minha direção com a cara fechada e assim que ele para na minha frente eu abraço ele, deitando minha cabeça em seu peito, que fica surpreso, mas me abraça de volta. Tito leva sua mão até minha costas e acaricia a região, depositando um beijo na minha cabeça.- Vai ficar tudo bem meu amor, eu tô aqui com você.

Rayssa: Não vai mais embora não, por favor, fica aqui.- Falo e olho pra cima, vendo seus olhos vazios e tristes me encarando. Levanto um pouco os pés e colo nossas testas, não ligando muito para a dor que sinto por todo o meu corpo.- Não me deixa não...

Tito: Não vou minha diabinha, prometo.- Deposita um beijo na minha testa e me pega no colo, me levando de volta pra cama, seguro sua mão quando ele vai se afastar indo sentar na cadeira ao lado da minha cama.

Rayssa: Deita aqui comigo, só hoje.- Digo baixinho olhando pra ele, que apenas assente com a cabeça. Tito deita com certa dificuldade na cama e eu me ajeito, ele me traz para o seu peito e eu me aconchego.- Ainda não caiu a ficha de que eu estava grávida de gêmeos, não consigo acreditar...- Ouço quando sua respiração fica acelerada e seu peito começa a subir e descer mais depressa, levanto minha cabeça e levo minha mão até seu rosto, vendo que minhas palavras o atingiram em cheio. Sinto quando meus olho voltam a se encher de lágrimas novamente e sinto elas descerem depressa.- Eram dois Tito, dois bebês, a gente iria ter gêmeos!

Tito continua quieto, a dor continua lá e eu sei que ele está tentando ser forte por mim, que não quer que eu veja seu sofrimento para não me deixar pior. Acaricio seu rosto e fecho os olhos, sinto quando sua mão para em cima da minha barriga e acaricia a região, não demora muito e eu ouço um soluço baixo deixar seus lábios, é tão baixo que se eu não tivesse tão perto dele não ouviria.

Abro os olhos e vejo Tito com os olhos vermelhos e lágrimas descendo pelo seu rosto sem parar. Não me aguento e choro também, abraçando seu peito com mais força, seu choro é baixo e angustiante, eu queria poder tirar essa dor dele, não aguento ver ele assim. A primeira e única vez que vi ele chorar assim foi na morte do Kaique, lembro de tudo e o quanto eu sofri junto, porque ver ele desse jeito parte meu coração.

E agora quando vejo ele chorar como um bebê nos meus braços é por conta da morte do nosso filho, que a gente nem sabia da existência e foi arrancado da gente da pior maneira possível.

Eu ouvindo Glória Grover e Ludmilla escrevendo essa porra, tô sofrendo igual uma cadela, ódio!

Amor proibidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora