Capítulo 40

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"(...) Porque tudo que o homem semear, isso também ceifará." - Paulo de Tarço


Bruno

Após quatro meses fora para colocar a cabeça no lugar e resolver minha vida de uma vez por todas, ver o rosto de Laura na minha frente é um doce presente. Como eu senti falta dela, de seu cheiro, sua pele... De sua presença tranquilizadora. 

Seus cabelos agora modificados pelo corte pouco abaixo de seus ombros e o rosto levemente redondo conferem-lhe uma aparência mais jovial, mais menina, mais linda.

Contenho o impulso de abraçá-la, já que não sei como seria sua reação, principalmente depois de ter terminado tudo com ela.

— Oi — direciono-me exclusivamente para ela, meio que para testar sua reação.

Ela estende sua mão para me cumprimentar, com toda educação e formalismo:

— Seja bem-vindo de volta.

O que eu esperava? Que ela se jogasse nos meus braços? Apesar dessa polidez ter me frustrado um pouco, sei que Laura não poderia agir de outra forma, afinal, eu fiz uma escolha e essa era a consequência: sua quase indiferença.

— Melhor entrarem logo — pede Lucas.

Saio daquele meu estado hipnótico e encaminho-me a entrada. Paula vem atrás de mim, enchendo-me de perguntas, então ignoro-as por uns instantes. Olho para trás para me certificar se Laura ainda permanece conosco, então continuo o percurso assim que a vejo perto de nós.

Ótimo, assim é melhor. Enquanto ela estiver aqui, posso inclui-la na reunião para lhe explicar o motivo do término repentino de nosso relacionamento. Agora, mais do que nunca, estou em paz para me doar para ela e para nossa vida juntos, se assim ela quiser, claro.

Ir para a Capital foi o ponto chave que me atestou a segurança contra as possíveis investidas de Inácio. A princípio, não fui somente com este propósito. O que realmente me atraiu até lá foi a ligação de Willian, o detetive particular, que me ligara minutos antes do resultado de paternidade sair.

William sintetizou sua descoberta por telefone, e que pode ser resumido em uma única palavra: ser humano.

Não adjetivaria Olívia com algo específico porque entendo que, para ser um humano, basta deixar seus sentimentos, ruins ou bons, regerem sua vida. Este é o caso de Olívia. Sua obsessão por mim vai além do considerável normal, muito mais doentio.

Assim que peguei o teste e conferi o nome do médico responsável, Augusto Motta, foi quando parti para a Capital com o propósito de investigar a vida de Olívia. Tudo o que descobri terminou em um prazo que pareceu longo demais: dois meses. Mas quando já iria voltar, Felipe me mandou uma mensagem pedindo para eu sair da minha "deprê" porque tínhamos que ir à audiência, mas acabou relatando o desespero de não querer se afastar de Daiane e estar ausente em seus avanços. Acabei me compadecendo, afinal, o cara já tinha feito bastante e não seria eu o autor por tirá-lo de perto de sua garota; por isso contei-lhe que estava na Capital e que podia representá-lo durante o processo, principalmente quando Afonso Mical o requisitasse.

Todos achavam que eu tinha fugido da minha "realidade dura" por estar deprimido. Bem, eu até que sustentei essa especulação pedindo a todos que me deixassem "em paz" ou com uma resposta do tipo: "preciso ficar sozinho". No fundo, acho que eu queria mesmo isso: resolver minha vida sem ninguém por perto. O objetivo de ninguém ter sabido onde e o que estava fazendo, consistiu em não ultrapassar os limites de Fernando. Desde que o vi abalado e cabisbaixo sentado em seu gabinete, me senti responsável por amenizar aquele estresse. Ou seja, Fernando é cauteloso demais e não permitiria que eu fizesse a viagem justamente por saber que Inácio se encontrava na mesma cidade. Bem, ao contrário dele, eu não ligo muito para essa porra de cautela, a menos que eu realmente esteja em risco.

Orgulho e Desejo (Revisando)Where stories live. Discover now