𝖈𝖎𝖈𝖆𝖙𝖗𝖎𝖟

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Não sei quando foi que perdemos a cor

Quando foi que acabou

Pedi ao tempo pra te ter pra mim

Mas não sei se vai adiantar

Há tanta coisa por falar

DEPOIS.

Ana Flávia:


        Olhei pela vigésima vez a barra de notificação do meu celular para ver se Gustavo tinha mandando alguma mensagem.

Ele não mandou.

Eu havia saído para fazer show a dois dias. Estava em Mato Grosso do Sul fazendo uma mini tour pelas cidades do estado, e Gustavo estava com os meus pais em Londrina.

É, isso é bem raro de acontecer, mas ele precisava fazer um comercial de uma marca conhecida por lá, e quis aproveitar para em casa e me esperar, já que eu iria pra' lá quando terminasse os shows por aqui, no caso, hoje.

Nós não conversamos naquele dia, e nem no dia seguinte, nem no outro. Apenas esquecemos. Voltamos a estaca zero. A indiferença em que tratamos a nossa última briga explica muita coisa, Gustavo e eu não estávamos conseguindo conciliar as coisas. Era nítido. Mas preferimos deixar as coisas como estão, uma hora ou tudo vai se resolver ou tudo vai acabar. Estamos cientes disso mais do que qualquer pessoa.

O técnico terminou de ajeitar meu microfone e subi no palco, respirando fundo tentando dar tudo de mim para esse show. Estava muito cansada, não tem sido uma rotina nada fácil.

Meu corpo estava presente ali, mas minha mente ninguém sabe. Muito menos eu. Era visível o quão dispersa eu estava durante o show, mas felizmente deu tudo certo. O público saiu satisfeito e eu encerrei meu final de semana com chave de ouro.

Já estávamos quase pousando em Londrina, meu corpo pedia minha cama a cada aviso que o piloto anunciava. Com tantos anos de carreira, eu já estava acostumada a andar de avião pra lá e para cá, mas que eu não conseguia dormir direito não era novidade pra ninguém. Isso é fato.

Agradeci mentalmente quando vi a fachada da casa dos meus pais se aproximar através da janela do carro. Assim que paramos, peguei minhas malas e me despedi de Bruna, que iria para a casa dos pais dela. Já era um pouco tarde, na verdade, de madrugada então eu esperava que ninguém estivesse acordado me esperando.

Entrei em casa deixando minhas malas de lado e fui para cozinha. Estou quase falecendo de tanta fome. Enquanto pegava um pedaço de bolo provavelmente feito pela minha mãe mais cedo, escutei passos se aproximarem e me virei em direção a porta da cozinha, vendo um Gustavo sem camisa e de cabelos bagunçados entrar no cômodo.

— Fez boa viagem? - perguntou se apoiando na parede.

— A mesma coisa de sempre. - peguei um garfo me sentando na mesa começando a comer o bolo. - Nossa... isso tá muito bom! - murmurei em satisfação.

— Foi sua mãe e a Antonella que fizeram hoje a tarde... - se aproximou sentando na minha frente. - Você parece bem cansada.

— Eu estou. E muito. - suspirei tentando comprimir a vontade de fazer uma pergunta que acabaria levando uma leve discussão.

Eu juro que não era minha intenção, mas é meio impossível. Gustavo mais uma vez não me mandou mensagens e também não me respondia. Mas dessa vez eu não liguei e nem insisti muito, queria que ele percebesse o seu próprio erro.

(ɪᴍ)ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏs, ᴍɪᴏᴛᴇʟᴀWhere stories live. Discover now