XXVIII - Família

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A manhã estava estranhamente calma na delegacia, tão clama que as horas se quer pareciam passar. Verônica finalizou mais um relatório e o jogou na mesa de Javier, mas o mais velho apenas ignorou e continuou focado nos papéis a sua frente.

Steve não estava lidando bem com os últimos acontecimentos, na verdade ele parecia quase paranoico. Olhava para os lados o tempo todo como se fosse encontrar alguém os bisbilhotando, balançava tanto a perna em ansiedade que fazia a mesa dos amigos sacudirem junto com a sua.

A ruiva tentou o máximo possível ignorar a energia caótica que emanava do loiro, mas desistiu assim que o ouviu bufar pela milésima vez só aquela manhã.

—Steve querido, pelo amor de Deus, precisa relaxar. —Esticou a mão até a do amigo e deu um aperto reconfortante.

O loiro revirou os olhos, mas não se afastou do toque da mulher. Ele e Javier haviam passado por todos  os tipos  de atrocidades enquanto caçavam Escobar, mas a verdade é que nunca chegaram a correr perigo real quando não estavam em ação. Dessa vez era diferente, a audácia que tiveram em invadir o apartamento de Verônica provava isso. E ele sabia que aquilo não era nada comparado ao  que poderiam ter feito, nunca foi tão grato a Simón por ter se apaixonado pela amiga, pois de algum modo aquele sentimento o  impediu de fazer algo pior.

O telefone na mesa de Peña começou a tocar, o que atraiu os olhares curiosos e cheios de  expectativas dos agentes. O moreno atendeu com a expressão mal humorada de sempre, mas logo começou a parecer nervoso.

—É pra você, Murphy. —Empurrou cuidadosamente o telefone em direção ao loiro.

Verônica alternava o olhar  entre os dois homens com curiosidade, mas logo se surpreendeu com o amigo levantando depressa e pegando as chaves do  carro.

—Ei! Aonde você tá indo?

Foi completamente ignorada enquanto ele corria pela escada. O moreno soltou um suspiro e apoiou o rosto nas mãos, sabia que a atenção da mulher se voltaria a ele a qualquer momento, então resolveu falar de uma vez.

—A Connie e Olivia estão aqui. —Pegou  um cigarro depressa e o ascendeu.

—Ele vai surtar. —A mais nova apoiou os cotovelos sobre a mesa e observou a expressão frustrada do homem. —Definitivamente não era o melhor momento, mas a gente vai fazer tudo dar certo.

—É, Steve estava sentido falta delas. —Soltou uma grande quantidade de fumaça para cima,  sua cabeça completamente tombada para trás enquanto o fazia.

Era um alivio finalmente não ter que fingir  que Javier fumando a deixava incrivelmente excitada. A ruiva soltou um suspiro pesado e arrancou o cigarro dos lábios do namorado, apagando o mesmo sobre a mesa.

—É perigoso fumar em ambientes fechados. —Tentou se justificar enquanto jogava a bituca no lixo.

—Você nunca ligou pra isso antes. —Encarou a mulher com uma das sobrancelhas arqueadas.

Ela simplesmente deu de ombros e voltou a atenção para os relatórios em sua mesa. Era difícil ignorar Javier, mas foi exatamente o que a mulher fez até a hora de irem embora, e ele não poderia estar mais mal humorado com a falta de atenção.

Ele mal esperou a porta de casa fechar para empurrar a agente contra a parede e beijá-la, suas mãos desceram depressa para a bunda dela e apertou com força. Verônica gemeu contra sua boca e levou as mãos quase desperadamente ao botão da calça jeans do namorado e se ajoelhou depressa.

—Puta que pariu, mi amor. —Javier sentiu que podia gozar só de ver a namorada ajoelhada a sua frente.

A ruiva deu beijos leves na barriga do moreno, não podia negar que era extremamente satisfatório senti-lo se contorcer por tão pouco. Quando estava a apenas alguns centímetros de chegar ao grande prêmio o som irritante da campainha inundou o apartamento. Peña apenas ignorou o barulho e voltou a encarar a garota que também parecia bastante determinada a fingir não ouvir.

Don't Blame Me - Javier PeñaWhere stories live. Discover now