Capítulo 31

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 Gregório tirando sarro do meu vasto vocabulário de palavras inapropriadas e segurando uma sacola de um estabelecimento um pouco familiar, adentrou no apartamento. Ele estava tão apresentável que me senti na obrigação de desfazer o coque e passar a mão em minha blusa para desamassá-la um pouco.

— Por que a visita? — perguntei, jogando todo meu cabelo de um lado só para disfarçar o emaranhado.

— Desculpe por aparecer assim do nada. Foi a única solução que encontrei, já que você está me ignorando na maior cara dura. — respondeu ele ao enrijecer os músculos do rosto, demonstrando toda sua insatisfação pelos vácuos não intencionais.

Eu estava atolada em grandes problemas e com uma loja para administrar, conversar com Gregório Louise poderia me distrair. Eu me perdia fácil, fácil, quando estava jogando conversa fora com ele e principalmente depois que uma áurea de gostoso surgiu sobre sua cabeça.

— Fui tão má companhia na última vez? É por isso que não quer falar comigo, senhorinha? — questionou ele ao desfazer sua expressão séria e cutucou a minha barriga com um dos dedos.

— Não foi nada pessoal! — falei, me afastando do ataque de cutucadas na barriga. — Precisei concentrar todo meu foco em uma questão. Vem, sentar! — Fiz sinal com cabeça para que me acompanhasse à sala e sentasse no sofá. — Não podia me distrair. Desculpe por te ignorar na cara dura.

Ele deu um meio sorriso e apertou de leve o meu ombro.

— Eu te entendo. — disse ele, dando uma piscadela para mim e eu, impressionada de como seus olhos estavam escuros e brilhantes, sorri de uma forma boba. — E as vendas? Estava acompanhado o seu Instagram de desapego.

Achei estranho o Gregório se interessar tanto por minhas coisas. Um estranho bom. De admiração e felicidade. Se eu morresse no dia seguinte, certeza que ele faria um belo discurso fúnebre para mim.

— Comprou alguma coisa para presentear as namoradinhas? — brinquei.

— Por isso que estou aqui. — disse ele, sério, na qual me fez sorrir. — Consegue me dar um desconto? Quero presentear todas as minhas garotas.

— Claro! — respondi ao dar um tapinha em sua coxa. — Quantas garotas irão ganhar presentes? Preciso ver o meu estoque.

— São... — Ele, simulando estar pensativo, segurou o queixo e ficou alternando o olhar para o teto e eu. — São muitas. Impossível chegar em um número exato. — disse por fim, olhando apenas para mim.

Voltei a bater em sua coxa e abri um pequeno sorriso. Estava feliz com sua aparição, mesmo que a qualquer momento ele fosse espremer a minha última gota de paciência com seu show de implicâncias.

— Esse é o motivo da visita?

— Inicialmente não. — respondeu, colocando a sacola familiar sobre meu colo. — Foi por isso. É seu! — Olhei para a sacola em meu colo e depois para ele, que possuía um sorriso de orelha a orelha. — Vai deixar sua noite melhor. — falou ele, exageradamente empolgado. — Abre!

— Será? — falei, meio desconfiada. Se fosse alguma brincadeira de mal gosto, o mataria sem piedade! Abri a sacola e encontrei alguns pequenos recipientes de isopor. Fui tirando um a um e os colocando sobre a mesa de centro. No total tinha sete recipientes. — O que é isso? — Olhei mais uma vez para ele que estava a ponto de ter um treco devido a grande euforia que sentia.

— Abre um!

Peguei um dos recipientes e fiz o que ele me pediu. Os meus olhos custaram a acreditar no que via e ao perceber de fato do que se tratava, ficaram marejados. Respirei fundo, reprimindo o choro e, com um dos meus melhores e genuínos sorrisos, voltei a olhar para ele.

Descendo do SaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora