Capítulo 6

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Bruno

Não sei explicar direito a confusão que a Laura fez. Porque, no mínimo, trata-se de uma mulher confusa. Ela age com polidez, se expressa com maestria, mas se escandaliza quando relaciono sua imagem junto a minha, transando.

Eu sei que ela é atraída por mim, pois percebo seu olhar intenso me observando, sua timidez quando estou perto. É até engraçado, pois não vejo uma mulher corar desde a adolescência. De repente, uma hipótese surge na minha mente, tão inesperada quanto certa. Como não pensei nisso antes? Agora tudo faz sentido. Laura só pode ser virgem. Se não for isso, como explicar a maneira tão verdadeira e ingênua que ela relatou o beijo, como se não beijasse com frequência? Ou a maneira curiosa que encarou o volume nas minhas calças, como se não achasse possível aquilo ter acontecido; ou quando se ofendeu profundamente no momento que sugeri um motel? E o último, e também o mais evidente, quando demonstrou desolação e decepção por estar comigo depois que afirmei que poderia fodê-la quando e onde eu quisesse. Constatar tudo isso só me faz sentir pior enquanto me dirijo para a instituição que Raquel me falou.

Quando ela saiu do restaurante, nitidamente abalada, só conseguia pensar que quem fala o que quer, ouve o que não quer. Afinal, foi ela quem quis levar a conversa para aquele lado. Custava me responder de forma sucinta? Não, tinha que jogar na minha cara o real interesse daquele almoço.

Eu estava puto mesmo, por perder a oportunidade de transar, achando que ela estava se fazendo de difícil. Decidindo então, a entrar no joguinho dela, mas com um ponto a menos de paciência.

Agora sei que estava enganado. 

Quando a vi chorando pelo vidro do restaurante, toda vermelha e demasiadamente triste, percebi que peguei pesado, me senti um canalha.

Quando falei que a comeria fácil, quis mostrar que ela não estava tão certa quanto achava que estava, mesmo ela estando. Quis baixar a crista dela, desestabilizando-a. Geralmente eu não sou um filho da puta com nenhuma mulher, mas não vê-la se jogando para mim, como todas as mulheres fazem, é frustrante. Principalmente porque estou com vontade dela, vontade de me enterrar nela e parar só quando meu pau não conseguir mais. Nunca desejei tanto uma mulher, como a desejo. E isso está me matando, porque na verdade, não estou irritado por não comer ninguém há cinco dias; estou irritado por ainda não ter conseguido fodê-la, especificamente.

O fato é que odeio ver alguém chorando, principalmente uma garota como Laura. Sinto-me na obrigação de me desculpar. Liguei para ela, mas não atendia ao telefone. Tão logo a comida foi servida, tratei de comer rapidamente e fui para a escola, esperando que ela estivesse lá. Mas a Raquel me informou da instituição e e não consegui resistir de ir até lá.

Não era um lugar sofisticado. Era a construção de uma grande casa velha, porém bem cuidada; com cercas altas na cor azul marinho. Assim que adentro os portões, bem no centro da entrada externa, há o que parece ter sido um chafariz, mas que agora serve de assento, pois alguns jovens estão ali conversando. As laterais são cercadas de flores, todas bem cuidadas. Há uma pequena escadaria que conduz a entrada da casa, onde também se encontram duas pilastras de cada lado das extremidades. 

Assim que entro, cumprimento a recepcionista, mas ela não parece me reconhecer. Na verdade, ninguém ali me reconheceu como o novo deputado. Assim é melhor, também não vou dizer quem sou, apesar de perceber alguns olhares de algumas adolescentes em minha direção. Mas sei que estão me olhando porque sou gostoso, alto e gato. Sorrio. É foda não passar despercebido, penso.

Tudo naquele lugar parece simples, mas bem conservado e limpo. Enquanto andava, não percebi que já estava do outro lado na casa, na parte detrás, onde há um quintal grande com algumas árvores e, ao lado, um portão pequeno que conduz a um jardim. Existem ali vários tipos de flores; tem até uma pequena estufa para espécies mais raras. Me pergunto quem financia esta instituição, pois me parece uma ideia genial.

Orgulho e Desejo (Revisando)Where stories live. Discover now