XIV - Mercado de Paloquemao

916 109 69
                                    

Javier não havia dormido direito, sua cabeça parecia pesar uma tonelada enquanto ele dirigia até o Mercado  de Paloquemao, encontraria um provável informante no lugar.

Na verdade aquela pessoa havia meio que caído de paraquedas em seu colo, aparentemente você não deixa de querer comer bem, e saudável, quando faz parte de um grande Cartel de drogas. Clara González era o nome da mulher, tudo que ela fazia era vender frutas e verduras, mas em algum momento havia começado a vender para Pablo Herrera, o ex farmacêutico que agora fazia parte do Cartel de Quiteña.

Haviam chegado até aquele nome graças ao pequeno caderno que Verônica havia encontrado no laboratório da Calle 75, nele haviam marcados os mais diversos tipos de gastos, mas aparentemente o único fixo era com a vendedora de hortifruti.

Javier desceu do carro e começou a andar pelo grande mercado, não passava de 9 horas da manhã, então o movimento era bastante intenso. O cheiro enjoativo da frutas chegavam até o homem e o deixavam com mais dor de  cabeça, era um espetáculo de cores. Comerciantes falavam alto e tentavam  atrair fregueses, senhorinhas carregando os mais variados tamanhos de sacolas esbarravam no moreno de vez em quando.

—Sabe onde posso encontrar Clara González? —Peña perguntou com seu espanhol perfeito ao homem gordo atrás de uma das bancas.

O homem se limitou a apontar para uma barraca um pouco mais a frente, Javier caminhou depressa até o lugar, a sua frente haviam os mais variados tipos de frutas, alcançou um morango e começou a examinar em mãos.

—Posso ajudá-lo, senhor? —A voz suava da mulher o fez encara-la, era uma figura alta, esbelta e de pele negra, os cabelos trançados modelavam perfeitamente o rosto bonito.

—Esses morangos estão bons? —Javier tentou soar o mais casual possível, não podia assustar logo de cara. —Se estiverem gostaria de levar uma dúzia.

A mulher abriu um grande sorriso, dentes perfeitamente brancos e alinhados estampavam seu rosto.

—São os melhores que vai encontrar aqui, os mais doces e maiores de todo o mercado. —Ela começou a por as frutas delicadas em uma caixinha de plástico.

Peña apressou-se em pagar por sua compra enquanto a mulher lhe entregava a sacola. Não tinha maneira menos estranha de abordar alguém para aquilo, talvez ela nem soubesse que estava vendendo para traficantes.

—Você é Clara González, certo? —O moreno mantinha a voz baixa  e calma, mas notou os olhos da mulher curiosos ao ouvir o próprio nome. —Você conhece Pablo Herrera? Ouvi dizer que ele é seu cliente fiel.

Ela arregalou um pouco os olhos, mas logo se recompôs, o olhar de surpresa havia sido  substituído pelo simpático que esboçava anteriormente.

—Talez seja, tenho muitos clientes, senhor. —Ela permanecia absolutamente calma. —Não sei o nome de todos eles.

Javier suspirou um pouco frustrado, apertou a alça da sacola com um pouco mais de força.

—Vou direto ao ponto com você, porque não tenho tempo a perder de conversa fiada. —Os ombros da garota estavam visivelmente mais tensos, puxou o distintivo e mostrou a mesma. —Tem alguém que possa ficar cuidado das coisas enquanto nos conversamos?

Alguns minutos depois os dois caminhavam até o lugar onde descarregavam os suprimentos, Clara mantinha uma distância considerável do homem a sua frente.

—Preciso que me ajude, senhorita González. —Tentou soar o mais charmoso e persuasivo que conseguia. —Posso oferecer proteção, caso tenha medo de falar por conta disso, quem sabe até um passaporte para algum outro país, caso queira.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now