XXVII - Tuyo

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Verônica suspirou irritada assim que colocou seus pés no trabalho, a gritaria e  os homens indo de um lado para o outro já começavam a fazer sua cabeça doer. Era uma operação relativamente grande, iriam deslocar Arvin até o aeroporto para ser extraditado para os Estados Unidos.

Nem o calor reconfortante de Javier havia sido o suficiente para fazê-la dormir na noite passada, todo mínimo som vindo de fora do apartamento a fazia ficar alerta. Havia passado quase toda a noite encostada a cabeceira da cama com os  olhos na pistola sobre a mesa de cabeceira, o que significava que ela se sentia péssima,  nem mesmo as xícaras enormes de café que havia tomado pareciam conseguir deixá-la alerta.

Então ela não poderia estar mais satisfeita em ter sido deixada de fora, passar quartenta minutos dentro de um carro escoltando o homem não estava em seus planos para o dia. Tinha tanta papelada para adiantar que  preferia lidar  logo com aquilo de uma vez e quem sabe cochilar um pouco no horário de almoço.

O mesmo não podia ser dito dos dois agentes, os homens praticamente soltaram gemidos aliviados quando Coronel Martinez os chamou para acompanhar o comboio. Eles já estavam acomodados animadamente no carro de Javier, o moreno batucava os dedos contra o volante enquanto esperava a ordem para saírem.

—Ela vai ficar bem sozinha né? —Steve estava bastante receioso em deixar a amiga para trás, queria mantê-la por perto o máximo possível.

—Ela tá em uma delegacia, cara, relaxa. —Peña tentava não deixar sua preocupação transparecer. —Nem todo mundo lá é corrupto, além do que o Van-Ness e o Feistel também estão lá dentro.

—Confia naqueles dois pra proteger ela? —O loiro fez uma careta só em pensar nos dois homens.

—Bem, eu mandei que ficassem de olho só  por precaução. —O agente começou a seguir os carros a sua frente, agradeceu mentalmente por ter lembrado de por o óculos de sol. —Verônica não é uma menininha indefesa, ela sabe se virar.

O caminho até o aeroporto não era tão longo se fosse feito pelas avenidas principais, mas correriam muitos riscos de algum tipo de intervenção, então Martinez achou que seria melhor se fossem pelas estradas secundárias, quase saindo da cidade.

Vegetação densa cobria todo o lado direto da pista enquanto o esquerdo encontrava-se apenas coberto por uma grama relativamente alta. As mãos de Peña começavam a suar contra o volante, mas aparentemente tudo estava correndo bem.

Steve tentava entender o que estavam falando pelo rádio, mas seu espanhol de merda não permitia que chegasse a nenhuma conclusão útil.

—Sério, já passou da hora de você aprender a língua, Murphy. —O moreno olhou sério para o amigo.

—Eu sei, eu sei! —Bufou frustrado e resolveu ignorar a voz robótica que saia do pequeno autofalante. —Vou pedir ajuda a Verônica.

Javier voltou novamente sua atenção para os automóveis a frente, haviam pelo menos uns três carros entre eles e o que estava levando o narcotraficante.  O moreno se quer teve tempo para reagir, quando notou estava puxando o volante para a esquerda para evitar que o carro batesse no veículo da frente.

Em seguida houve uma explosão, quando olharam pela janela a fumaça preta tomava boa parte da estrada e um dos carros estava em chamas. Steve saiu correndo em direção ao acidente, mas foi puxado para trás no exato momento que o tiroteio começou. O som dos gritos eram abafados pelo barulho das armas sendo disparadas.

Javier o empurrava para trás do carro  enquanto tossia descontroladamente, os dois já tinham as armas em mãos, o  rádio estava uma loucura, tantas pessoas falavam ao mesmo tempo que acabava sendo impossível receber qualquer informação.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now