XXX - Consequência

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Verônica teve a pior noite de sono em anos, o pouco tempo que conseguiu dormir foi atormentada por imagens de Javier ensanguentado enquanto uma figura alta o torturava. O despertador se quer havia tocando quando ela foi até o banheiro e tomou um banho longo, vestiu a primeira roupa que encantou e foi em direção a sala de estar com passos hesitantes.

Javier estava encolhido no sofá, seu peito subia e descia tranquilamente em um sono aparentemente calmo. A ruiva deu alguns passos em direção a ele, mas logo parou, estava nervosa demais. Mas o moreno pareceu sentir sua presença e começou a se mover preguiçosamente.

—Oi. —A voz da garota não passava de um sussurro, mas pareceu despertar completamente o mais velho.

Ele sentou atordoado, seus olhos estavam levemente avermelhados e a respiração falha, a ruiva sentiu suas mãos tremerem e se aproximou devagar da mesa de centro e sentou sobre a mesma.

—Oi. —O agente engolia em seco, sua voz era  praticamente inaudível.

—Vou mais cedo pra delegacia.  —A mulher murmurou, seus dedos não paravam de mexer na barra da blusa.

—Vou tomar um  banho rápido e a gente pode ir. —Ele começou a levantar, mas a garota o parou depressa.

—Ainda são 7 horas, Javi, volta a dormir. —A mais nova falou o mais tranquilamente que conseguiu. —Te vejo mais tarde, ok?

Javier pensou em segurar  o braço da mulher, mas  mudou de ideia com  medo de que ela se afastasse dele. Verônica pareceu notar e se aproximou do namorado, ele nem se mexia apavorado  com a ideia dela temendo ele, a garota depositou um beijo carinhoso nos cabelos do moreno e o ouviu soltar um suspiro.

Então simplesmente saiu do apartamento e dirigiu até  a delegacia. Nunca havia chegado  tão cedo no lugar, mas achou que  era melhor daquele jeito, ao menos teria tempo para tentar digerir tudo e não surtar na presença dos amigos.

As oito horas o trânsito de pessoas já começava a ficar um pouco mais intenso, os homens do grupo de busca de Martinez estavam sempre por perto, prontos pata entrar em ação no momento que fossem solicitados.

Steve desceu as escadas apenas alguns minutos depois, circulos roxos cobriam seus olhos azuis, deveria ter dormido tão pouco quanto a mulher. Ele parecia incerto sobre como deveria agir na presença da amiga, então se aproximou cautelosamente da mesa dela e colocou uma pequena margarida próxima dos papéis.

—Bom dia, gatinha. —Até seu tom de voz parecia cauteloso, como se tivesse medo que a mulher o  chutasse para longe.

—Bom dia, Steve. —Ela lhe direcionou um sorriso de canto e pegou a flor nos dedos. —Sempre um cavalheiro.

—Eu faço  meu melhor. —Sorriu e sentou em seu lugar, seus olhos foram até a mesa vazia do amigo. —Cadê ele?

—Não sei, deve ter voltado a dormir depois que saí de casa. —Ela deu de ombros e voltou sua atenção as papeladas.

—Ainda vem ao jantar da Connie hoje à noite né? —O loiro tentava não parecer decepcionado, mas sabia que estava falhando.

—É, acho que sim.

Verônica voltou os olhos depressa aos papéis a sua frente, sabia que se passasse mais tempo falando o amigo tocaria no assunto e era a última coisa que ela queria naquele momento. Estava realmente tentando agir normalmente, mas sabia que todo aquele esforço iria por água a baixo quando alguém mencionasse o ocorrido.

A delegacia estava bem movimentada graças ao atentando da outra noite, conseguiam ouvir ao longe a voz do Coronel Martinez gritando com seus homens, o que era bastante incomum,  pois ele dificilmente levantava a voz, mesmo quando estava irritado.

Don't Blame Me - Javier PeñaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant