IX - Olho roxo

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Estavam parados em frente a porta do apartamento de Verônica, haviam começado uma discussão boba a alguns minutos atrás pelo fato de que a mulher se recusava a receber ajuda.

-É só um olho roxo, Javi. -Ela já começava a ficar alterada. -Posso cuidar disso sozinha.

Javier tinha as mãos apiadas no próprio quadril, sua mandíbula estava travada de raiva pela teimosia da mais nova.

-Será que dá pra deixar de ser teimosa? Só tô querendo te ajudar. -Os momentos de tranquilidade entre os haviam realmente acabado.

-Não quero e não preciso da porra da sua ajuda. -A voz era fria e o olhar duro, não se parecia em nada com a garota sorridente de mais cedo.

Peña tinha um olhar machucado, soltou uma risada sem graça e se dirigiu a própria porta. Se ela não queria ajuda, então que se foda. Sua mão já estava na marsaneta quando a mulher voltou a falar.

-Me desculpa. -Ela disse com pressa, sua voz saiu mais desesperada do que ela imaginava. -É só que você me irrita pra caralho.

-Agora você sabe como eu me sinto. -O homem revidou se aproximando da porta da mulher.

As luzes do apartamento foram acesas dando uma completa visão daquele lugar que parecia inabitado. Não havia nenhuma foto, nenhum enfeite, nada minimamente pessoal, parecia que havia sido alugado naquele exato momento.

Verônica jogou as chaves sobre a mesa de centro, ela parecia deslocada dentro da própria casa.

-Você tem kit de primeiros socorros? -Peña mantinha sua atenção as costas da mulher.

-Precisa de um kit pra cuidar de um olho roxo? -Ela o encrava com desdém, um sorrisinho começava a surgir nos lábios.

-Sua bochecha tá cortada, Vero. -Ele apontou para o corte fino na pele dela. -Tem que limpar pra não infeccionar.

A ruiva revirou os olhos e se dirigiu até a cozinha de casa, os passos de Javier a seguiam pelo lugar, mas ele permaneceu em silêncio. Jogou a pequena maleta em direção ao mais velho e o observou segurar com certa surpresa.

Verônica se Encostou contra o balcão da cozinha, e observou Javi começar a desembrulhar um pedaço de gase e encharcar com soro fisiológico. Ele segurou o rosto da garota com uma levesa impressionante, se não estivesse vendo acharia que aquele toque era fruto de sua imaginação.

Inclinou a cabeça da mulher para trás em busca de conseguir visualizar melhor o ferimento, um corte fino se estendia no osso da bochecha da mais nova e marcas roxo esverdeadas começavam a aparecer logo abaixo do machucado.

Javier nunca imaginou que Maritza pudesse ser agressiva com ninguém, então havia ficado em choque quando a morena avançou sobre a colega. Sabia que ela estava cega pelo medo e pela dor da perda, que havia falado coisas da boca para fora, mas sabia que muito daquela reação se dava pelo medo de perdê-lo. Quando chegaram a casa do moreno, ela falou que os traficantes viriam atrás dele, pois era só questão de tempo até descobrirem que havia sido Verônica a passar as informações. Maritza chorou até dormir dizendo que não suportaria se algo acontecesse ao mais velho.

Pressionou com cuidado a gase sobre a ferida e sentiu o corpo da ruiva se retrair, ela soltou um pequeno gemido de dor e afastou a mão do moreno. Peña segurou o rosto da mulher com mais firmeza e passou novamente o pano sobre o corte, e novamente ela tentou soltar-se de suas mãos.

Javier suspirou e soltou o rosto da garota, a gase branca agora estava manchada de sangue, ele a jogou sobre a pia e encarou a mulher.

-Preciso colocar gelo nisso. -Ela murmurou, já começava a ir em direção a geladeira quando o homem a parou.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now