VII - Calle 75

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Já passava de duas da manha quando a ruiva chegou em casa, assim que Verônica abriu a porta do apartamento deu de cara com os dois agentes com expressões de alívio.

Eles haviam passado todo aquele tempo no apartamento dela, esperando ansiosamente por qualquer tipo de contato.

Steve havia cochilado um pouco, mas Peña era uma completa pilha de nervos, o tempo parecia não passar para ele.

Quando a garota passou pela porta um peso gigante parecia ter sido tirado de seu peito, finalmente sentia algum alívio depois de dois dias de completa tensão.

Não pode deixar de notar a aparência da mulher, os cabelos agora estavam presos em um coque desarrumado, o vestido parecia um pouco amassado, mas o rosto um pouco borrado pelo batom vermelho era o que mais lhe deixava curioso.

-Porque seu batom tá borrado? -Soltou antes que pudesse se conter, recebendo um olhar cansado da mulher.

Steve também tinha um olhar questionador, mas resolveu manter a boca fechada.

-Todos eles estavam lá. -Verônica se afastava dos dois, jogou o corpo contra o sofá desajeitadamente.

-Eles quem, Vero? -Murphy estava apaiado contra a parede, seus olhos focados no rosto da mais nova.

Javier sentou na mesinha de cento, suas mãos se dirigiram até os pés da ruiva, tirando seus saltos em um gesto rápido. Verônica estava surpresa demais como o gesto para poder reagir.

-O Cartel de Quiteña. -A mulher conseguia sentir a tensão da sala, os dois amigos nunca prestaram tanta atenção nela quanto naquele momento.

Steve sentou ao seu lado, parecia ainda tentar se recuperar do choque. Peña apoiou cauteloso uma das mãos sobre o joelho da garota, precisava que ela se acalmasse e falasse tudo que havia acontecido.

Verônica se quer havia notado que suas mãos tremiam até sentir a mão do moreno sobre seu joelho. Seu corpo estava finalmente sentindo os efeitos de todo aquele estresse, agora que a adrenalina finalmente havia ido embora.

-Precisa contar o que aconteceu lá. -A voz de Javi era baixa e afetuosa, como quem fala com um bicho de estimação assustado.

A garota engoliu em seco e encarou o homem a sua frente, sabia que as coisas que tinha ouvido mudariam o rumo da operação.

-Acho que era uma festa normal de gente rica. -Deu de ombros, a respiração de Steve ao seu lado a deixava mais nervosa. -Não tinha nada de estanho.

-Bem, estava esperando masmorras secretas e esquartejamento. -Murphy brincou, recebendo um olhar de repreensão de Javi.

-O sicário também estava lá, como nós já sabíamos. -O moreno apertou de leve sua perna incentivando que continuasse. -Eles tem um laboratório de drogas na Calle 75.

Peña rapidamente afastou as mãos da mulher, suas mãos passavam depressa pelo próprio cabelo.

-Puta merda, Vero! -Steve abraçou apertado a mais nova. -Não quero nem saber como descobriu isso.

A ruiva se desvencilhou dos braços do amigo, não havia terminado de falar tudo.

-Não acabei. -Os dois a olharam completamente boqueabertos. -Um carregamento deles chegou ao porto de Santa Maria, em Cartagena.

A mulher evitava a todo custo os olhos dos dois, estava envergonhada por ter deixado a situação sair do controle.

-Como descobriu isso? -O murmúrio de Steve havia sido quase inaudível, mas ela havia entendido.

Levantou depressa do sofá e caminhou até a cozinha, precisava beber alguma coisa. Os passos dos dois homens logo soaram atrás dela, não deixariam aquela história passar.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now