Prólogo

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Duas palavras definem a grandiosa publicitária Laura Steven: criatividade e benevolência. Não foi por acaso que ela conquistou o título de personalidade do ano.

Enquanto aguardava Rachel, minha namorada, sair do banho, comecei a ler escondido a notícia que estampava a capa de uma das maiores revistas online do país. No entanto, em poucas palavras, percebi que o teor continha mentiras absurdas. Fui forçado a interromper a leitura para gargalhar diante das tamanhas asneiras.

Na sexta-feira passada, em 03 de julho de 2015, a publicitária de trinta e três anos recebeu o segundo prêmio da XII edição do concurso "Personalidades do Ano" — um dos principais concursos que reconhecem os profissionais e personalidades mais importantes do país. Com muita elegância e descontração, como de costume, a magnífica Laura Steven relembrou os obstáculos enfrentados no início de sua carreira. "Engoli muitos sapos. Eles não acreditavam que uma grande sonhadora como eu faria história no mundo publicitário, mas aqui estou, recebendo um dos prêmios mais importantes do país. Consegui!" Finalizou seu discurso com essas belas palavras, arrancando uma grande salva de aplausos da plateia.

Ao concluir a leitura, soltei uma risada de incredulidade. Acomodei-me em minha poltrona antiga de couro sintético ao lado da cama e reli a nota, discordando dos adjetivos usados pelo jornalista.

Magnífica e benevolente eram algumas das palavras estúpidas que o escritor associou a ela, termos que não condiziam com sua pessoa. Por esse motivo, o prêmio de Personalidade do Ano era apenas uma grande piada, gerando dúvidas sobre a credibilidade do concurso. De acordo com a organização do evento e as regras do próprio concurso, grandes profissionais criativos e, principalmente, filantrópicos eram elegíveis para receber esse prêmio. Laura Steven certamente possuía criatividade, ninguém poderia negar isso. Porém, filantropia? Aquela mulher era a personificação do mal! Nem sequer era capaz de pronunciar a palavra bondade.

― O que lê? Não me diga que ainda é aquela maldita nota sobre a Srta. bruxa. ― Rachel já entrou tagarelando no quarto, interrompendo a releitura. Sem conseguir disfarçar, assenti com a cabeça e, nervosa, continuou a falar. Ou melhor, a gritar. ― Não aguento essa mulher! E que saber de algo? Estamos vivendo no apocalipse e nem temos água, comida ou donativos o suficiente para esse evento. Olha só isso! ― Pegou meu celular das minhas mãos e leu a última frase da reportagem com grande desagrado.

Rachel, assim como a maioria dos funcionários da Lex Publicidades, sentia ódio imortal pela Laura por ser tão miserável, metida, prepotente e, ainda por cima, a queridinha do CEO da agência. A intensidade do ódio de Rachel era tão grande que se fosse categorizado, ocuparia o primeiro lugar, já que ela trabalhava diretamente com a demoníaca Steven. Ela era a sua secretária e o saco de pancada oficial.

— Não consigo entender isso! — soltei assim que ela fechou a boca. Conhecendo-a bem, tentei mudar de assunto para preservar nossa relação. A gota d'água foi aquele prêmio. Além de aumentar nossa raiva, a tão sonhada noite de casal em ritmo de lua de mel estava comprometida. — Tem uma nova sobremesa no café que visitamos outro dia. Eles postaram no Instagram.

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