𝖛𝖚𝖑𝖓𝖊𝖗𝖆́𝖛𝖊𝖑

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Eu não tenho mais nada para oferecer

E você não me dá nada agora

Se você me quiser de volta em algum momento

Então sua paredes precisam cair


DEPOIS.

Gustavo:

Há alguns minutos eu observava minha esposa terminar de secar o seu enorme cabelo enquanto eu tomava banho, quando eu acordei, Ana Flávia já estava saindo do chuveiro e logo em seguida eu entrei também. Não trocamos uma palavra se quer

O silêncio que preenchia o quarto não era muito confortável mas era normal, na verdade, ele se tornou normal entre nós dois. Me sinto culpado por ter deixado nosso casamento chegar naquele nível novamente, mas também reconheço que a culpa não era apenas minha.

Ana Flávia nunca foi uma pessoa ciumenta, muito pelo contrário, eu quem sempre fui o ciumento da relação. Mas de um tempo para cá, esse seu lado tem se aflorado cada vez mais, e acabou se tornando algo comum entre nós dois. No começo eu achava engraçado, suas crises de ciúmes me deixavam cada vez mais apaixonado por ela mas agora... Agora, quando as coisas estavam começando a ficar mais graves, e quando Ana Flávia começava a enxergar situações inexistentes, começando a me cobrar muito por absolutamente tudo e a desconfiar de mim, já estava me levando ao limite. 

É um ciclo rotativo e insuportável, é como se alguém nos tivesse jogado alguma praga e ela vem e volta. Quando penso que estamos finalmente seguindo passos mais largos e chegando cada vez mais perto do nosso futuro dos sonhos, algo vem e nos faz dar quatro passos para trás e voltar a estaca zero. 

Eu já venho fazendo tudo que estava ao me alcance e mesmo assim não parece ser o suficiente. Está mais que na hora da Ana Flávia fazer algo por nós dois e não apenas me cobrar, esperando que isso fosse resolver todos os nossos problemas. E isso precisava ser de imediato ou nós não aguentaríamos por muito tempo.

E para piorar, a notícia que havia vazado no portal do Léo Dias piorava ainda mais a situação. Simplesmente não sabíamos o que fazer diante disso, não tinha o que ser resolvido ali. Estávamos perdidos. 

Me dei conta que estava demorando demais no banho, então resolvi que seria a hora de sair. Fechei o registro do chuveiro e saí do box, pegando a toalha pendurada no suspensório começando a me enxugar. Hoje eu iria acompanhar Ana Flávia no show aqui em Goiânia, ontem eu já tinha feito o meu show e hoje seria vez da minha esposa. 

— Como vamos fazer hoje? —perguntei enquanto me secava. 

Ana Flávia não me respondeu, pois não havia me escutado pelo barulho do secador mas percebeu que eu havia falado algo, então parou o mesmo e se virou para mim. 

— O que disse?

— Como nós vamos fazer hoje?

— Como assim? —franziu o cenho. 

— Ana, as notícias que vazaram. —ela relaxou os ombros e apoiou o secador no mármore da pia.— O que vamos fazer em questão disso? Vamos dar alguma entrevista?

— Eu não sei. —enrolei a toalha na cintura e peguei a escova de dentes, colocando um pouco de pasta e levanto até a minha boca.— Vamos chegar juntos Gustavo, só de fazermos isso vai calar a boca de muita gente. E quanto as entrevistas, eu vou negar o que perguntarem e dizer que estamos bem. Até porque, nós estamos, não é?

Ana Flávia passou óleo no cabelo e me olhou, tentando nos convencer que estávamos bem. Mas não estávamos e ela sabia muito bem disso. 

— Você sabe que não... —enxaguei minha boca e coloquei a escova na minha bolsinha. Saí do banheiro e ela veio atrás. 

(ɪᴍ)ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏs, ᴍɪᴏᴛᴇʟᴀOnde as histórias ganham vida. Descobre agora