XXVI - Mudança

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As coisas na Embaixada estavam uma loucura no dia seguinte, Crosby queria incansavelmente alguém para culpar pelo vazamento da prisão de Arvin García. Pretendiam manter a informação guardada o máximo possível, mas já estava na primeira página de todos os jornais de grande circulação. Coronel Martinez havia chegado a menos de cinco minutos tão enfurecido quando o velho Arthur.

Os três agentes pareciam ter caído da cama, Steve nunca havia saído de casa tão descabelado como naquele dia, o cabelo loiro apontava para todos os lados e o terno de cor terrosa estava completamente amassado, Connie o mataria se o visse daquele jeito. A barba de Javier já cobria completamente sua mandíbula, ele tentava inutilmente arrumar os cabelos com os dedos, mas só conseguia deixá-los mais bagunçados, ele tentava dar um nó na gravata, mas não estava tendo muito sucesso. Verônica era a única que parecia mais apresentável, vestia uma camisa preta canelada de manga longa e uma calça cinza de tweed, os saltos vermelhos eram a única cor real na roupa da ruiva.

Caminhavam depressa até a sala de reunião da Embaixada, sabiam que provavelmente passariam boa parte da manhã ouvindo o velho gritar em seus ouvidos. Steve bufou assim que parou em frente a porta da sala, respirou fundo e abriu a porta para os amigos.

-Finalmente! -Crosby praticamente gritou quando viu o grupo entrar na sala. -Que porra aconteceu?

Javier quase revirou os olhos com a fala do mais velho, mas se conteve assim que recebeu uma cotovelada da amiga.

-Aparentemente alguém vazou a informação, senhor. -O moreno falou enquanto se aproximava da mesa.

-Não banque o engraçadinho agora, Peña! -Arthur bateu com força na mesa a sua frente. -Sabe muito bem o que eu quero saber.

-Foi alguém da delegacia, senhor. -Verônica falou enquanto cruzava os braços sobre o peito, odiava ter os homens a encarando.

-Está acusando um dos meus homens, agente Miller? -Coronel Martinez tinha uma das sobrancelhas levantadas enquanto avaliava a mulher.

-Bem, só pode ser um deles. -Deu de ombros e deu poucos passos em direção a mesa. -Quer dizer, só seus homens viram Arvin ontem a noite.

Steve andou depressa até a amiga, ele parecia um pouco em choque com alguma coisa que havia acabado de perceber.

-Não dá pra ser nenhum deles, Verô. -Ele engolia em seco enquanto voltava a encarar o policial. -Quando Arvin chegou a delegacia só tinham duas pessoas lá.

-Eu e seu amigo, Verônica. -Coronel Martinez alternava o olhar entre os três.

A ruiva parecia confusa, sabia que não havia a menor possibilidade de nenhum dos dois ter vazado a notícia, derrepente o que Simón havia falado começava a fazer sentido.

-Parece que as paredes tem ouvidos. -A garota engoliu em seco e encarou Javier, ele parecia ter chegado a mesma conclusão.

-Estão me dizendo que acham que tem alguém infiltrado no nosso pessoal? -Crosby parecia prestes a ter um infarto.

Os três agentes se entre olharam e limitaram-se a confirmar, não tinham muito a dizer.

-Não seria a primeira vez. -Javi murmurou mal humorado.

-Escutem bem, não vão comentar nada disso com ninguém. -Martinez parecia tão irritado quanto Arthur. -Não acredito que vamos passar por toda essa merda de novo.

-Qualquer informação nova deve ser mantida apenas entre nós cinco, não quero mais nada dessa merda espalhada pela imprensa. -Crosby tomou um longo gole em sua xícara e voltou a encarar o policial. -Vocês três estão liberados.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now