XIX - A viagem

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As quatro semana seguintes passaram devagar, os agentes passavam a maior parte dos dias no mais completo tédio. Seus dias eram repletos de burocracia e papeladas, Verônica começava a sentir na pele o que os amigos estavam passando antes de sua chegada. As coisas estavam assustadoramente calmas, chegava a ser suspeita a calmaria que havia se instalado em Bogotá.

Ninguém era preso acusado de assassinato em nome do Cartel de Quiteña, não haviam corpos jogados pela cidade e o grupo de busca agora passava mais tempo dentro dos quartéis que nas ruas. Era uma sensação de paz estranha, do tipo que deixava apreensivo pelo que aconteceria em seguida.

Van-Ness e Feistel haviam retornado da Cartagena e, quando souberam que quem havia matado Davi havia sido a novata, pareciam ainda mais tentados a infernizar a mulher. A implicância sempre era repreendida por Murphy ou Peña, o que só dava mais gás ao sexisimo dos homens. Bem, deles e do restante da delegacia. As pessoas começaram a murmurar fofocas maldosas sobre os três amigos, achavam que estavam juntos demais o tempo todo. A gota d'água foi quando o próprio Coronel Martinez ouviu seus oficiais falando que "A agente Miller estava dando para os dois", o homem havia ficado uma fera, seus gritos podiam ser ouvidos até mesmo fora de sua sala. Depois daquilo até as fofocas pararam.

Nada havia voltado a acontecer entre Javier e Verônica, a ruiva ficou completamente enfurecida quando soube dos burburinhos, ela odiava que tirassem seu mérito para simplesmente a reduzirem a mulher que abriu as pernas pros chefes. E Peña a entendia, era injusto que a colocassem naquela situação, então ele simplesmente não forçou quando sentiu que ela havia recolocado limites a relação dos dois. Deixaria que as coisas acontecessem, não tinha a menor intenção de assustar a mulher.

Os três estavam sentados a uma pequena lanchonete, Steve balançava a perna ansiosamente enquanto esperava que sua informante surgisse. A mulher havia sido completamente inútil até aquele momento, mas como estavam completamente estagnados, qualquer informação poderia fazer a diferença.

O calor havia finalmente ficado mais ameno, a temperatura era irritante o suficiente para fazer com que a ruiva estivesse sempre com um casaco fino sombre os ombros, começava a sentir falta do calor infernal.

-Pare de balançar essa perna, você vai abrir um buraco no chão. -Verônica deu um leve chute na canela do loiro.

Steve revirou os olhos e esfregou o lugar, a bota de bico fino da amiga causava mais estrago do que ela estava ciente. A informante era uma mulher mais ou menos da idade da agente e, pra variar, era uma prostituta. Aparentemente a coisa que os narcotraficantes mais gostavam além de dinheiro era sexo, quer dizer, Murphy não podia culpa-los por isso.

Uma mulher alta entrou no lugar, seu vestido esvoaçante fez a ruiva se perguntar como ela não estava sentindo frio, ela não parecia em nada com as putas que eles estavam acostumados a verem pela cidade, se parecia com uma princesa. A mulher caminhou devagar até uma mesa bem ao fundo do lugar e esperou, Steve tentou não parecer desesperado enquanto andava até lá.

-Deus, ela deve ser das caras. -Verônica murmurou para Javier, seus olhos completamente vidrados da mulher belíssima a alguns metros dali.

-Com certeza. -O moreno também estava um pouco em choque com a mulher. -Ela deve ser puta de um dos chefes.

A ruiva limitou-se a concordar, aquilo era um fato. Nenhum sicário teria dinheiro suficiente para passar nem perto daquela figura, ela simplesmente não era pro bico deles. Foi então que a ruiva começou a lembrar das acompanhantes dos membros do Cartel na festa. Parecia que aquilo havia acontecido em outra vida, sentiu um leve arrepio em sua espinha quando lembro que Simón estava morto. Não lembrava de ter visto aquela mulher na festa junto das outras, mas lembrava como elas destoavam do restante das prostitutas.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now