Capítulo 13

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No meio termo que estive sozinha, cochilei, aliás, peguei no sono pesado e fui transferida para um lugar totalmente novo. A cozinha de apoio do salão de festa, que estranhamente estava deserta. Por um momento pensei que estivesse sonhando ou era alucinações geradas pelo álcool, então fechei os olhos e tentei voltar a dormir, mas, do nada, uma mão começou a balançar o meu corpo. Tive medo e apertei com força os olhos. Será que seria vítima de homicídio triplamente doloso?

Fazia algumas horas que coloquei a minha vida em perigo e, sob efeito de impulsividade entrelaçada a decepção, tristeza e medo, desejei o fim. Porém, no fundo do fundo da alma, não era aquilo que queria para mim naquele momento. Talvez dentro de alguns dias ou horas poderia mudar de ideia, nunca sabemos! Eu queria viver só mais um pouquinho para tomar um belo banho de praia e tomar uma caipirinha.

— Coração, acorda! — Aquela voz firme e aveludada varreu o medo para longe e, tranquila, abri um meio sorriso. — Consegui fechar a cozinha para nós. — disse ele, ainda balançando o meu corpo no intuito de me despertar por completo.

— Como arquitetou isso, James? — perguntei, com os olhos entreabertos. Estava, depois do susto, confortável, em comparação com antes. A mesa de mármore serviu muito bem de cama e os amontoada de panos como travesseiro. O James, o maior mala sem alças, pensou em tudo. — E como me trouxe aqui sem levantar suspeitas?

— Com meu super poder! — respondeu, dando um rápido beijo nos meus lábios.

— James, você é o verdadeiro diabo. — sussurrei em um bocejo, desistindo de abrir os olhos.

Ele me deu mais um beijo e riu à medida que acariciava o meu braço.

— Minha bela adormecida, a mais linda de todas, precisa de água ou algum analgésico? Tenho um na minha carteira, quer?

— Será que vai resolver?

Levei uma mão à cabeça, indicando o quanto e onde doía, e apertei forte os olhos.

— Não te vejo mal por causa de bebida desde daquele dia que o engomadinho gringo partiu o seu coração. — comentou ele, sentando-se ao meu lado e elevando o nível das carícias. Eu valorizaria os seus esforços em querer me render por inteira se aquele comentário desnecessário não tivesse sido dito. Aborrecida, por ter trazido à tona lembranças desagradáveis, abrir os olhos de uma só vez e respirei fundo.

Não gostava de relembrar os episódios de coração partido que acumulava ao longo do tempo. Por mais que não me prendesse a um relacionamento sério e poupava os meus sentimentos, homens, com exceções de alguns, sempre dava um jeito de me mobilizar para arrancar, sem fazer esforços algum, a minha alma por completo depois de tirar alguns pequenos aproveito de mim.

Idiota!

Por que somos assim, mulheres? Agimos mais com a porra do coração mesmo tendo todo o cuidado para isso não acontecer, mas acontece! Será que somos biologicamente criadas para sofrer por homens? Eu disse, homens! Sofrer por eles enquanto precisam que nós enfie uma estaca enfiada em suas cabeças ou a decapite o seu órgão genital.

— Foi mal, coração! — disse James, dando um outro beijo em meus lábios e interrompendo o avanço das carícias, que trilhava para um estágio perigoso e quente. E sem que eu pedisse nada, levantou-se, pegou uma garrafa de água em um das três geladeiras que tinham no local e me entregou junto com a cartela de analgésico cortada ao meio de forma irregular que tirou da carteira. Logo após, ajudou-me a sentar e ficou me observando até que tomasse um . — São analgésicos, coração! Pode ler o verso. — disse ele, assim que engoli.

Eu não sentia confortável em tomar comprimidos oferecidos por alguém, mesmo que esse alguém fosse da minha confiança. E James sabia daquilo. Ele sabia de quase toda a minha história.

Descendo do SaltoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum