𝖆𝖎,𝖆𝖒𝖔𝖗

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Aí, amor

Será que tu divide a dor

Do teu peito cansando

Com alguém que não vai te sarar?

ANTES.

Ana Flávia

       O céu virou de ponta-cabeça...

Assim como a minha vida. 

Há uma hora atrás, eu tinha um namorado, na qual tive um relacionamento por quase um ano, e agora eu estou dentro do carro do Gustavo Mioto indo para o apartamento dele. 

Gustavo me encontrou sozinha minutos depois do ocorrido, ele conversou comigo por um tempo e me convenceu a ir com ele para sua casa, já que eram quase meia noite e eu estava sozinha. Não queria falar com meu pai e muito menos com a Bruna, uma hora ou outra eles iriam se encontrar com Luan e ele mesmo teria que explicar o motivo de eu ter ido embora. 

Meu pai deve estar querendo arrancar minha cabeça nesse momento

Observei a paisagem do caminho da casa do homem ao meu lado e respirei fundo pensando em mil e umas coisas e nada ao mesmo tempo. No carro havia silencio, mas não um silencio constrangedor, e sim gostoso. Era bom aquele silencio, eu gostava. 

Desviei meu olhar da janela fitando o homem ao meu lado, que estava concentrado nas ruas em que ele dobrava pelo centro de São Paulo. Senti o carro ir diminuindo a velocidade e de repente entrar no estacionamento de um prédio grande e completamente luxuoso, ele estacionou e nós descemos do carro indo em direção ao elevador. 

Eu não fazia a mínima ideia do que eu estava fazendo, mas senti que deveria continuar. 

— Eu pedi comida pra gente durante o caminho, só preciso ir pegar na portaria. - disse e eu assenti.

 Paramos no andar da portaria e saímos do elevador indo em direção a recepção que era preenchida por um senhor careca e com barriga de chopp. 

— Carlão! - Gustavo chamou e o homem se levantou com uma embalagem na mão. - Obrigada por receber minha encomenda. 

— Obrigada nada, vai ter juros! Vou te cobrar cervejas em dobro! - Gustavo riu. 

— Com essa pança aí, o que eu vou te dar é uma salada em dobro. - Gustavo debochou e eu arregalei os olhos. 

— Me respeita seu safado! - deu um tapa na cabeça do moreno que deu risada vindo em minha direção. 

E só nesse momento, o porteiro percebeu minha presença. Ele me olhou meio confuso e eu abaixei a cabeça envergonhada. Provavelmente ele deve ter me reconhecido, já que costumo estar sempre com a minha cara estampada em tudo quanto é propaganda por aí.

Ele sorriu e desviou o olhar, me fazendo entender que ninguém saberia que eu estive por aqui, a não ser por mim mesma.

Eles trocaram mais algumas palavras e logo subimos para o apartamento do Gustavo, que ficava na cobertura.

Não pude deixar de notar o quão lindo e luxuoso era o seu apartamento. Era todo em tons escuros, mas não era um lugar frio. É bem aconchegante, na verdade.

— Curte japonês? - me olhou enquanto retirava a comida da embalagem colocando na bancada da cozinha e eu assenti. 

Me sentei no banco alto da ilha, tratando de não esconder a fome que eu estava e ajudando o mesmo com algumas coisas. Ele se afastou para pegar alguns pratos e copos.

(ɪᴍ)ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏs, ᴍɪᴏᴛᴇʟᴀWhere stories live. Discover now