𝖘𝖔𝖇𝖗𝖊 𝖓𝖔́𝖘

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Tem vez que a gente briga e perde a razão

Tu sabe como eu fico se eu te vejo chorar

E quem perde com isso? Nossa relação!

DEPOIS.

Gustavo:

         A quietude da minha mulher sempre foi um indicativo de que ela estava completamente imersa nos seus pensamentos. Mas a questão é, o que tanto ela pensava para estar calada a tanto tempo? 

Esse era mais um dos questionamentos que Ana Flávia me fazia levantar durante esses últimos meses. 

Estávamos tão bem, caminhando e cantando conforme a música tocava, e agora? Agora não temos nada. Apenas o amor. Diferente de alguns casais que não tem nem isso.  Mas o amor  é a coisa mais preciosa que nós temos nesse momento, e infelizmente ele não sustenta um relacionamento. 

Estivemos em cidades diferentes nos últimos dias, por conta dos shows que fizemos. Pode ser errado o que eu vou dizer agora, mas, eu não conseguia sentir saudade. Porque sei que durante a nossa folga, não iremos trocar uma palavra sequer. Não iremos curtir juntos como fazíamos antigamente. E nem transar. 

Algo que não fazemos a um pouco mais de dois meses. 

Seria mentira eu falar que não me sinto frustrado por isso. Eu estou frustrado por minha mulher quase não querer olhar na minha cara mais, me sinto frustrado por não ser o suficiente para satisfazer minha mulher e me sinto frustrado mais ainda por não ter ideia do que fazer para tentar salvar o meu casamento que ruía de súbito. 

— Gustavo? Chegamos! - escutei meu pai anunciar e tirar o sinto de segurança para descer do jatinho.

Olhei para janela e pude identificar que já estávamos em São Paulo, respirei fundo e tirei o cinto de segurança para descer também e ajudar meu pai com as malas. 

— Achei que a Ana fosse vir te buscar. - meu pai me entregou a minha mala e pegou a sua. 

— Ela não deve ter chegado ainda. - ou deve. Só não queria me ver mesmo. 

Meu pai resolveu alguns assuntos com o piloto e se despediu do mesmo. O pessoal da minha equipe já tinham ido direto para suas casas, restava apenas eu e meu pai. Meu carro estava no estacionamento, e como meu pai estava sem, aproveitei para deixar o mesmo em casa. 

— Você vai direto pra casa? - meu pai perguntou quando parei em frente a casa dele e da minha mãe. 

— Não sei. - ele me olhou por alguns instantes parecendo confuso com a minha resposta. 

— Vocês estão bem, Gustavo? Porque pelo seu comportamento parece que não. 

— Pai, podemos conversar sobre isso outro dia? Eu realmente estou muito cansado e o senhor também...

— Tudo bem. Tchau meu filho. - se despediu e saiu do carro. 

Eu realmente queria desabafar sobre esse assunto com alguém, mas esse alguém não é meu pai. Não mesmo. Eu precisava conversar, tomar um whisky e descontrair um pouco. Resolvo mandar mensagem pro Bala, meu amigo e quase cunhado, conversamos um pouco e resolvo ir até a casa dele. 

Cheguei em seu condomínio, e como já tinha a entrada liberada, fui diretamente para a casa dos dois. Estacionei em frente, e desci do carro destravando o mesmo. Apertei a companhia e não demorou muito para ele aparecer na porta. 

— Eai, cara? - apertou minha mão e deu espaço para que eu possa entrar.

— Fala irmão! - me sentei no sofá. - Cadê a Boo? - olhei em volta. 

(ɪᴍ)ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏs, ᴍɪᴏᴛᴇʟᴀWhere stories live. Discover now