XXXI - O amor me deixou louca

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Situações desesperadas pedem medidas desesperadas, pelo menos era isso que Verônica dizia a se mesma enquanto esperava que Simón retornasse sua ligação. Havia voltado para o apartamento de Javier e estava sentada no sofá quase apática, não achava que conseguia mexer nenhum músculo enuquanto o maldito homem não lhe desse uma resposta.

Tentou manter todos aqueles pensamentos pessimistas longe, não ajudaria em nada se começasse a chorar novamente, mas era difícil. Parecia quase irreal que toda aquela merda estivesse acontecendo, o lençol ainda tinha o cheiro dele, a xícara sobre a mesa de centro ainda tinha um pouco de café que ele provavelmente havia tomado antes de ir para o trabalho, ela quase conseguia sentir o cheiro do cigarro.

Mas ele não estava lá e não voltaria para casa a noite, estava preso em algum lugar sofrendo algum tipo de atrocidade. Bem, ela esperava que estivesse, pois ao menos significaria que estava vivo.

Verônica atendeu imediatamente assim que o telefone tocou, tinha certeza que a pessoa do outro lado da linha conseguia ouvir sua respiração descompassada.

—Sabe onde fica o hotelzinho próximo a Embaixada? —A voz do homem era áspera, ele não tinha muito tempo.

—Conheço. —A ruiva levantou depressa e alcançou as chaves do carro.

—Me encontre lá em vinte minutos e vista alguma coisa bem discreta e fácil de se movimentar.

Então o telefone foi desligado, ela nunca havia trocado de roupa tão rápido, as peças totalmente pretas a faziam se sentir como nos filmes idiotas de ação. Quem ela achava que era? O James Bond? Se bem que se sentia capaz de queimar o mundo todo e quem entrasse em seu caminho só pensava em Javier.

Não levou 20 minutos para chegar ao local, mas Simón também não, para o alívio da mais nova. Ele parecia um tanto nervoso, quase preocupado, quando olhou para a ruiva. Talvez ela não estivesse contendo as emoções tanto como pensou que estaria.

—Então? —O tom de voz era urgente, ela não conseguia se manter parada.

—Que merda ele tinha na cabeça em matar o filho do Cisco? Ele pediu por isso, Verônica. —Ele parecia tentar se conter, mas a raiva era bastante visível em seus olhos.

—Nós não sabíamos que era filho dele, ok? Acha mesmo que a polícia seria tão idiota em matar uma testemunha importante?

—Acho, porque foi exatamente isso que você é seu amigos idiotas fizeram. —O loiro apontava um dedo acusador em direção a garota.

—Olha, se você não ia me ajudar deveria ter falado de uma vez. —Verônica andou depressa até a porta do quarto, mas o homem segurou com força em seu braço.

—Me de um bom motivo pra fazer isso, porque até onde eu sei vocês três ainda estão me caçando. —Os olhos azuis pareciam brilhar no quartinho mal iluminado.

—Não estaríamos te caçado se você não fosse a porra de um traficante! —A mulher puxou o braço do aperto do loiro e o olhou como se fosse estúpido. —E sobre o bom motivo, Javier é um bom homem, tudo que ele tem feito desde que cheguei aqui é cuidar de mim e me proteger, mesmo quando eu digo pra ele não fazer. E eu sei que nada que eu diga vai ser o suficiente pra você, mas eu...eu não posso deixar que ele morra.

O loiro a encrava quase com pena, nunca achou que veria a radiante agente naquele estado deplorável. Os olhos dela estavam inchados e completamente vermelhos, além de ter grande olheiras, as bochechas estavam pálidas, quase como se todo o sangue tivesse sido tirado de seu corpo. Mas ele não se sentia convencido, só tinha a ganhar com a morte do agente, afinal seria uma pessoa a menos em seu encalço.

Don't Blame Me - Javier PeñaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora