XXIII -Luau

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A brisa terrivelmente fria já começava a fazer Verônica se arrepender de não ter colocado uma roupa mais coberta. Os pelos de seu corpo se ericaram tanto pela corrente de ar quanto pela ansiedade crescente.

Havia uma quantidade considerável de pessoas no lugar, ninguém se quer parecia notar sua presença e ela não podia estar mais grata por isso. Ao longe conseguia ver Steve sentado ao bar com um drink em mãos, o loiro ficaria responsável por fazer com que a informante fosse ao banheiro, de que maneira ele faria isso a amiga não fazia ideia.

Javier estava sentado em um puff colorido próximo a fogueira, sua expressão irritada afastava qualquer pessoa que se quer pensava em se aproximar. A ruiva não pode deixar de sorrir, se ele soubesse como ficava fodidamente bonito com aquele bico irritado.

A música era leve e relaxante, mal dava para ouvir graças ao som das ondas quebrando na praia. O falatório em espanhol deixava a garota confusa, as palavras eram ditas tão rapidamente que ela se quer conseguia raciocinar.

Os três agentes se viraram quase que instantaneamente no momento em que Arvin chegou com Melina, os dois pareciam saídos da porra de um filme. Pareciam apaixonados de um jeito que quase fez a ruiva sentir inveja, o homem parecia não conseguir manter as mãos longe da loira.

Até a forma como ele a olhava transparecia uma devoção cega, talvez o grande erro dos membros do Cartel de Quiteña fosse amar as mulheres erradas. O casal carregava pequenos copos com um líquido rosado até uma parte mais vazia da praia, Melina depositava diversos beijos pelo rosto do homem enquanto o mesmo sorria como um idiota.

Steve estava agitado enquanto observava as trocas de carícias dos dois, olhando aquilo ele começava a sentir medo de que a prostituta estivesse de alguma forma os  enganado, parecia se tratar de um sentimento recíproco. Olhou apreensivo na direção do amigo, o moreno parecia quase boqueaberto com a cena.

Peña não podia acreditar que tudo aquilo era puro fingimento. Os olhos de Melina pareciam brilhar quando olhava para o homem, ninguém nunca tinha olhado para ele do jeito que aquela mulher olhava o narcotraficante. Notou a presença de uma mulher ao seu lado, ela tinha um pequeno sorriso sugestivo nos lábios.

Tinha cabelos pretos na altura dos ombros, o vestido vermelho chamava muita atenção para seus peitos. Javier tratou de desviar rapidamente o olhar e voltar sua atenção para os alvos em questão.

—Primeira vez aqui? —Ela com certeza era americana, falava espanhol com um sotaque terrível.

O moreno soltou um suspiro e desviou o olhar para ela, não tinha a menor intenção de manter aquela conversa.

—É. —Passou a mão pelo rosto e viu Steve rir a distância.

—Não é de falar muito, né? —Ela parecia um pouco desconcertada com a falta de interesse do homem.

—Não, não sou. —Tentou não soar tão ríspido, mas era meio difícil quando estava tão tenso.

—Gostei da sua camisa, a cor realça seus olhos. —Ela apontou para a blusa do homem e olhou em volta.

—Viu só, amor? Eu falei que você fica ótimo de rosa.

Javier levou um susto quando a ruiva se jogou em seu colo sobre o puff, ela passou o braço pelo pescoço do moreno e o puxou ainda mais para perto. Ela tinha um sorriso radiante nos lábios enquanto encarava docemente a mulher ao lado. Peña nem sabia como reagir, mas colocou cautelosamente a mão sobre a cintura da amiga e a equilibrou no colo.

—Eu falei que você ia chamar atenção com essa blusa, cariño. —Verônica arrastou as unhas lentamente pela nuca do agente. —Todo mundo aqui morreria pra sentir o seu toque.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now