Capítulo 12

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Um embaralhado tão grande na cabeça que sentia meu corpo tremer. Não sei se era por causa do excesso de bebidas consumidas ou a velha culpa abrindo espaços para novas culpas integrar ao time. Por que tão impulsiva? Por que tão burra? Por que tão fracassada? Por que eu era tão eu? Minha mãe jamais me perdoaria por ter surtado em sua festa de aniversário tão especial. Se eu tivesse um pouco mais de bom senso, poderia ter esperado por outro momento. Eu sempre fui muito impulsiva.

A perturbação do barulho me fez abrir os olhos com dificuldade e a situação em que me encontrava me fez desejar a morte. Estava deitada no chão, próximo à entrada dos banheiros e com cheiro de bebida. Segurando a cabeça, sentei-me e tentei lembrar como havia chegado até lá. Não me recordava de nada. Apenas me lembrava do momento em que encostei a cabeça no balcão para aliviar a dor na cabeça e tudo se apagou.

— Laura, acordou!

Ouvi, após algum tempo, alguém celebrar o fato de eu estar acordada e, assustada, procurei de onde saiu a voz. O salão, além da música alta, estava muito escuro.

— Cadê você? — gritei, cansada de procurar.

— Estou aqui! Olha, aqui! — Acenou, do meu lado esquerdo, uma silhueta de uma mulher aparentemente alta que caminhava em minha direção. Apenas a reconheci quando parou em minha frente. Ela estava igualzinha, sem tirar ou colocar, desde da última vez que a vi. — Como se sente, Laurinha?

— Salete. — falei, tentando parecer feliz em vê-la.

Salete não era uma má pessoa, foi a única prima que não largou a minha mão nos momentos mais delicados, mas isso não a tornava agradável para todas as situações. Ela era muito... como posso explicar? Feliz, passiva e benevolente sempre. Sempre. Quase a Madre Tereza. Se não fosse virgem seria transformada em santa ainda em vida por encarar a vida tão de leve. Não há objeções a ela ou alguém do tipo, porém... não é confortável conviver com uma pessoa positiva porque nos faz pensar que algo não está certo conosco. Ou somos depressivos demais.

— Pedi para te colocar aqui. Foi o lugar menos movimentado e barulhento que achei. — Ela sentou-se ao meu lado com um saco de Doritos gigante em mãos e desvendou o mistério de como fui parar naquele lugar nojento, enquanto sorria amplamente.

— Quem me trouxe? — Indaguei, curiosa, furtando um Doritos para saciar a vontade do meu estômago. Ele emitiu um som estranho ao notar a comida ao redor.

— Pedi para o rapaz mais bonito da festa, depois do meu marido, te trazer aqui.

— Quem?

— O novo amigo da Gui. — respondeu, colocando alguns salgadinhos na boca. — Um loirinho. — acrescentou, com a boca cheia.

— Não me importaria de ficar em um lugar movimentado e barulhento, porém um pouco mais digno. — falei com uma expressão de desgosto e percorri com o olhar o perímetro em que me encontrava, enquanto pegava mais um pouco dos seus Doritos.

Salete parou de mastigar e, movendo os olhos para o ambiente e o meu rosto, levou umas mãos até a testa e deu uma batidinha nela.

— Pensei que aqui seria um bom lugar, desculpe. — Ela expressou sua frustração ao saber que a sua ideia não foi bem aceita, depois de comer os salgadinhos.

Rolei os olhos para cima com a sua falta de noção, mas a desculpei. Nas piores hipóteses, ela teve uma boa intenção.

— E a minha mãe? O que aconteceu enquanto estava apagada? — A pergunta que não queria calar na minha cabeça. Saber da reação de minha genitora.

— Hmm... — Ela colocou mais alguns salgadinhos na boca e balançou os ombros, não dando a devida importância para o assunto tão caso de vida ou morte.

Descendo do SaltoWhere stories live. Discover now