III-Plaza de Bolívar

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O clima não era muito amistoso entre os três: Steve balançava em sua cadeira enquanto batucava na mesa, Javier tomava um longo gole de café para tentar se manter acordado e Verônica ouvia uma das várias ligações que haviam interceptado dos membros do Cartel.

Os dois amigos trocavam olhares de vez em quando, mas a garota os ignorava, parecia bastante determinada a fingir que nenhum dos dois estavam ali.

-Gostei da blusa, Vero. -Murphy falou com um sorriso amigável no rosto.

A mulher não desviou os olhos da mesa a sua frente.

-Não pode ignorar a gente pra sempre. -Steve continuou, queria fazer com que aquela garota gostasse dele. -Quer um café? Posso pegar pra você.

Javier olhou para o amigo com as sobrancelhas levantadas, sabia que o loiro tinha o péssimo hábito de ser o simpático da dupla.

-Não estou ignorando ninguém. -Ela havia reiniciado o áudio. -Estou trabalhando, e vocês deveriam fazer o mesmo.

Murphy bufou e soltou uma leve risada, eles não podiam negar que ela realmente estava tentando encontrar alguma coisa.

-Não vai encontrar nada aí. -Javier garantiu com certa frustração. -Já ouvi essa ligação mais vezes do que me orgulha dizer.

A mulher ignorou e continuou a rabiscar algumas coisas.

-Ei, o que é Plaza de Bolívar? -Perguntou finalmente erguendo os olhos para olhar os homens.

-É uma praça. -Peña deu de ombros. -Nós fomos até lá na esperança de encontrar alguém, mas como você já deve saber, não tinha ninguém.

A mulher limitou-se a suspirar, não parecia nada satisfeita com a resposta do moreno.

-Posso ir até lá? - Dessa vez a pergunta era direcionada especificamente para Javier que apenas encarava a ruiva com certa curiosidade. -Não é como se tivesse muita coisa pra fazer aqui de qualquer maneira.

-Claro, espero que tenha mais sorte do que nós. -Falou enquanto observava a mulher levantar da cadeira.

A roupa era completamente diferente do terninho que ela havia usado no outro dia. Era uma camiseta marrom simples, sem nenhuma manga, já que o calor estava insuportável demais para ficar mais coberta que o necessário, a calça jeans de lavagem clara parecia confortavelmente frouxa, nos pés ela ainda usava aqueles malditos saltos que faziam barulho a cada passo que dava.

O que chamou a atenção de Javi foi o rabo de cavalo. Ela tinha cabelos longos, muito longos e aquilo mexeu com a imaginação do moreno. Foi completamente tirado do transe quando notou que ela estava parada de frente para os dois.

-Preciso que alguém me leve até lá, ainda não sei andar na cidade. -Ela os olhava com certa impaciência.

-Vai você Javi, eu tô esperando uma ligação da Connie. -Steve relaxou na cadeira.

Peña limitou-se a suspirar e andou rapidamente para fora do prédio, não olhou para trás uma vez se quer para saber se a garota estava o seguindo. Não precisava, ele podia ouvir os saltos dela massacrando o piso.

No carro percebeu os olhos da mulher sempre atentos às ruas, parecia que ela conseguia enxergar uma coisa que ele não conseguia.

Alguns minutos depois o carro foi estacionado próximo a uma praça absolutamente gigantesca, com uma majestosa construção ao fundo.

-Bem vinda ao coração de Bogotá. -Javier falou meio desanimado.

Verônica não perdeu tempo e desceu do carro, observando todas as pessoas que conseguia. Seus olhos precisam enxergar alguma coisa de diferente.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now