Don't Blame Me - Javier Peña

XV - Operação suicida

O final de semana voou, não passava de 4:30 da manhã de segunda-feira quando todos se reuniram para começar os preparativos para a operação.

O Coronel Martinez passava instruções para seus homens, a movimentação era absurdamente intensa, homens corriam de um lado para o outro carregando armas para os carros.

Steve prendia cautelosamente o próprio colete, suas mãos pressionavam preocupadas o tecido verde em busca de qualquer falha. Javier prendia a pistola ao corpo, seus olhos corriam a suposta planta da mansão, ele havia passado os últimos dois dias completamente fissurado em decorar todas as saídas do lugar.

Verônica tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo, o roxo em sua bochecha agora era apenas uma lembrança distante e os infames saltos haviam sido trocados por um all star velho. Já estava de colete e estava encostada ao carro de Peña, limitava-se a esperar por qualquer comando, estava evitando ao máximo qualquer contato com o mais velho.

—Tá na hora. —Steve murmurou e abriu a porta do passageiro, ele estava completamente tenso.

A ruiva apenas seguiu o exemplo do amigo e sentou em silêncio, podia ver as pontas dos dedos de Javier completamente brancas devido a força com que ele apertava o volante.

Era um percurso relativamente longo, a localização da casa era a pelos menos 40 minutos de carro do centro de Bogotá. O silêncio deixava o ambiente ainda mais tenso, pela primeira vez depois de alguns dias calmos a morte voltava a ser uma realidade.

Quando sentiu o carro desacelerar, Verônica finalmente sentiu o nervosismo que já assolava seus companheiros, mas não podia deixar que aquilo a dominasse justamente naquele momento. Sabia que no momento que o carro fosse parado tudo aconteceria rápido, os carros que iam a frente já começavam a estacionar, a rua estava pintada por coletes verdes.

Javier puxou o freio de mão com rapidez e saltou do carro, Verônica fez o mesmo, o vento frio de início de manhã machucava sua pele esposta, certificando-se de que seu colete estava firmemente preso a seu corpo e sacou sua arma, o cano frio de metal a fez soltar um suspiro temeroso.

Murphy já estava um pouco mais a frente com a arma em punhos, viu o amigo murmurar algo para um policial. Peña puxou o braço do amigo e apontou para o grupo que lideraria, a ruiva assistiu apavorada enquanto o loiro se afastava e ficava em posição apenas esperando pela ordem.

Verônica rapidamente caminhou até o próprio grupo, ouvia os policiais murmuararem coisas em espanhol, mas se quer se esforçou para entender. Os três invadiriam pela frente, o grupo do Coronel Martinez faria o mesmo pelos fundos do lugar. Derrepente tudo aquilo parecia ser uma ideia estúpida, sua respiração parecia muito alta nos próprios ouvidos quando sentiu a mão do policial em seu ombro sinalizando que começariam.

Um grande estrondo inundou os ouvidos da mulher e o grande portão de ferro estava ao chão, um tiroteio intenso começou, mas a ruiva não podia parar para olhar, tinha que seguir até uma porta na lateral da casa que, segundo a planta do lugar, levaria a cozinha.

Javier fazia o mesmo com a porta principal, enquanto Steve ficaria responsável pela lateral esquerda, ele entraria pelo que parecia ser uma pequena sacada que levava a uma espécie de biblioteca.

Respirou fundo e assistiu o policial alto que a acompanhava pegar o lado esquerdo da porta enquanto ela ficava com o direito, com um aceno rápido de cabeça o homem chutou a porta e entrou rapidamente no lugar.  Aparentemente não havia ninguém na cozinha,  como já esperavam, provavelmente a maior parte das pessoas estariam no andar superior.

Verônica cobria as costas do policial quanto ele se dirigia mais para dentro do lugar, ele se virou e acenou com a cabeça para que ela subisse as escadas. Subiu vagarosamente e tentou controlar a respiração errática, ouvia os passos dos policiais atrás de si, conseguia ouvir os homens de Javi ali em baixo, os tiros na área externa pareciam mais distantes.