XXV - Do I wanna know?

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Javier não sabia como reagir a cena a sua frente. Havia chegado do trabalho a mais ou menos uma hora e já estava quase indo deitar quando alguém bateu desesperadamente em sua porta. Resistiu ao impulso de correr até a sala e pegar a arma assim que notou Simón Hernandez parado a sua frente, se o homem tivesse demorado mais um segundo até falar as coisas teriam sido bem diferentes.

-É a Verônica.

Aparentemente aquelas três palavras eram o suficiente para fazer seu cérebro parar de raciocinar logicamente. Ele se quer estava pensando quando correu até o apartamento da garota e a encontrou desacordada sobre o sofá.

-Que porra você fez com ela seu filho da puta? -Peña empurrou o homem com força contra a parede, mas logo o soltou e correu até a figura desmaiada.

Uma fina camada de sangue cobria a testa da ruiva, o que só fez com que o moreno ficasse ainda mais nervoso. Puxou depressa a mulher para seu colo e bateu de leve em suas bochechas, quase perdeu o pouco controle que ainda lhe restava quando viu Simón pressionar um pano contra o ferimento.

Verônica começou a abrir os olhos e tentou se afastar desesperadamente de quem a segurava, sua cabeça parecia prestes a explodir enquanto ela empurrava inutilmente os braços fortes que a rodeavam.

-Sou eu, Verô, tá tudo bem. -Javier viu as próprias mãos tremendo quando afastou os cabelos do rosto da amiga. -Eu tô aqui, ninguém vai encostar em você.

A ruiva relaxou quase que instantaneamente quando reconheceu a voz preocupada do moreno, forçou a visão um pouco e soltou um suspiro ao ver os olhos castanhos. Envolveu desajeitadamente os braços pelo pescoço do chefe e o abraçou.

-Tem que levar ela pro hospital. -Simón falou enquanto observava magoado a cena a sua frente.

Verônica estremeceu nos braços do amigo assim que percebeu que não estavam sozinhos. Não sabia o que passava pela cabeça de Javier para não ter prendido o loiro ainda. Afastou-se do aperto do homem e levantou do sofá, teria caído no processo, mas Simón segurou seus braços e a manteve de pé.

-Sai da minha casa agora. -Sua voz era trêmula, mas cheia de raiva.

-Verônica, eu não queria que nada disso tivesse acontecido. -Ele parecia desesperado, seus olhos vagavam pelo rosto machucado da mulher. -Eu nunca quis machucar você.

-Não queria me machucar? -Manteve o tom de voz controlado, suas mãos fechadas em punhos apertados. -Se não quisesse me machucar não teria deixado aquele brutamontes bater em mim, caralho! Já esqueceu do seu showzinho com a faca?

Sentiu o moreno ficar de pé atrás de si, a respiração dele estava completamente descontrolada, ela sabia que a qualquer momento os dois começariam a brigar.

-O que queria que eu fizesse? Eles estão me pressionando! Aparentemente sou mais leal a uma agente da DEA do que ao meu próprio irmão. -Simón havia se afastado consideravelmente, corria as mãos pelos cabelos em frustração.

-É pra ser comovente? -Javier falou com desdém e deu um passo a frente, mas logo parou quando sentiu as mãos da amiga rodarem seu braço. -Coitadinho do moleque apaixonado.

O loiro deu um longo suspiro e se aproximou de Peña, a pouca diferença de altura fazia com que Simón tivesse que olhar um pouco para cima para encarar os olhos do agente. Verônica se apressou em ficar entre os dois homens, sentia o peito de Javi colidir contra suas costas graças a respiração descompassada, suas mãos voaram para o peito de Simón e tentou o manter o mais longe o possível do amigo, mas o homem não resistia a seu toque.

-Acho que nós dois sabemos como é estar apaixonado pela mesma pessoa, então eu suponho que você também queira a manter longe de problemas. -Verônica revirou os olhos, não aguentava mais aquela palhaçada. -As coisas vão piorar por aqui.

Don't Blame Me - Javier PeñaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum