A voz do corpo ( harmonia ) ✅

Capítulo 2

Hermione não conseguia dormir. Ela estava deitada na cama, sua mente correndo. Poucas horas atrás, ela e Ron ajudaram Harry a se levantar de sua cama de hospital, colocaram-no entre eles, cada um colocando um dos braços de Harry sobre seus ombros, então se enrolaram na capa e levaram Harry em direção à torre da Grifinória. Como prometido, o quarto que Harry e Ron normalmente dividiam com outros três garotos estava vazio. Eles colocaram Harry cuidadosamente em sua cama e ele pareceu ceder em uma medida de alívio por estar de volta a algum lugar familiar e seguro.

Hermione ficou um pouco desajeitada enquanto Ron buscava a camisola de Harry e as calças do pijama. Harry, além da modéstia, lutou para tirar suas roupas e vestir seu pijama. Hermione pegou um copo d'água para ele colocar no criado-mudo caso ele sentisse sede durante a noite. Eles colocaram Harry na cama e perguntaram se ele queria alguma coisa. Não. Eles perguntaram se ele estava se sentindo melhor. Talvez um pouquinho. Ele precisava de mais cobertores, porque estava tremendo muito. Sim, ele estava muito frio. Eventualmente, Harry foi enfiado sob as mantas de Dean, Seamus e suas próprias, tinha água ao alcance, sua varinha à vista, seu travesseiro afofado e, finalmente, Harry teve que dizer que estava bem e eles tiveram que deixá-lo por isso mesmo. Depois disso, eles apenas ficaram no quarto com ele e lhe fizeram companhia. Ninguém falava de Voldemort.

Hermione não queria ir embora, mas ficou tarde e ela foi forçada a se retirar para o dormitório feminino. Ela só podia confiar que Ron poderia lidar com qualquer uma das necessidades de Harry por conta própria. Ela voltou para seu dormitório tarde e todas as outras garotas já estavam na cama. Dois estavam chorando até dormir. Um estava segurando um hipogrifo de pelúcia como uma criança pequena. Hermione não chorou. Ela gastou todas as suas lágrimas na cama do hospital de Harry. Agora ela estava apenas exausta e sofrendo por dentro - sofrendo por Harry e pelo que ele passou.

Depois de uma boa hora olhando para o teto preto, Hermione não aguentou mais. Para o diabo com as regras, ela tinha que ver se Harry estava bem. Ela não descansaria até que soubesse que ele ainda estava seguro, ainda respirando, ainda vivo para machucar.

Sem fazer barulho, Hermione saiu da cama de camisola, pegou a varinha por hábito e saiu do quarto. Ela rastejou para a sala comunal, subiu a escada dos meninos e com uma lentidão agonizante abriu a porta do quarto de Rony e Harry.

Ela ficou congelada por um momento para tentar ver o quarto. Quando o luar se destacou das sombras da noite o suficiente para Hermione ver, ela entrou na ponta dos pés e fechou a porta. Ela podia ouvir Ron perto dela, roncando. Ela ficou instantaneamente enojada por ele estar dormindo, quando Harry poderia precisar de alguma coisa, mas Hermione rapidamente esqueceu sua raiva enquanto se movia silenciosamente para a cama de Harry.

Ela podia ver sua forma encolhida sob a montanha de cobertores e, a princípio, não sabia dizer se ele estava dormindo ou não. Tentativamente, ela estendeu a mão e rastreou a penugem das colchas, buscando a cabeça de Harry. Ela parou tímida e se inclinou, tentando ver seus olhos para determinar se eles estavam abertos ou fechados.

Sua resposta veio pelo som. Ele soluçou, como um soluço abafado, e o coração de Hermione sangrou. Ele estava tão ferido e sozinho. Mesmo que Harry sempre ficasse sozinho, ele geralmente parecia forte fazendo isso. Agora não. Agora ele parecia perdido.

Com coragem da Grifinória, e tomando cuidado para não acordar Ron, Hermione puxou as cobertas acumuladas o suficiente para entrar no casulo quente com Harry. Ela podia senti-lo tremendo nas fracas vibrações do colchão antes mesmo de ela tocar seu corpo. Ela não sabia dizer se ele sabia que ela tinha se juntado a ele na cama ou não. Ela tinha que pensar que ele sabia que ela estava lá, mas ele poderia estar muito desorientado para notar. Hermione conhecia o perfil didático do Cruciatus, ela poderia dizer o que ele sentiria, mas vê-lo sentir era tão diferente de tudo que ela havia lido.