V- O telefonema

1K 120 101
                                    

A luz do sol que entrava pela janela ia diretamente de encontro com os olhos de Javier, ele sentou assustado enquanto olhava em volta.

Steve continuava dormindo em uma posição desconfortável na poltrona enquanto Verônica estava encolhida ao seu lado no sofá.

O moreno olhou para o relógio em seu pulso e notou que deveriam estar no trabalho dali a uma hora.

-Steve, acorda. -Cutucou o braço do loiro até que ele o olhasse com raiva.

-Merda, minhas costas tão me matando.- O homem tratou de se levantar e caminhar até a porta da frente. -Até daqui a pouco.

Respirou fundo e caminhou até a ruiva, a garota tinha os lábios entreabertos e a blusa havia levantado em algum momento durante a noite revelando a calcinha vermelho sangue que usava.

-Verônica. -Murmurou tentando a todo custo não olhar para as pernas da mulher, aquilo era errado demais. -Vero? A gente tem que ir trabalhar.

Mas ela não se movia e tudo que Javier menos queria era ter que tocar na garota enquanto ela dormia.

-Acorda, princesa. -Ela limitou-se a mover um pouco as penas. -Verônica, acorda!

O tom firme e um pouco alterado do homem fez a garota acordar assustada, logo ela levou as mãos aos olhos para evitar a claridade.

-Minha cabeça vai explodir, Javi. -A voz rouca chegou aos ouvidos do moreno e o deixou levemente nervoso. -Eu não vou beber nunca mais.

O homem caminhou até as janelas e fechou as cortinas, deu uma leve risada com a afirmação da mais nova. Ela finalmente havia tirado as mãos dos olhos e o encarava sonolenta.

-Devia ir pra casa, a gente tem menos de uma hora pra estar no trabalho. -Peña caminhou até a cozinha e pediu a Deus que a garota seguisse seu concelho.

Verônica levantou sem muita pressa do sofá e caminhou meio zonza até o corredor que levava até a porta da frente, mas parou no meio do caminho.

-Ei, obrigada por cuidar de mim ontem a noite. -Ela encarava as costas do homem que estava na cozinha.

Odiou o que sentiu ao ver os músculos das costas do moreno se esticando enquanto ele pegava uma xícara na prateleira.

Javier suspirou e virou-se para a ruiva, ela parecia até menor naquela blusa enorme.

-Não precisa agradecer por isso, Verônica.

Então a garota saiu do apartamento com certa pressa.

Eles pareciam três zumbis, eram dez horas da manhã, mas Verônica já havia tomado mais café do que o deveria ser considerado saudável. Steve bocejava o tempo todo e reclamava de dores nas costas, já Javier havia fumando pelo menos dois cigarros em um intervalo de cinco minutos.

Ninguém tinha energia o suficiente para iniciar uma conversa, só tinham coragem de mexer nos papéis que estavam jogados sobre a mesa.

O barulho irritante de um telefone tocando os tirou do transe, Verônica apertou as mãos na lateral da cabeça, já havia tomado vários remédios, mas nenhum parecia aliviar a dor de cabeça.

-Verônica Miller. -Atendeu em um murmúrio mal humorado.

Nenhum dos dois teriam prestado atenção a conversa da mais nova se não tivessem notado a agitação repentina da mesma.

-Uma festa amanhã? -Sua voz soava mais alta justamente para alarmar os dois agentes. -Parece legal, Simón.

O risinho que a ruiva soltou em seguida era completamente calculada para parecer um flerte. Javier estava de cara fechada, seu humor ficaria horrível pelo resto do dia depois daquilo.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now