Capítulo 15

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Mesmo com as pernas praticamente coladas uma da outra e andando feito um robô automatizado na velocidade mínima, a cada passo que dava escorria um pingo generoso de xixi. E a cada pingo escapado, uma vontade desaparecer de ali se manifestava em meu ser junto com o desejo de transformar o Gregório Louise em picadinho. Ele, de volta ao seu normal, me irritava de todas as piores maneiras. Cantarolava uma lista imensa de adjetivos humilhantes atribuídos a mim enquanto bagunçava os meus cabelos e fazia cócegas em minha barriga. Chegou até a me puxar pela mão para que pudesse correr junto com ele. Todas essas coisas contribuíram para o agravamento da situação e um jato enorme escapou a ponto de escorrer pelas minhas pernas e pingar no chão.

— Meu Deus! — exclamou ele, assustado, no primeiro momento, levando uma das mãos à boca. — Meu Deus! É sério? Eu não acredito nisso! — Caiu na gargalhada, quadruplicando o meu desejo de decapitá-lo com as minhas próprias mãos.

Em vez de atacá-lo, soltei um ruído pra lá de rouco que deveria ser um estridente grito. Ele gargalhou mais alto, chegando até ficar sem ar.

— Idiota. — resmunguei, comigo mesma ao olhar para situação horrenda que me encontrava. Uma bêbada e desempregada em volta na poça do seu próprio xixi. Qual seria o próximo passo humilhante da minha vida? Motivo de chacota para as pessoas que não faziam parte de minha família já era! O que mais faltava?

Contrai os lábios, prendendo o choro. Não queria chorar, nem sob ameaças, na frente do Gregório Louise. Só aumentaria o seu sarcasmo. Ele era uma criatura terrível e eu não tinha pulso algum para competir com ele. Com os ombros caídos e dor na bexiga, continuei o percurso até o banheiro ao som, lá no fundo, das gargalhadas dele. Foi um alívio quando consegui cruzar a maldita porta e deparei com nenhuma alma viva no local. Aquele quadrículo era todo meu. Pude me livrar do restante do líquido, das risadas dele e liberei o choro em paz.

Foram dez, ou mais, minutos de choro incessante. E depois de desabafar tudo por meio de lágrimas, tomei coragem e livrei-me da calcinha encharcada e joguei-a no lixo, levantei o vestido o máximo que pude e fiz um forte nó para que não soltasse enquanto banhava toda área afetada pelo xixi na pia de rosto. Cena vergonhosa que me submeti na qual requereu manobras traumatizantes. Eu não tive coragem sequer de olhar para o espelho em minha frente durante o processo de limpeza. As pernas, literalmente, flutuaram pelo ar, deixando bem evidente todos os detalhes da minha parte íntima. Sorte que não apareceu ninguém por lá durante esse processo.

— Laura, tudo bem aí? Já peguei sua bolsa, vamos? — gritou Gregório do lado de fora, agoniado. Sequei as minhas pernas com papel-toalha que estava disponível por lá, desfiz rapidamente o nó do vestido que infelizmente estava um pouco molhado e ajeitei-o antes de sair do banheiro.

— Idiota! — Demonstrei um pouco de minha raiva, dando um soco em sua barriga de surpresa e puxando a minha bolsa de suas mãos.

— Ficou doida? — disse ele, massageando a sua barriga e me olhando incrédulo.

— Por sua causa que me molhei toda. — falei irritada com o seu jeito de tentar se passar por vítima. — Eu deveria ter quebrado esse seu rosto e as pernas. Olha só isso aqui! — Apontei para o vestido molhado, e ele, fazendo uma expressão de nojo, enrugou o nariz e balançou a cabeça. — Sua culpa, infeliz!

— Minha? — Gregório, fingindo de desentendido, cruzou os braços e voltou a me olhar incrédulo. E aquilo resultou em um novo soco. — Calma, calma. — disse ele, rindo, e segurou as minhas mãos antes que o terceiro soco saísse. — Vamos sair daqui em paz. E bem rápido! A sua prima Salete está à nossa procura. — sussurrou a última frase, olhando para os dois lados, certificando que a Salete não se encontrava em um raio próximo. — Ela gosta muito de conversar e não tenho mais energias para isso. — comentou ele e eu assenti com a cabeça, concordando em deixar o local o mais depressa.

Descendo do SaltoWhere stories live. Discover now