Capítulo 7

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Posso invadir qualquer computador, inclusive o seu. Posso ler todas as suas mensagens secretas, ter acesso aos seus vídeos, fotos e senhas. Você não está imune aos ataques de hackers e a sua privacidade não é tão privada quanto você pensa. Uma mensagem particular enviada para alguém em um aplicativo de mensagens instantâneas não envolve apenas você e o receptor. Ela percorre por diversos indivíduos. A criptografia nem sempre é ininteligível.

Não foi difícil, mesmo fazendo anos que não mexia com essas coisas de hacker, entrar nos computadores e telefone da Laura Steven. Ela não levava muito a sério a segurança dos seus aparelhos e qualquer pessoa que tivesse um pequeno conhecimento de hacker poderia invadir a sua privacidade sem passar por grandes perrengues. Estava tudo entregue de bandeja. Se eu fosse um outro tipo de pessoa faria a limpa nas suas contas bancárias, antes de acabar com a sua reputação.

Esperava encontrar algo que não fosse tão comprometedor, mas que abalasse a sua a vida profissional por um bom tempo. Não imaginava que a Laura, uma mulher que achava que era inteligente, fosse tão lesada a ponto de armazenar conteúdos de altíssima qualidade que pudesse encerrar de uma só vez sua carreira e vida pessoal. Encontrei uma infinidade de vídeos e textos detonando a autarquia da Lex, trocas de mensagens com clientes aceitando gratificações totalmente ilegais e... malemolência e flexibilidade. Laura possuía uma série de vídeos dançando de modo tão exótico. A maioria deles estava da forma que veio ao mundo. Fuçei em todos lugares se a Laura compartilhava o seu movimento sensual em alguma rede social adulta e não encontrei nada. Seria o assunto do ano, Laura, a personalidade do ano no mundo publicitário era também a personalidade do orgasmo na Onlyfans.

Impossível não ficar surpreendido ao ver a Laura daquela forma. Em cada movimento transpirava tanta sensualidade com toques deliciosamente amargos de avareza. Nenhum ângulo sequer, por mais estranho que fosse devido a performance exótica que fazia, não conseguia diminuir a sua beleza. Uma obra de arte que agradava os olhos de qualquer ser humano, mas por respeito a sua dignidade, não expôs e deixei que ela tivesse a liberdade de compartilhar sua arte com quem e da forma que quisesse.

O meu objetivo era apenas deixá-la fora da Lex e do mundo publicitário. E devia fazer isso com louvor. Como uma pessoa criativa, fiz um compilado com os vídeos que ela, aparentemente muito desequilibrada, xingava a autarquia, em especial o CEO da Lex, misturando com os prints das mensagens ilegais, selfies aleatórias para ficar mais insanos as coisas e para fechar com chave de ouro, coloquei um trecho de um dos vídeos que estava dançando espontaneamente, em uma casa noturna, com trajes curtíssimos e sensuais.

O resultado ficou incrível. Tão incrível que a Internet abraçou, fazendo viralizar no dia seguinte. Metade do sucesso se deu por causa do seu título de personalidade do ano.


*****


Um acidente na principal faixa que me levava de volta ao hotel parou tudo e para passar o tempo fiquei observando milimetricamente as pessoas que transitavam pelas ruas de Chicago, já que o sinal de Internet estava péssimo. Tudo seguia dentro de uma certa normalidade até avistar a Laura Steven, caminhando sem destino, arrastando com dificuldades malas duas vezes maiores do que ela. Sem hesitar, atendi ao chamado do universo. Não era uma simples coincidência encontrá-la em uma cidade tão grande, certamente havia um propósito e eu não podia ignorar. Aproveitei que tudo estava parado e sai do carro para caçoar um pouco da nova desempregada do momento.

― Como vai a nossa estrela global, a garota da dança surtada? ― disse segurando seu braço, fazendo-a parar. Laura deu um grunhido de medo e ao ver que era eu, respirou aliviada e puxou seu braço da minha mão. ― Qual é, Laura?

Descendo do SaltoWhere stories live. Discover now