Capítulo 33

2.5K 234 55
                                    

O amor é o vínculo da perfeição - Paulo de Tarso

Bruno

Porto verde está um caos. Há repórteres por todos os lados, pessoas fazendo passeata contra as corrupções de Inácio, já que estão revoltadas com a dissolução de um dos casos, pois ele conseguiu provar a inocência de uma das vinte e três acusações de corrupção. Fotógrafos e jornalistas se jogam quase na frente do carro para conseguir a primeira foto do "secretário de Esporte" depois do sequestro.

Contando com os problemas pessoais e familiares que me cercam, tenho, ainda, que acompanhar todo o caso do Inácio juntamente de Felipe, já que somos os precursores daquela "revolução", para que ele não consiga desvincular mais alguma falcatrua de sua imagem às muitas acusações.

Meu pai continua mantendo Olívia por perto, fazendo-a acreditar que nada sabe sobre sua parceria com Inácio. Imaginem como me senti quando descobri que Fernando sempre teve certeza das especulações que eu tanto indagava, e mesmo assim, me mantinha na ignorância achando que eu meteria meus "pés pelas mãos". Ou ele me acha imaturo, ou me acha um inútil; não defini isso ainda.

Enquanto estamos no carro, parados num engarrafamento que uma imensidão de repórteres faz na frente da minha casa, avisto, de longe, uma mulher escondida entre duas árvores, com óculos de sol e um lenço cobrindo-lhe o cabelo.

Intrigo-me com aquela mulher, então, aproximo mais o rosto no vidro do carro, mas um repórter surge na frente impedindo-me de tentar analisá-la.

Resolvo não me importar tanto com isso, principalmente agora que estou aguardando os policiais e seguranças afastarem a massa de pessoas que impedem minha entrada em casa.

A viagem toda foi muito silenciosa. Paula dormiu quase o tempo todo enquanto Laura sustentou uma postura ereta e séria. Evitei olhá-la muito, principalmente porque não queria ceder às minhas vontades de abraçá-la, de colocá-la entre meus braços e jamais tirar. Fiquei boa parte do percurso relembrando nossa noite maravilhosa e em como também fui extremamente negligente em não ter usado proteção. Cogitei comprar a pílula do dia seguinte, mas não sei se adiantaria, porque transamos sem camisinha há mais de uma semana no porão. Será possível a Laura já estar grávida? Antes que ela vá para a Irlanda, vou pedir para fazer um exame. Não sei por que, mas um fio de esperança me enche de alegria, porque se ela estiver mesmo grávida, eu não a deixarei ir em hipótese nenhuma, e terei uma justificativa plausível para mantê-la do meu lado. A não ser, claro, que ela queira abortar. E ela teria todo o direito, já que o corpo é dela.

O que eu tô falando, meu Deus? Estou tão esperançoso de que ela esteja grávida, que já falo como se não houvesse outra possibilidade.

Assim que estacionamos, Laura sai na frente e anda apressada até a casa. Paula e eu seguimos para a grande sala de estar, onde encontramos Rubens, Olívia, meu pai, e ao seu lado, com uma postura ereta e séria, está o Lucas, o tal espião mais antigo do meu pai. No outro canto da sala está um casal, cuja aparência do homem é idêntica a da Laura, e estão acompanhados de Felipe e mais uma criança e uma mulher; acho que se trata de sua irmã e sobrinho.

Laura corre em direção aos pais assim que os vê, e os três começam a chorar de emoção.

Virginia desce do colo do Rubens e corre para o meu, me enchendo de beijos e me agarrando forte.

— Eu tava com saudadi, irmãozão!

Seus soluços ininterruptos e o choro sofrido com a saudade que sentia de mim quase me fazem sucumbir às lágrimas também. Quando você retorna para os braços da sua família, percebe ou toma ciência da gravidade que lhe aconteceu; é quando você passa a sentir tudo intensamente. É louco demais.

Orgulho e Desejo (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora